Deus me livre das Cruzadas

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Esta é uma história sobre uma sereia, que era a melhor amiga de um troll, e devia a uma bruxa, que tinha capangas duendes imbatíveis. E também sobre algum tipo de briga entre religiosos.

Sabe, eu não queria mesmo envenenar aquela garota. Tipo, foi quase um acidente. Faltava bem pouco para ser considerado um acidente. Então pode-se relevar a minha culpa na coisa toda.

Naquela tarde, lembro-me de estar tremendo de frio. Levara duas surras que não serviram nem para me esquentar. E como eu ia saber que aquele velhinho tinha uma mão pesada daquelas? Tudo o que fiz foi ouvir a maldita dica daquele troll, apanhar, voltar para casa e apanhar de novo. E lá estava eu. Aparentemente humana e sendo... arrastada?

Abri os olhos. A pele doía e minha visão estava bloqueada em algumas partes. Provavelmente por causa dos olhos inchados. Ai, pedra. Pedra de novo.

— Por que estão me arrastando? — gritei, passando por cima da terceira pedra. — Ei!

Um homem me arrastava pelas pernas. Outro andava ao meu lado carregando um saco de pele enorme. Mais um andava um pouco à minha frente. Todos estavam de costas para mim, mas, quando falei, viraram para me olhar.

— Ela acordou — comentou o que estava ao meu lado, bem corpulento e ruivo.

— Gênio - comentei. Tentei revirar os olhos e senti uma dor absurda. Contraí o corpo.

O que estava me arrastando parou. Inclinei a cabeça para trás e respirei fundo com certo alívio.

— Moça, não sabemos quem você é. Nem o que você é. Mas vamos matar você antes que você nos mate.

— O quê? - Coloquei-me sentada com um pulo, surpresa.

Infelizmente, o homem que arrasta mulheres pela floresta também se surpreendeu e deu um chute em meu peito, a fim de me afastar dele. Minha cabeça bateu no chão com força, e a dor irradiou profundamente pelo corpo todo. Meu peito ardeu e fiquei sem ar.

Ouvi o rapaz ruivo protestar, e o outro também se manifestou contra o homem que chutou, mas todos pareceram distantes. Minha cabeça pendeu para a esquerda e senti um gosto metálico. Mais sangue.

Respirei superficialmente algumas vezes e minha visão se desembaçou lentamente. Ergui o braço e limpei com as costas da mão o fio de sangue que escorria da minha boca.

— Já acabou? — murmurei, vacilante.

O rapaz que antes caminhava à minha frente começou a rir. Era loiro e tinha olhos claros, que destoavam de suas feições rudes.

— Entendi por que você andou apanhando tanto — disse ele. — Não consegue manter a maldita língua dentro da boca.

— Ei, Barba Ruiva — chamei, ignorando o outro homem. — Importa-se de me emprestar um casaco?

Ele pareceu indeciso por alguns segundos tensos para mim. Finalmente, depois de me analisar por um tempo, o loiro se manifestou novamente.

— Dê um casaco a ela. Seus lábios estão azuis.

— Não dê o casaco! - gritou o homem que me arrastara. Era bonito e loiro também, mas tinha uma aparência fria e cicatrizes. — Não vamos ajudá-la. Estão pedindo para serem mortos?

Suspirei.

— Não consigo nem ficar em pé - respondi, a voz ainda fraca e vacilante. — Como você acha que vou matar os três brutamontes?

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⏰ Última atualização: Mar 13, 2021 ⏰

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