ELIA MARTELL: O SOL DE DORNE

CAPITULO 01:

Os Jardins de Água era o lugar preferido de Elia Martell em toda Dorne. Ela adorava passar as tardes ali,sob a arcada de mármore rosa pálido, admirando a beleza das fontes e lagoas que cintilavam em maravilhosos tons de prata e ouro ao entardecer,enquanto observava as crianças se divertirem naquelas águas, correndo e realizando brincadeiras, com suas risadas facéis e tão familiares. O  cheiro cítrico e docemente enjoativo dos pés de laranjas sanguíneas que a rodeava por toda parte lhe trazia doces lembranças da infância, quando ela e seu irmão Oberyn, brincavam de se esconder de Doran entre os galhos delas. Doran jamais os encontrara ali em cima. Eles passavam horas a fio lá em cima, chupando laranjas até que suas barrigas parececem que iria explodir e suas roupas estivessem completamente manchadas pelo sumo vermelho sangue. Oberyn era uma companhia constante de Elia nos Jardins, porém hoje ele estava em Lançassolar, junto de Doran e os pais. Nayla Sand e Donella Fowler, lhe faziam companhia esta tarde.
- Hoje o dia está especialmente quente princesa- queixou-se Nayla Sand - Não gostaria de se refrescar um pouco nas águas?- sugeriu ela.
Elia sorriu para ela, seus sorrisos eram sempre fáceis como o daquelas crianças:
- Estou bem aqui Nayla.
- E que tal mais um pouco de suco de tâmaras com laranja?- perguntou Donella desta vez.
Elia levantou a taça, que repousava em suas delicadas mãos:
- Ainda tenho suco aqui, Donella, não se preocupe.
Nayla e Donella, eram suas fiéis amigas e companheiras e Elia tinha por elas grande apreço, embora desconfiasse de uma disputa silenciosa entre as duas, para ver qual delas se sobressaia mais em seu bom grado. Nayla, era uma bastarda de alto nascimento e Donella, uma das filhas de Lorde Fowler de Alcanceleste.
" Plop" mais uma laranja caia do pé, madura demais, se esparrachando no chão de mármore, sujando o piso rosa claro de vermelho. Uma brisa morna soprou os cabelos escuros de Elia contra o seu rosto moreno, lhe fazendo cócegas nas bochechas. Ela levou a taça aos lábios e sorveu um gole do refrescante suco gelado.
- Não se esqueça que teremos que voltar ainda hoje para Lançassolar, princesa- lembrou-lhe Donella.
-Amanhã partirá cedo para Rochedo Casterly- completou Nayla.
Elia gostaria que elas não tivessem a  lembrado disso. Ela andava farta das viagens de sua mãe, para lhe arranjar pretendes, assim como para seu irmão Oberyn. Desta vez eles visitariam a boa Senhora Joanna Lannister , uma velha amiga de sua mãe, onde ela proporia a união dela e de Oberyn, com os gêmeos da Senhora Joanna, Jaime e Cersei Lannister. Não fazia muito meses que eles haviam voltando de uma tentativa fracassada em Crakehall.
Enquanto divagava em seus  pensamentos e devaneios, Elia viu duas crianças brigarem na beira de uma das lagoas, elas se empurravam e gritavam insutos uma contra a outra, eram dois meninos entre oito a nove anos, um de alto nascimento pelo que se via e o outro não . Ela levantou-se antes que qualquer empregado pudesse ir lá interferir na briga e castigasse uma das crianças. Suas saias de seda leve se arrastaram pela areia branca, enquanto ela andava para chegar até lá, Donella e Nayla vinham logo atrás.
- Você não devia está aqui perto de mim, não é um nobre como eu - Elia ouviu uma das crianças dizer.
- Tome aqui sua nobreza- a outra criança rebateu jogando um punhado de areia nos olhos do outro. O garotou levou as mãos aos olhos, que lacrimejavam irriratados
- Parem vocês dois - Elia pediu.
Os dois se viraram para ela e abaixaram a cabeça ao vê-la.
- Como podem desperdiçar um lugar lindo como esse com essas brigas tolas, todos são iguais aqui, vocês sabem que em Dorne, todos são tratados da mesma maneira, não admito esse tipo de compartamento na minha presença e nem fora dela- Elia tentou parecer dura, mas falhou, ela tinha um coração bondoso demais para soar ríspida.
As crianças encolheram os ombros envergonhados.
- Desculpe Princesa- pediram juntos os dois.
Elia sorriu.
- Os desculpo se prometerem não fazerem mais isso.
- Prometemos - disse um deles.
- É, prometemos - falou o outro.
Elia acariciou o cabelo dos dois com ternura.Ela sempre tivera tato com crianças e sempre imaginara como seriam as suas, quando as tivesse.
- Sejam bons garotos e o mundo será bom para vocês também- Elia disse antes de voltar para a arcada e os garotos voltarem a se divertirem.

Horas depois, o sol sumia no horizonte, quanto ela se pôs em marcha para Lançassolar, com a sua escolta de guardas. Ela acabou adormecendo na liteira e só acordou já no ùltimo Portão Triplo da cidade. Lançassolar cheirava a poeira,suor e fumaça, com suas casernas e torres marrons contra o sol impiedoso de Dorne. Já dentro do palácio Elia subiu direto para o quarto exausta e decidiu pedir o jantar por lá mesmo.
Elia terminava o desjejum quando ouviu uma batida na porta, não precisou nem abrir pra adivinhar quem era.
- Oberyn
- Olá irmãzinha, posso entrar?
Antes dela responder ele já estava dentro do quarto, esparramado sobre a sua cama.
- Não deveríamos dormir cedo hoje?- perguntou Elia.
Oberyn sorriu para ela.
- Sim deveríamos, mas me deu aquela súbita vontade de roubar umas tortas de ameixa e uns bolinhos de pimenta-dragão nas cozinhas.
Elia deu uma gargalhada:
- Oberyn, Oberyn logo logo você estará tão gordo quanto um barril de vinho da Árvore, deste jeito Cersei Lannister certamente não irá lhe querer.
Oberyn gargalhou também ao saltar da cama para rodea-la com desdém:
- Se a filhote de leão não me quiser, tem uma fila de outras me esperando irmãzinha.
- Então presumo que queira me engordar para espantar outro dos meus pretendentes, não é isso? - retrucou Elia com um olhar de divertimento para o irmão.
- Oh, jamais tal idéia passou por minha cabeça- ironizou Oberyn - Embora não seja de todo o mal.
Rindo juntos, os dois saíram para assaltar as cozinhas.