Capítulo Único

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Capítulo Único - Flocos De Neve. 

- Mamãe, vem montar a árvore de natal conosco? - Phoebe pediu assim que viu sua mãe, Anastasia, passar pela sala de estar da bela casa onde viviam na cinzenta Nova York.
Anastasia Steele era uma das maiores empresárias da cidade que aos trinta e cinco anos, liderava uma grande rede de fast foods. Mas mesmo com todo o sucesso profissional era infeliz na vida pessoal por conta de ter ficado viúva de seu marido, Paul, há três anos justamente na véspera do natal. Desde então, a jovem jamais voltara a comemorar aquela data com alegria. 
- Estou de saída para o trabalho, não tenho tempo para essas besteiras, Phoebe. - A morena negou pondo sua bolsa preta sob o ombro e ajeitando seus longos cabelos castanhos. 
- Vai trabalhar em plena véspera de natal, filha? - Raymond perguntou enquanto pegava um enfeite para pendurar na árvore. 
- Sim, como sempre. - Ana confirmou dando de ombros. 
- Não era assim sempre. Antes a senhora nos ajudava a montar a árvore todos os anos, quando o papai era vivo. - Phoebe, que tinha oito anos lembrou, baixando a cabeça. 
- Pois é... - Ana desviou o olhar para a televisão que estava ligada e ao se interessar pela notícia relacionada ao tempo, aumentou o volume do aparelho com o controle remoto. 

"- Atenção cidadãos de Nova York, segundo nossos meteorologistas ainda hoje uma forte nevasca atingirá nossa cidade. As autoridades pedem que a população se mantenha em casa durante a noite de natal. A qualquer momento poderemos interromper nossa programação a fim de passarmos mais informações a vocês, telespectadores. A todos, um bom dia de neve!" - Foi o que a jornalista, Mia Foster, disse no noticiário. 

- Tem certeza que vai mesmo trabalhar? - Raymond indagou preocupado.  
- Absoluta, o senhor sabe que não tenho medo dessas coisas. Como meu carro está no conserto, pegarei um táxi. Tenham um bom dia, queridos. - A morena se despediu acenando para eles, abrindo a porta e saindo de casa. 
Assim que saiu, Ana fez uma careta pois estava realmente muito frio, o que piorou ainda mais por conta de uma pequena ventania.  
As ruas de Nova York estavam repletas de neve, mas a morena gostava daquilo pois seu coração andava tão frio quanto os flocos de neve que caíam de vez em quando em seus cabelos. 
Anastasia estava prestes a atravessar a rua quando notou que algumas pessoas estavam ouvindo um rapaz tocar violão na calçada e cantar. Sempre que passava de carro, a morena via aquela pequena aglomeração no mesmo local, quase todos os dias. Curiosa, aproximou-se rapidamente daquelas pessoas e no meio da roda deparou-se com um moreno de expressivos olhos cinzas, pele branca com alguns sinais do tempo, barba longa e chapéu que cobria boa parte de seus cabelos acobreados, além de roupas levemente rasgadas, o que a fez deduzir rapidamente que ele era um mendigo. Ao seu lado estava um cachorro, a quem depois de afagar os pelos, ele o chamou de Peter.  
Após terminar de cantar uma bela canção de Bob Dylan, o rapaz tirou o chapéu de sua cabeça e o depositou no chão. A pequena platéia passou a depositar algumas moedas dentro daquele chapéu, mas Anastasia não depositou a sua. Apenas deu as costas para o homem e se afastou de todos, indo para o ponto de táxi. 
~*~

[...]
- Você devia ter ficado em casa, Phoebe. - Raymond resmungou enquanto dirigia pelas ruas de Nova York com a neta, voltando do mercado onde tinham comprado alguns alimentos para a ceia de natal. 
- Se eu não tivesse ido com o senhor, aposto que não teria comprado meu panetone de chocolate. - A garotinha justificou olhando a paisagem pelo vidro da janela do carro, quando ambos passaram pelo morador de rua que mais uma vez, estava cantando por ali. - Para o carro, vovô! - A menina pediu prontamente. 
- Hum... Um momento, querida. - Ray estacionou o carro, vendo a netinha pular rapidamente dele. 
- Aquele moço está cantando de novo, acho a voz dele tão linda vovô. - Comentou sorrindo e parando de frente para o rapaz que depois de sorrir para ela, voltou a cantarolar. - E esse cachorrinho é tão fofinho. Queria ter um desses também, pena que a mamãe não deixa eu ter bichos de estimação! 
- É fofo mesmo. - Raymond concordou  puxando a neta para perto dele. 
Como sempre fazia depois de tocar, o músico pôs seu chapéu no chão e rapidamente, Ray jogou alguns dólares lá dentro. 
- Muito obrigado, senhor. - O homem agradeceu - Agradeça á ele, Peter! - Mandou e seu cachorro o obedeceu, indo até Ray e Phoebe e dando a patinha para eles. 
- Mas que lindo! - Ebe exclamou com os olhos brilhando, pois estava encantada com o animalzinho.  
- Rapaz, você sabe que daqui algumas horas haverá uma nevasca por aqui? Deveria se abrigar em algum lugar. - Raymond o alertou. 
- Obrigado senhor, mas não tenho para onde ir. - O mendigo respondeu dando de ombros - Mas Peter e eu vamos nos virar, não é garotão? - Passou a mão na cabeça do cachorrinho que latiu concordando com ele. - Tenham um ótimo dia e que papai do céu os abençõe. - Agradeceu educado, acenando para os dois que voltaram para o carro e depois de dois minutinhos, já estavam dentro de casa. 
[...]
Horas depois...

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