Nota

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Não é sem apreensão que os amigos do Petit Prince o vêem, caído em terras do Brasil, correr aqui sua aventura. O homem de estado, o homem de negócios, o geógrafo e até mesmo o guarda-chaves (sem suspeitar que são entrevistados no livro) afastarão o volume com desdém: - livro para crianças!
Sem dúvida, as crianças o acolherão de braços abertos, porque elas são capazes de compreender tudo, mesmo os livros para gente grande. Pois temos a certeza de que se trata de um livro - e urgentíssimo! - para adultos. "O Pequeno Príncipe" é uma fábula ou, se preferirmos, uma parábola.

Não é um livro para crianças porque traz justamente a mensagem da infância, a mensagem da criança. Essa criança que irromperá de repente no deserto do teu coração, a milhas e milhas de qualquer região habitada, - e na qual reconhecerás (ó prodígio!) os teus olhos, o teu riso, a tua alma de há vinte ou trinta anos. A menos que não queiras ver, a face do Pequeno Príncipe, a face de um outro, coroada com espinhos de rosa...

Este livro é também um teste. É o verdadeiro desenho número 1. Se não o quiseres compreender, se não te interessares pelo seu drama, aqui fica a sentença do Príncipe: - "Tu não és um homem de verdade. Tu não passas de um cogumelo!"

Peço perdão às crianças por dedicar este livro a uma pessoa grande. Tenho uma desculpa séria: essa pessoa grande é o melhor amigo que possuo no mundo. Tenho um outra desculpa: essa pessoa grande é capaz de compreender todas as coisas, até mesmo os livros de criança. Tenho ainda uma terceira: essa pessoa grande mora na França, e ela tem fome e frio. Ela precisa de consolo. Se todas essas desculpas não bastam, eu dedico então esse livro à criança que essa pessoa grande já foi. Todas as pessoas grandes foram um dia crianças, mas poucas se lembram disso. Corrijo portanto a dedicatória:

A LÉON WERTH
QUANDO ELE ERA PEQUENINO

O Pequeno Príncipe Onde histórias criam vida. Descubra agora