Perdurou-se durante duas décadas o regime militar
Não havia sorriso para os que desacreditavam
Não havia opção para discordar
A mordaça resultava em uma metástase sistemática
As flores secavam, as esperanças murchavam
As marchinhas de Carnaval se calavam
Frente ao regime que politicamente censurava
Coloque a mão na boca, tudo agora é maravilhoso
Estamos seguros neste momento, todos amordaçados
Pobre do povo, que não conhecia o rudimentar
Em um país arcaico achava tudo espetacular
A televisão não noticiava, o rádio fugia a sintonia
Por conta da maior rodovia do país, o povo se iludia
A verdade sufocada não é contada por Ustra
Sim por Médici, seu falso milagre era na verdade uma ruína
Pobre do povo sufocado, repleto de lástimas
As lágrimas eram ocultadas pelo destino
E pela infelicidade proveniente da censura
Pensar era crime logo a maldade sucumbia
Incertos de desejo se cegaram com o próprio veneno
A maldição da ditadura foi embora
Mas a verdade permanece escura
Sacrificada pela mentira
Eternizada pela história.
A ditadura hoje é mais um capítulo
Da nossa história fracassada
A violência hoje é enraizada
Proveniente de uma população desacreditada.
