As Fadas Estão Aqui

Um lampejo na chuva

        Final de tarde... Sentada na varanda com uma xícara de chá na mão. Observo com certa reverência o tempo mudar. Em questão de minutos  o calor abrasivo é substituído por uma agradável lufada de vento. As rajadas vão se tornando mais fortes e os pingos grossos de chuva começam a tornar o ar gélido.
         Fico entretida nas pequenas gotas de luz que caem, iluminadas pelo poste. A chuva parece feita de fogos de artifício dourados.
           Uma pequena faísca parece sair da lâmpada. A minha mente vem a imagem de um cometa cruzando o céu... Levada por meus devaneios persigo o cometa imaginário procurando com os olhos a pequena cratera no chão.
            Ao invés de um buraco, vejo um brilho intenso embaixo de algumas folhas, bem próximo ao muro.
             Dou alguns passos pra perto com a curiosidade me levando pra debaixo das gotas geladas e constantes de chuva. No chão já há quase um pequeno rio se formando.
               Removo a primeira folha e o brilho se afasta, o que se repete até sobrar apenas uma, que se balança quase como se estivesse tremendo.
                Por via das dúvidas, ainda com a mente em um cometa... Seguro o objeto brilhante com a última folha e volto para debaixo da varanda, já depositando o item estranho sobre a pequena mesa de chá.
                 Um besouro dourado que parece feito de glitter rapidamente se esconde dos meus olhos, logo atrás da minha xícara.  É um animalzinho rápido e tímido, deve estar com frio e impossibilitado de voar para um local seguro por causa da chuva. Por isso pego meu pequeno vaso de magnólias e o coloco na mesa, esperando que o besouro ache a flor um bom esconderijo por hora.
            Com a colher de chá tento levá-lo para dentro do vaso. Mas o pequeno inseto insiste em se afastar.