Meu coração é seu

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Séculos antes


Caminhou por entre as árvores altas ouvindo sua música imaginária, os acordes doces das cordas soavam em sua mente enquanto a voz que mais amava no mundo cantarolava suave acompanhando a harmonia perfeita e bela. Em seus pensamentos.

Ele o amava, amava sua voz, seus pés suaves que dançavam pela casa quando achava que ninguém estava vendo, seu riso cristalino quando algo era demasiado divertido para que se contivesse por trás de seu sorriso delicado que formava um adorável retângulo. Amava a forma educada com que tratava os outros, tanto aqueles que conviviam consigo, quanto estranhos que as vezes batia em sua porta. Seus gestos cuidadosos quando alguém se machucava ou se feria, sua forma empática com que lidava com a dor alheia, com a vida nem sempre fácil de seu entorno, com o mundo e a natureza.

Amava sua natureza boa mesmo diante das adversidades e dos dias nem sempre felizes, seus conselhos sábios mesmo sendo uma criatura tão jovem, a forma como o abraçava quando sentia que precisava ou o jeito com que lançava olhares alegres para motivá-lo a sair e cumprir seus deveres.

Era apaixonado pela sua forma de ver a vida, de cantar apenas porque se sentia feliz, sem pretensões, sem exigências, apenas ali, na pequena cabana que transformara em lar. Aquele pequeno lobo era seu mundo, para onde tudo que ele era, convergia e para onde retornava por mais distante que fosse. Seus pés sempre o levariam para aquele pequeno ser que segurava todo seu universo, para aquelas mãos delicadas que possuía tudo que era mais puro da sua alma. Sua vida, seu coração.

Ele o amava e agora finalmente poderia mostrar aquilo para o mundo, para o mundo deles, para sua grande matilha.

Seu ômega agora seria oficialmente seu.

Sorriu ao alcançar a clareira e ver Baekhyun ali, sentado à beira do altar baixo e antigo, vestido com as vestes translúcidas e cerimoniais do ritual para o qual iriam e se uniriam diante dos deuses e dos antigos. Seu ômega, seu amor, sua vida.

Ele lhe sorriu e Chanyeol, soube que tudo o mais eram meros detalhes, estavam juntos e iriam se tornar oficialmente uma família, para sempre.

Iriam ser um com o todo, iriam ficar juntos e iriam se amar até o fim de suas vidas. Ele era seu e ele era dele. Seu Baek... Seu amado ômega...

Ele foi para junto dele e o abraçou com cuidado para não tirar as marcas do ritual de sua pele decorada com esmero.

— Como se sente, meu ômega?

— Muito feliz, meu alfa. Muito feliz...

E Chanyeol lhe deu um beijo suave na ponta do nariz antes de se afastar.

— Quando o inverno chegar, você poderá até mesmo carregar um filho meu, já imaginou?

— Todos os dias do último ano Chanyeol eu sonho com isso, com nossa família... E que quando a primavera chegar de novo, teremos um filhote em nossos braços, metade seu, metade meu na perfeição de uma nova vida...

— Eu te amo, Baekhyun...

— Também te amo, Chanyeol...

Foi sua vez de ser abraçado.

— Não! Nunca!

O grito revoltado congelou sua alma. Era ele...

Chan se voltou colocando Baek atrás de si e encarando o alfa da matilha inimiga. Ele tinha uma flecha mirando em seu peito.

— Luhan... Não faça isso.

Pediu sério, aquilo não era certo nem justo...

— O ômega é meu, alfa – E ele estreitou os olhos furioso – Se eu não posso tê-lo, você também não terá!

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