Capítulo 17

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O pequeno corpo de Camila foi jogado contra mureta atrás da igreja.

Olhos negros a fuzilavam sem nenhum receio. Um fuzilamento que Camila não tardou a retribuir. Ambas estavam profundamente irritadas, apesar de que os motivos era bem distintos.

Mas a fúria estava lá, bem palpável e incômoda.

Encararam-se por uns minutos, até que a maior esbravejou:

— Posso saber que inferno você está fazendo aqui?

Camila afastou o corpo da mureta e alisou o seu vestido, depois, passou a mão na franja do cabelo, ignorando completamente a negra a sua frente. Ela não tinha medo de Normani, apesar de ela ser bastante intimadora, ás vezes, mas a brasileira aprendeu a lidar com a negra nos meses que passaram juntas em missões. Uma pena que o vínculo tivesse sido cortado.

A verdade era que Camila ainda estava muito ressentida com a Normani, e em nenhum momento a mais velha tentou o seu perdão. A verdade era que a negra estava fazendo do seu jeito, ela tinha se convencido de que se colocasse o Luís e Paula Cain atrás das grandes poderia ter a sua rendição com a brasileira.

Enquanto isso não acontecia, elas tinham apenas contato relacionado ao caso, e geralmente era envolta de uma neblina gélida que tornava-se desconfortável com quem tivesse presente.

— Ora, a mesma coisa de que tantas milhares de pessoas estão fazendo aqui: Dando adeus a minha mulher. — Camila ergueu os olhos, encarando a negra a sua frente, o seu tom impessoal, apesar de que as palavras lhe socaram o estômago.

Normani bufou, apesar da frieza nas palavras de Camila, os olhos castanhos estavam acusatórios. A agente não via hora de tudo acabar para que pudesse amenizar toda aquela situação, mesmo tendo uma voz que dizia dentro de si que a brasileira jamais iria lhe perdoar.

— Camila, eu não estou brincando. — A negra avisou com a voz dura. — Eu quero saber o que você estava fazendo dentro da igreja! — Pediu, mas obteve apenas o silêncio; Fechou os olhos e acariciou as têmporas tão doloridas. Ela precisava de um quê de paz em sua vida que tinha girado de cabeça para baixo nos últimos dias. — Por favor, não diga que você falou com o Luís ou Paula... — Implorou ao abrir os olhos.

Ignorando a aflição da mulher à sua frente, Camila retirou uma carteira de cigarro do bolso embutido do seu blazer juntamente com um isqueiro. Normani franziu o cenho ao ver a mais nova fumando, nunca tinha a visto fazer isso e era estranho aos olhos, a imagem não correspondia a realidade que tinha da brasileira.

— Falei sim com o Luís, não como eu gostaria, mas o suficiente para deixá-lo ciente com o que vai acontecer com ele, e já a Paula... Dei apenas um recado de longe, conhecendo bem aquela megera, sei que ela entendeu. — Tragou o cigarro, e voltou a guardar a carteira e isqueiro.

A dor de cabeça de Normani aumentou consideravelmente, a ponte de fazê-la querer arrancar os cabelos.

— Camila eu não... — Gritou, mas parou ao ver a sobrancelha arqueada da mais nova. Respirou fundo diversas vezes e andou de um lado no intuito de se acalmar, quando voltou a falar, sua voz estava mais ponderada. — Eu não acredito que você foi imprudente ao ponto de alertá-los. Eles podem fugir! Pelo amor de Deus, você não pensa? — Perguntou exasperada.

Camila deu de ombros, fumando o seu cigarro tranquilamente.

— Fugir é uma possibilidade, mas para isso que você serve, não é? Para prender e impedir que os bandidos fujam? Não é o seu trabalho?

De Fã para AmanteOnde histórias criam vida. Descubra agora