Hoje começou sendo um dia como qualquer outro. Sentei me debaixo do pé de acerola e estava mexendo na câmera do celular qdo pensei ter visto duas frutinhas mínimas debaixo de uma folha... Dei zoom na câmera e um pensamento sem lógica me ocorreu.
___ Não parecem frutinhas, parecem duas bolsinhas muito pequenas...
Tirei algumas fotos e comecei a procurar outras estranhas "frutinhas" na árvore... Não havia mais nenhuma. Depois de um tempo observando aquela singularidade, minha atenção se desviou e só fui pensar no assunto algumas horas depois, quando um movimento contínuo balançou os galhos da árvore e não havia vento para ser a causa.
Fui me aproximando do galho e tudo o que vi a princípio, foi uma grande teia de aranha alcançando três dos mais altos galhos da árvore.
Quando me coloquei exatamente debaixo da grande teia, vi uma aranha brigando com um tipo de formiga de azas. Eu nunca tinha visto uma formiga verde, ainda mais quando sua cor era tão parecida com a cor das folhas da árvore. Pensei comigo que a visão da aranha devia ser ótima para perceber que não se tratava de uma folha e sim de um pequeno animalzinho que logo logo seria seu jantar.
Querendo ver mais de perto a luta travada ali e sabendo que os meus olhos não poderiam ver os pormenores com eficiência, posicionei uma cadeira bem embaixo e subi com a câmera em modo zoom.
Qual não foi a minha surpresa com o que vi! Não era possível!
Meus olhos não viam tão claramente quanto a câmera e com ela em mãos, não posso dizer que foi algo que imaginei.
A formiga com asas tinha uma pequena lança nas mãos e lutava bravamente contra uma aranha gigante!! Quase caí da cadeira!! Tive que manter em mente que a aranha só me parecia tão grande por causa do zoom. E que a formiga não se parecia realmente com uma...
Prova um: formigas não são verdes;
Prova dois: formigas não são animais bípedes;
Prova três: formigas não fazem malabarismos enquanto lutam com uma aranha muito maior do que elas!
Aquele estranho animal se parecia com uma pequena pessoa e aparentemente fazia um estranho zumbido de abelha ao abrir a pequena boca.
A aranha atacava e retrocedia o tempo todo! Aquilo parecia ter durado horas de uma feroz batalha, mas só haviam se passado dois minutos quando percebi que a aranha estava ganhando e que a pequena pessoinha estava se tornando um casulo. Enquanto eu considerava como ajudar a pequenina, sem machuca-la, um fio da teia se moveu com velocidade. Como se alguém correndo sobre ele o estivesse balançando.
Não fui rápida o suficiente com a câmera para enxergar o que estava vindo, só pude ver outra pessoinha já pulando sobre a aranha com sua lança e zumbindo alto.
Mas, a dona Aranha já estava prevenida. Ela pulou para o lado e lançou a teia sobre a pequenina. Com metade do corpo preso, se tornou impossível continuar a luta.
Não suportei ver a aranha caminhando devagar na direção de ambas, com uma presunção absoluta de que já havia ganho.
Arrebentei a teia com os dedos e matei a aranha antes que ela chega se ao chão. Peguei um pequeno pedaço de graveto e me aproximei novamente das pessoinhas.
O desespero das duas era absoluto. Mesmo assim mantive o meu curso de ação e comecei a arrebentar as teias a sua volta até que as duas estavam livres. Mais do que rápido elas escalaram uma das teias cortadas, subindo em uma folha e ficaram me olhando muito paradas com seus grandes olhos dourados. Pela câmera eu podia ver até suas expressões faciais, pareciam em choque. E se não fosse pelos fatos de serem tão pequenas, tão verdes, terem asas parecidas com azas de gafanhoto e terem um nariz que parecia uma pequena bola no rosto, eu poderia dizer que eram mini
pessoas de verdade.
Foi olhando para seus rostinhos tão singulares que me lembrei das duas frutinhas, ou bolsinhas que estavam escondidas atrás das folhas.
Muito devagar, mas, com movimentos contínuos e firmes peguei as mini bolsas com a ajuda do graveto e as coloquei na folha em frente as criaturinhas, elas as agarram e com um leve zumbido alçaram vôo.
Eram muito rápidas pra que eu direciona-se a câmera em sua direção e acreditei tê-las perdido...
Ouvi um leve farfalhar de azas e um zumbido de abelha que logo parecia ter se transformado em palavras ditas muito claramente bem baixinho.
___Agradecemos à ajuda. Não vamos esquecer. Palavra de fada polinizadora.
Me dei conta de que quem estava falando provavelmente eram as pessoinhas e cai da cadeira de bumbum no chão.
Ainda observei as duas voando como dois pequenos pernilongos para o meio das folhas, enquanto o som de um zumbido muito parecido com risadas ecoava.
Me levantei ainda um pouco atordoada por tamanha aventura e ao pegar o celular religuei a tela que estava apagada. Fui direto procurar o que havia filmado e me dei conta de que todo o tempo, não havia ligado o botão de gravar. Aquelas imagens agora estavam gravadas apenas em minha memória e só eu poderia ter as lembranças do ocorrido.
Mas de agora em diante vou ficar de olho no pé de acerola. Não vou deixar nenhuma aranha fazer sua teia nele. Porque as formigas verdes como eu havia acreditado serem no início ou pequenos pernilongos como ficaram na minha última visão, são uma espécie única. São fadas polinizadoras e devem ser protegidas.
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As Fadas Estão Aqui
Short StorySe você encontrar detalhes incomuns... Preste bastante atenção, seres muito pequenos podem estar por perto...