Em Riviera

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"Last Christmas I gave you my heart
But the very next day
You gave it away
This year, to save me from tears
I'll give it to someone special"

Last Christmas - Glee Cast


LEONARDO



24 de dezembro de 2017

De onde estou sentado posso ver tudo o que me ajuda a lembrar de que dia é hoje. Vejo a enorme árvore de Natal, com a estrela colocada em seu topo quase indo de encontro com o teto da minha casa; as luzes que serão ligadas assim que o sol começar a se por; e a playlist, que está tocando All I Want For Christmas Is You pela décima vez, mas agora na versão da Mariah Carey.

Tudo isso deveria me empolgar, mas continuo sem qualquer humor.

O Natal é a minha época favorita do ano desde que me entendo por gente. É a única data que aguardo ansiosamente e para qual faço uma espécie de contagem regressiva - o que não acontece no meu aniversário, por exemplo. Mas esse ano, a minha empolgação está quase tão negativa quando a temperatura da terra de onde vem o Papai Noel.

Quando o último mês do ano começou, quem me encontrasse na rua se deparava com um Leonardo muito diferente desse que está largado no sofá da sala de estar. A versão anterior possuía uma obsessão com as comemorações natalinas, uma playlist com músicas temáticas que era reproduzida sempre que surgia uma oportunidade e muitos planos para a noite do dia 24 de dezembro, bem como para o dia seguinte.

No início de dezembro não havia motivo para desânimo. Tudo estava em ordem em diversas áreas da minha vida. Tão bem ao ponto de me fazer desejar que esses últimos dias passassem rápido para pular logo para o ano seguinte, em que muita coisa boa está para acontecer. O Leonardo que arrancou a folhinha de novembro do seu calendário seguia com uma família maravilhosa e realizada, tinha ao seu lado um mulherão e conseguiu se libertar de um curso que não era o que tinha pensado. Tudo perfeito, não?

Mas a Lei de Murphy já dizia: "Se alguma coisa pode dar errado, dará. E mais, dará errado da pior maneira, no pior momento e de modo que cause o maior dano possível".

Não queria assumir isso, mas essa lei é verdadeira e deve ter mais eficácia que muitas que estão naquele livro grosso que os advogados vivem carregando. Se antes acreditava que nada de ruim poderia acontecer nos últimos dias de 2017, Sara, a garota que chamei de namorada nos últimos três anos, me mostrou que é possível sim.

Conheci Sara quando ainda estávamos no colégio. Ela entrou para a minha turma no segundo ano do ensino médio e não demorou muito para que chamasse a minha atenção. E digo isso não só porque ela é linda, com seus olhos claros e seu cabelo cor de mel, mas por quem ela é. Nós dois somos diferentes, mas ao mesmo tempo muito parecidos. Mesmo sendo de humanas e ela de exatas, quando parávamos para analisar as nossas visões de mundo, de alguma maneira, elas sempre se coincidiam.

Este ano, próximo ao meu aniversário, em agosto, nós completamos três anos de namoro. Chegar até aqui não foi fácil, nós tivemos que enfrentar algumas coisas para estarmos juntos e nos adaptarmos em relação a outras. Mas posso dizer que todas as dificuldades, assim como os bons momentos, só serviram para nos unir ainda mais, fortalecer o nosso relacionamento e me fazer ter a certeza de que é ela.

Na segunda semana de dezembro, ela estava uma pilha de nervos. O motivo? Resultado do vestibular. Um dos seus maiores sonhos é ser uma engenheira, mas ao contrário de boa parte da nossa turma, ela não foi aprovada na Universidade de Riviera no nosso último ano no colégio. E, infelizmente, isto se repetiu esse ano. Mas havia uma esperança, a faculdade da cidade vizinha, cujo resultado sairia naquela semana.

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