Estrelas e Kim Wonpil [Dopil]

único

O céu estrelado cativava Yoon Dowoon mais uma vez. Era como se todas aquelas estrelas estivessem ali por ele, para o consolar.

A brisa gelada extravasava suavemente os cabelos negros do garoto sem hesitar, deixando-o mais maravilhado enquanto desfrutava do momento apenas para si. Inúmeros agasalhos contornavam seu corpo magro e não deixavam de negar a temperatura baixíssima daquela noite.

Suas maçãs do rosto estavam um tanto avermelhadas, assim como seu nariz. Seus lábios entreabertos e pouco ressecados deixavam vapor condensado escapar devido a sua respiração serena. Suas mãos por sua vez, sustentavam o rosto de um garoto sonhador e apaixonado; suas orbes negras brilhavam intensamente, quase que da mesma forma que as estrelas brilhavam naquela noite fria e um tanto solitária.

Apesar de ser véspera de natal, ele não tinha o mesmo ânimo que Yoon Dowoon de tempos atrás. Ao longo dos anos, seus sentimentos foram pisoteados e seu complexo de inferioridade apenas cresceu, transformando-o em uma pessoa sentimental e vítima de seus próprios pensamentos. De fato, ele acreditava que não tinha nenhuma importância e que ele era muito mais complicado do que parecia, fazendo-o sentir pena até por sua família. Pobre Dowoon! Ele só queria se sentir amado de verdade.

O garoto suspirou profundamente.

Seus devaneios genéricos foram interrompidos por sua tia, que o chamava para a ceia de natal. Faltavam apenas poucos minutos para o sino da meia-noite soar, mas Yoon Dowoon não se importava. Ele estava ocupado demais em sua bolha imaginária, se preocupando em como as estrelas estavam belas e em como ele torcia para que o mesmo passasse a olhar ao seu redor de maneira mais generosa.

Ele não entendia o que se passava, mas gostaria de pensar de maneira diferente e menos dura, mas era quase impossível. Para ele, a felicidade se assemelha à fumaça, que se dissipa constantemente até não ser mais notada pela atmosfera. No caso, ele era a atmosfera; e ele sentia que seus momentos felizes fugiam de sua memória aos poucos, até serem completamente levadas por furacões incontroláveis.

Uma lágrima teimosa resolveu explorar sua pele, porém Yoon bloqueou seu caminho de forma indiferente. Ele não podia se deixar ao luxo de chorar. Não ali, não agora.

Ele resolveu se levantar. Por mais que ele quisesse ficar ali, contemplando aquela imensidão de estrelas, ele decidiu obedecer sua tia para evitar comentários desnecessários mais tarde. Ao chegar na sala, o garoto pôde observar que seus familiares já se abraçavam e esbanjavam sorrisos. Dowoon por sua vez, colocou suas mãos em seus bolsos, sorrindo minimamente.

Aquele momento se parecia com todos os natais anteriores. Ver que sua família sempre se emocionando pelos mesmos motivos parecia ser pacato, inclusive, há alguns anos ele achava isso, porém, nesse natal - em específico - ele gostaria de se desmanchar em lágrimas também. Ele se sentia cansado depois de tantos turbilhões que passara, mas aquela não era a hora mais adequada de mostrar seu lado sensibilizado.

Ele atravessou a sala sob passos tímidos e hesitantes, cumprimentando todos seus parentes da maneira mais rápida e simplória pois não queria os roubar tanto tempo, logo indo para a mesa repleta de comida.

Apesar de não ter sido um dos melhores anos, ele era muito apegado a alguns momentos da sua vida, e o mesmo não gostava de ver seus acontecimentos favoritos passarem como flashes. Ele queria ter a possibilidade de dar replay ou até mesmo ter a capacidade de nunca esquecer dos melhores momentos, porém ele infelizmente não era capaz. Oh, céus! Com certeza o tempo era o maior inimigo de Yoon Dowoon!

A cada ano ele se sentia cada vez mais medroso. Não de insetos ou do escuro, como ele costumava a ter quando criança, mas ele tinha medo de ser abandonado; de ser deixado para trás, como muitos colegas de classe e familiares importantes já fizeram com ele. Ele temia aproximações e a criação de laços, pois ele sabia que quando tudo chegasse o fim ele ficaria aos prantos por uma eternidade. Entretanto, ele não gostava da solidão. Era doloroso demais ficar apenas com seus botões, guardando tudo até se inundar em seus próprios sentimentos. Dowoon só queria alguém para desabafar em seus momentos de desespero!