Vermelho, rosa, amarelo, roxo, laranja, branco. Ele amava qualquer que fosse a cor que pintasse as belas pétalas das diversas flores que enfeitavam o seu jardim.
Se perdia por horas e se encontrava num instante. Perdido em meio aos perfumes e folhas, ele sorri. Encantado com a beleza que preenche sua íris e colore a alma com o arco-íris mais vibrante, ele ri.
Preenche meus ouvidos com o mais belo som e a mais bela visão.
Pétalas rosadas penduram entre os fios escuros de seu cabelo parecendo barcos de papel em um mar sombrio. O suave e doce perfume que agora tenho certeza que se prendeu em sua pele apenas me faz suspirar.
Era tão bonito vê-lo; ali, lá, acolá. Vezes abaixado, vezes com a postura tão ereta quando um arranha-céu. E eu, bobo, fico apenas a admirar sua beleza transcendental.
Era de outro mundo a forma como seus olhos brilhavam quando estava em seu mundo particular. Cheirava uma rosa aqui, acariciava as pétalas de uma margarida ali, regava uma violeta lá, cavava um novo buraco para suas novas mudas e logo sorria como uma mãe sorri para o filho.
Ele amava suas flores, amava o jardim e amava estar ali.
E eu, tolo, o amava.
Amava como ele deixava sua paixão se fazer clara e evidente, materializada em traços coloridos e permanentes em sua pele.
Wonwoo era demasiadamente bonito, chegava a ser surreal.
Mas voltava a ser uma criança assim que espetava o dedo em um espinho na roseira. Meu corpo automaticamente corre em seu encontro.
O dedo sangrava um pouco, se eu não estivesse preocupado com a possível dor diria que aquele vermelho era tão bonito quanto as pétalas das flores que o machucaram.
Logo o levei para dentro, segurando sua mão com toda a delicadeza que havia em meu corpo, afinal ele era tão melindroso que eu temia machucá-lo de qualquer forma.
Seus lábios curvados em um pequeno bico, levemente chateado pela fina dor em seu magro dedo. Sentado, ele observava cada movimento meu. Seus olhos acompanharam atentamente quando minhas mãos sutilmente limparam o sangue ali presente; também seguiram o meu rosto quando me inclinei para deixar um leve selar no machucado, indicando que aquilo não o machucaria mais. Ainda sem remover as íris escuras de meu ser, ele analisou cada gesto de minhas mãos ao enrolarem um band-aid em seu dedo.
Assim que finalizei, meus olhos encontraram os dele, tão observadores. Um sorriso nasceu em seu rosto novamente e eu senti mil estrelas explodirem dentro de mim. Era a visão mais bonita que eu alguma vez tivera a oportunidade de apreciar.
Era espetacular. Digno de uma exposição, afinal, ele era obra de arte.
Em seus traços, eu me perdi. Procurei em todo canto, mas não encontrei a saída para esse labirinto de sentimentos em que me encontrava. Estava fadado à amá-lo para sempre - e jamais ousaria reclamar de tal condição.
Jeon Wonwoo amava cuidar de suas dezenas de flores, enquanto eu amava cuidar da única flor que me dera ao direito de possuir.
Eu amava cuidar de minha rosa. A mais bela, a única e eterna em meu jardim.