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• Ponto de vista: Park Jimin •

Depois que o Jungkook desapareceu, comecei a imaginar como seria se a gente se encontrasse novamente. Sempre imaginei o começo com ele sorrindo, depois me abraçando, então tudo estava bem, tudo ficaria bem naquele momento. Mas também teve momentos que eu pensei que nunca mais iria conseguir vê-lo, não pessoalmente, não em carne e osso, como estou vendo agora.

— Feliz aniversário.

Sua voz soava diferente do Jungkook que eu conhecia, ele havia mudado, como tudo, como todos. Todo o nervosismo que eu senti ao ver ele da primeira vez, não se comparam ao que eu sinto agora, acho que nem se me avisassem que aconteceria essa noite, eu não estaria preparado.

Seus cabelos estão presos em um boné e usava uma máscara preta, que tampa metade de seu rosto, mas eu sei que é ele.

Minhas pernas ameaçam falhar e eu me apoio na porta. Tento responder, porém, as palavras não veem a minha mente, e um mísero "olá" não sai da minha boca, é como estar preso em um pesadelo. Respiro fundo, ainda paralisado ali, engulo a seco, pingateio um; — O que você está fazendo aqui?

Essas palavras mal saem da primeira vez, então eu as repito mais uma vez, sentindo de certa forma um alívio em não parecer tão patético. Jungkook desviou o olhar, envergonhado, apertando as mãos, que estavam dentro do bolso de sua calça. Cinco segundos depois ele não me responde, nem no sexto, muito menos no oitavo, minha cabeça já está rodando, quando eu simplesmente bato a porta em sua cara, sentindo meus dedos formigarem.

Continuo paralisado. Isso realmente aconteceu? Jungkook apareceu na minha porta, depois de ter desaparecido, com um "feliz aniversário" e é isso?

  Encho os meus pulmões de ar, e toda a adrenalina que estava sentindo se vai ali mesmo, com as lágrimas rolando dos meus olhos, me sento no chão. Não cometo barulho algum, torcendo que isso seja um pesado, e que eu acorde logo.

  Esse ano eu fui muito feliz, tão feliz ao ponto de esquecer as feridas que me levaram até ali, em Nova York, tão feliz que eu achei que duraria para sempre, mas a vida não é assim. Não a minha pelo menos. As vezes gostava de pensar que tudo o que eu já tinha para chorar na vida, eu já tinha chorado antes desse ano. Seria cômico, se não fosse trágico.

  Fico tentando me convencer que é melhor assim, que passou, que mudamos e isso é ótimo, mas na verdade... eu odeio termos mudado. É egoísta, eu sei, mas não consigo simplesmente seguir em frente, como eles fizeram. Eu os quero bem, eu quero eles mais do que bem, mas também os quero junto a mim.

Consigo imaginar Taehyung me olhando, chorando, sentado nesse chão, falando para eu me levantar e olhar pelo lado bom "Pelo menos você está de coração partido no seu apartamento próprio" ou a Lisa, Hoseok, Yoongi, Jin ou o Namjoon fazendo piadas, na tentativa de me animar.

Jungkook, ah Jungkook! O que eu sinto por você, é uma coisa tão forte, que eu não consigo controlar. Você me fez sentir, só sentir, simplesmente sentir.

— Jimin? — Sua voz me chama, do outro lado da porta. Me arrepio dos pés à cabeça, assustado, e mesmo assim não respondo nada. — Não sei se você está me ouvindo, mas preciso falar... uma coisa que está entalada na minha garganta.

Continuei em silêncio.

— Me desculpa. Me desculpa, por favor. — Diz, e torço para que ele vá embora, mas ele não vai, e continua; — Eu não queria que fosse assim, na realidade, se as coisas saíssem do jeito que eu planejei, tudo estaria muito bem. Você já saberia de toda a verdade, e.. E eu poderia ainda estar ao seu lado.