Capítulo 10

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-Pai?! – Mãe?!

Não insisto em ter que os procurar, talvez tenham ido a algum ligar qualquer como todos os dias, o máximo que passo fazer é deitar-me e acordar amanhã, o maldito dia. Sinto-me moribundo, acabado, desfalecendo por dentro. Todas as coisas podem acontecer, eu não acreditava nisso, até ter a prova que é verdade. Acabo caindo no sono sem perceber, no meu sonho, vejo aquela carta, e como seja, conseguir pensar no sonho, e me indagava se alguém como Yasmim gostava de mim em uma outra vida. Nessa vida, sei que perdi todas as minhas oportunidades.

-Toc!

Pausa por um tempo.

-Toc!

Outra pausa.

-Toc!!!!

Acordo abrupto.

-Droga, de novo jogando pedras na janela... – retiro a parte do lençol que ainda me cobria e levanto para abrir a janela.

-Hey!!! - grita

-O que você quer Natalie?!

-Eu.... sinto muito... Por favor, desce aqui, deixa eu conversar com você...! – exige um pouco da voz para que eu escute lá de cima.

-Conversar sobre o que?! As merdas que aconteceram?! Se for isso não preciso dessa conversa!

-Eu sei que foi uma merda, desce aqui por favor...!

Fecho a janela, sento com as mãos sobre a cabeça, com meia raiva, preocupado e crendo que nada pode ser feito na verdade, chorar pelo nada, lamentar pelo que passou e ficar estático pensando o passado sem viver o presente.

-Toc!

Pausa.

-Toc!

Pausa

-Toc!

Desço enquanto ela jogava as pedras, e começo a observar ela de baixo.

-Vai continuar até quando?...

-Ahhhhhh!!! – grito agudo - Quando foi para aí? – diz com as mãos sobre o coração.

-O que você quer? E porque fugiu da escola?

-Eu queria ti ver, soube que foi expulso.

-Poiser, eu fui, e você tá me vendo. Posso voltar?

-Espera –segura pelo meu braço quando viro

-O que?

-Não quer ir até o lago? Dar uma olhada um pouco? ... esquecer um pouco das coisas. Sei lá?

Olho um tempo aquela cara, de meia culpa, apesar dela não ter culpa alguma nisso tudo, e consinto, não aguento rejeitar algo de uma amiga, dela seria ainda pior. Existem poucas pessoas que ficam conosco quando estamos na pior, e ela, ficou quando eu estava.

Observo o velho lago durante um tempo, aquele lugar tem o seu devido encanto, apesar de parecer só água e arvores em seu redor, nada que poderia fazer algum sentido, se não fosse as nossas sensações ligadas a ele, tem um cheiro diferente de que qualquer outro lugar, foi ali que a conheci, Natalie, a garota aventureira.

"Lembro que tinha acabado de chegar da escola, fui lá porquê era um bom lugar para chorar e pensar, sozinho. Pegava algumas pedras e jogava sobre a água, e contava quantas vezes ela pulava até afundar na água.

-Essa!!!... É pelos filhos da puta que me chamam de São Jorge!!! –Fechei o olho na primeira vez e imaginava a pedra rasgando a cara daqueles que me zuavam todo dia. Enquanto as lágrimas começavam a correr pela minha face, enquanto eu pensava que poderia estar com uma das meninas mais bonitas da escola, e enfim ter tido alguém.

-Essa!!!... – seguro a pedra com toda força, como se eu estivesse concentrando em minhas mãos tudo quanto eu poderia colocar para fora, impulsionando a pera com tudo que eu tinha – é pelas malditas garotas que me olham com nojo!!! – bate uma, duas, três, quatro vezes.

-E essa!!!... é pela porra da vida!!! – uma, duas, três, quatro, cinco vezes... – fico ofegante pela força que coloquei em jogar a última pedra, e bjo uma garota escondida entre os matos, bisbilhotando, me assusto e coro. Ela corre e eu vou embora.

No dia seguinte, encontro-a jogando pedras, diferente de mim, ela só gostava de ver elas baterem sobre a água, sorria a cada batida e aquilo parecia divertido.

-Hey, esse lugar não é pra você, vai embora garota, você não precisa estar solitária aqui, você não tem problemas como eu, se quiser me zuar, zoe na escola, eu já estou abusado de vocês.

-Não, esse lugar é de todos que quiserem vir aqui.

-Não me importo, não quero você aqui.

-Sou sua amiga, não se preocupe – diz jogando a última pedra, uma, duas, três e por fim, seis vezes.

-Não tenho amigos.

-Meu nome é Natalie – estende as mãos para que eu aperte;

-Pe. Pe. Pedro. – não estendo a mão.

-Eu ti conheço, sei que zoam de você, e sabe de uma coisa? Você não deveria deixar as pessoas fazerem isso com você, você é um frango, não se defende, deixa com que zoem de você.

Me entrega as outras pedras que segurava e sai sem se despedir. A partir desse dia, eu comecei a nota-la na escola, é estranho o porque eu não a via antes. "

-Você lembra desse lugar? – me pergunta

-Tão bem quanto deveria.

-Soube que venderam o carro.

-É, venderam. – ela olha fixo meus olhos como que dizendo: Eu queria que isso não tivesse acontecido. Mas aconteceu, tudo se perdeu. 

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⏰ Última atualização: Apr 30, 2022 ⏰

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