Capítulo 3 - Campus

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P.O.V. Arianna Mariano.

Não tive tempo de olhar o campus durante o dia — resolvi passa-lo arrumando minhas coisas. Algumas pessoas no campus comentaram que iam numa festa e que eu poderia aparecer lá se eu quisesse, mas recusei a oferta. Só vou para festas quando estou com um humor específico, e eu definitivamente não estava naquele humor. Imediatamente fui à procura da piscina da faculdade.

Faço faculdade de artes, porém entrei com bolsa de natação. Eu sou ótima no esporte, cheguei á participar de competições mundiais, mas acima de tudo é um hobby. Eu me sinto bem nadando. Dentro da água é como se todos os problemas sumissem.

Sentei na borda da grande piscina de raia e pûs os pés dentro da piscina. Pensei no dia, nas minhas companheiras de quarto, de como seria aqueles anos como estudante de colegial. Quem diria que uma sonhadora menina de Havana viveria o sonho americano?

Meus pensamentos foram abruptamente interrompidos pelo som de passos. Levantei num susto com uma alta figura masculina em minha frente.

— Oi, hmm, eu sinto muito, vou voltar para o quarto. — Falei, nervosa, indo em direção a saída.

— Ei, ei, não. — Ele falou, delicadamente segurando meu braço. — Eu não sou funcionário nenhum, estava no campus e ouvi um barulho vindo daqui. Erik.

— Ah. — Falei, corando. — Arianna.

— Você não é daqui.

— Sou de Cuba. Havana.

— Que legal! Eu sou daqui. Nascido e crescido em Bridgeport. — Ele disse, esboçando um sorriso.

— Você nada?

— Sim. Não o esporte, mas eu costumava nadar na piscina de casa com meus pais, por diversão. E você?

— Entrei por bolsa de natação.

— Uau. — Ele falou, soando impressionado. — São poucos os bolsistas aqui.

Ri, um pouco sem graça. Os caras americanos não são nada como os cubanos. Vi muitos garotos enquanto entrava na faculdade mas esse, em especial, era o mais bonito que havia visto. Ele tinha a pele negra, cabelo baixo e um sorriso digno de comerciais de cremes dentais.

— Eu acho que eu tenho que voltar para o meu quarto. — Falei, sorrindo. — Boa noite.

— Boa noite. — Ele sorriu. — Tudo bem se eu te passar meu número para a gente se falar mais vezes?

— Ah, claro! — Dei a ele meu telefone. — Pode cadastrá-lo.

Voltei para o quarto calmamente, observando as coisas e esperando o tempo passar — eu sabia que não ia conseguir dormir tão cedo, fui diagnosticada com insônia com apenas sete anos de idade.

Vesti meu pijama da sorte, azul com desenhos de ovelhas e sorri no espelho. Puxei meus cabelos castanhos de dentro da blusa do pijama, observando como ele parecia com o da minha mãe.

A saudade dos meus pais crescia. Eles não puderam vir comigo me deixar na faculdade por questões financeiras, já que meu vôo até aqui foi bancado com cada centavo de trabalho duro deles. Minha mãe trabalhava para a polícia e meu pai para o corpo de bombeiros, mas éramos longe de considerarmos ricos.

Olhei atentamente para as marcas do meu corpo. Algumas por eu ser desastrada, outras feitas pelo meu pai. Eu não o culpo — acho que foi a forma que ele encontrou de me disciplinar, mesmo que, no lugar dele, eu não iria agredir minhas filhas. Mesmo assim, não tenho raiva dele, sei que ele é um homem maravilhoso e que faria tudo por mim.

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