VIDA QUE SEGUE

CHARPER V

-Como assim o que faço aqui? Vim buscar o Gui.

Guilherme fala calmamente colocando as mãos no bolso da calça.

-Estou perguntando o que você faz na ala feminina!

Olho desconfiada pra ele, acho que estava me seguindo, como não me atentei a isso?

-Me perdi!

Guilherme fala como se realmente fosse verdade, mas acho que ele esqueceu-se de com quem ele está falando.

-Guilherme você sabe muito bem que o banheiro masculino é do outro lado do restaurante, vínhamos muito aqui pra você dizer que se perdeu, conta outra!

Falo indignada com sua cara de pau e tento passar por ele, mas sou impedida pelos seus braços que me prensam na parede com um pouco de força.

Tomo um susto na hora e fixo meu olhar nele, percebo que Guilherme está mais magro e com a barba por fazer.

Lembro que durante nosso casamento ele sempre se mantia bem arrumado e vigoroso, treinava musculação, não chegava a ser um metrossexual, mas se cuidava bastante.

-Você não sabe o inferno que eu estou passando sem você Fernanda!

Guilherme fala com uma voz rouca e vejo em seus olhos mágoa, tristeza, raiva e no fundo um desespero.

Gui sempre em nossos encontros falava que seu pai estava mal, não comia e não dormia direito e que até faltava ao emprego de CEO nas empresas Gallaço.

Ele deixava escapar que o pai estava até bebendo mais que o normal e olha que em todos esses anos de casamento se eu vi Guilherme beber foi só em ocasiões de eventos sociais e muito pouco por sinal, ele sempre gostava de se manter sóbrio, acreditava que ele gostava de manter a postura social firme, mas ele não passava da conta pelo fato de que queria sempre me viajar.

Acredito que deve estar sendo difícil pra ele. Guilherme sempre "controlou" meus passos, sem eu saber é claro, mas acredito que pra ele estar sem seu objeto de desejo deve estar sendo difícil.

Apesar de não chegar a realmente amar Guilherme, percebia que ele me amava do jeito dele, possessivo,ciumento, mas me amava ou pelo menos ou acreditava no seu amor.

Acontece que quando decido uma coisa, raramente volto minha decisão!( a não ser a questão de uma certa cláusula de contrato de um certo cantor), minha mente me relembra, quase bufo de frustração por esse episódio, mas foco meu olhar em Guilherme e fico possessa de raiva por ele querer colocar alguma culpa em mim por conta do seu "estado".

Somos adultos e não vou cair na sua conversinha de garoto que perdeu a bola.

-Guilherme me solta!

Falo rangendo os dentes.

-Não solto até você me ouvir!

-Se você ainda não percebeu, eu estou te ouvindo desde o começo dessa "conversa"

Falo cheia de sarcasmo

-Volta pra mim! Eu não estou sabendo lidar com isso, com essa distância entre você e eu e nosso filho.

Posso até nesse momento ser insensível, mas não vou me deixar cair nas suas palavras.

-Guilherme, não vamos voltar nisso! Estamos separados há mais tempo do que o nosso divórcio, nossa relação já não funcionava como antes, pra que viver em um casamento sem amor?  e vou te falar pela última vez, não coloca o Gui no meio disso!

Mesmo sendo ainda mantida em seus braços contra minha vontade, falo calmamente pra não criar mais brigas entre nós.

Preciso manter a calma, acredito que eu serei a responsável por essa conversa terminar bem.

-Não! Você sabe que eu não vou aceitar o fim do nosso casamento e.....

-E nada Guilherme! Me solta ou eu não respondo por mim!

Tentei me controlar, mas meu sangue ferve quando Guilherme tenta reatar um casamento fadado ao fracasso.

-Porque? Porque você pediu o divórcio?
Eu preciso saber se você me amou!

Olho no fundo dos seus olhos e falo:

CONTINUA .......