Killer king

O castelo

"Bom dia, Vossa Majestade" disse Rute.

Abri meus olhos e vi o teto do meu quarto. Meu quarto novo era simplesmente maravilhoso. Ia completar sete meses que eu estava naquele quarto, mas mesmo assim, sua beleza era fenomenal. Abri um grande sorriso.

"Rute!" disse me sentando na cama "que horas são?"

"São exatamente 7:26, majestade" respondeu ela abrindo as cortinas. Rute era bem precisa, por isso era minha dama de companhia preferida. E eu tinha cinco delas.

"Agenda?"

"Tem uma reunião marcada as 9h com..."

"Errado. Desmarque tudo, hoje eu vou tirar o dia para fazer compras" eu disse levantando e indo para o banheiro.

"Mas majestade, pensei que seu dia de folga fosse ontem."

"E foi, está sendo hoje e será amanhã. Estou de férias"

"Sinto muito, mas reis e rainhas não têm férias" ela disse com um sorriso tímido.

"E é por isso que eu estou saindo do castelo, lá fora eu não sou a rainha" eu disse.

Naquele momento Rute abriu a porta e umas boas dúzias de pessoas entraram no meu quarto. Algumas começaram a arrumar minha cama, outras traziam o meu café da manhã, algumas trouxeram uma porção de roupas e uma estava simplesmente segurando meu cigarro. Antonieta, uma das minhas damas de companhia, estava absolutamente linda em seu longo vestido azul claro. Eu simplesmente odeio o fato de termos que usar roupas clássicas no castelo. Pleno século XXI e eles insistem em manter a tradição. Fora do castelo é tudo bem normal, as pessoas usam roupas normais e vivem uma vida normal como se nem existisse um castelo. Porém, não somos tão diferentes assim. O conselho nos deixa ter telefones, sem perfis em redes sociais, e temos carros também, inúmeras limusines e outros carros dos quais eu não ligo. Antonieta entrou no banheiro, onde eu estava em pé apenas observando a situação, pegou a escova de dentes, colocou o creme dental e me entregou. Comecei a escovar os dentes quando Catarina, outra dama, chegou na porta do banheiro e perguntou: "Qual cor de vestido será hoje, majestade?"

"A rainha vai sair do castelo hoje" disse Rute.

"Mas de novo?" cochichou rindo alguma empregada alto o suficiente para chegar nos meus ouvidos.

Cuspi todo creme dental e olhei furiosamente para Antonieta.

"Quem disse isso?" perguntei gritando.

Todos pararam o que estavam fazendo e ficaram como estátuas. Antonieta apontou lentamente para a desgraçada. Fui em sua direção pisando duro. Olhei bem para os olhos dela que exalavam medo.

"Cortem a cabeça" disse suficientemente alto, então uma quantidade considerável de guardas entrou no meu quarto e levou a menina já em prantos "Alguém gostaria de completar o comentário dela? Não? Ninguém? Foi o que eu pensei. Tragam o meu cigarro" eu disse e o moço que estava no canto da sala se aproximou tremendo e me entregou o maço.

"Vou buscar calça jeans" disse Catarina, fez uma mesura exagerada e saiu apressada.

Todos voltaram a fazer o que estavam fazendo de início como se nada tivesse acontecido. Depois de um tempo Catarina chegou com as calças e eu terminei de me arrumar. Peguei uma amora na bandeja sobre a minha mesa e fui saindo do quarto.

"Hum... majestade?" disse Catarina "não está se esquecendo de nada?"

Meu perfume.

Voltei correndo e escolhi um perfume aleatório, qualquer um servia. Afinal, todos eram naturais de Paris.