Encontro

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Maria havia ficado sozinha na praia depois que Otávio foi tentar a sorte em conseguir alguma bebida da cozinha sem que seus pais vissem, com sorte o champanhe. Mas já fazia um tempo desde que ele havia subido e não voltara ainda. O sol havia se posto agora e a escuridão começava lenta e gradativamente a encobrir tudo.

Maria não estava preocupada, no entanto, o dia havia sido longo e praticamente perfeito com seu primo na praia. Quase não pensou em sua vizinha, quase porque ela acabava aparecendo no fundo de sua mente quando menos esperava por conta de um sorriso, uma piada, um canto específico da praia.

Maria deixou a cabeça cair para trás até recostar na cadeira e ficou encarando o céu esperando as primeiras estrelas.

Ela ouviu Otávio se aproximando e o barulho do seu corpo ao sentar-se ao seu lado.

— Conseguiu o champanhe? — um sorriso veio automaticamente, e sentiu que isso também pedia um pouco de esforço, estava mais cansada que imaginou.

Não houve respostas, mas uma risadinha veio logo. Maria voltou sua cabeça ao normal antes de conseguir ver a primeira estrela. Era ela ao seu lado, os olhos pretos pareciam ainda maiores e mais profundos, seus lábios desenhavam um sorriso sereno e Maria quis beijá-la, sem dizer nada antes, sem perguntar coisa alguma, sem acabar de absorver sua presença primeiro. O cansaço sumiu de seu corpo como se nunca houvesse estado.

— Oi! — Seus olhos estavam fixos em Maria como os de Maria nela.

— Oi — se obrigou a dizer e tentou em vão parar de encará-la.

Maria olhou com mais cuidado agora, ela estava diferente do que se lembrava, os detalhes haviam sumido da sua mente nesse intervalo de um ano, percebeu. A pinta na bochecha, o espaço entre os dentes... havia se esquecido. O cabelo, no entanto, continuava o mesmo, em ondas caindo até os ombros. Sua pele estava queimada de sol, e as bochechas pareciam começar a descascar, mas na pouca luz era difícil ter certeza.

— Quer mergulhar?

— Claro— não precisou pensar para responder.

Maria tentou não encarar enquanto sua companhia tirava a blusa na cadeira ao lado, depois correram para o mar. O vento bagunçava os cabelos de Maria e isso a fazia rir.

Depois, quando se beijaram na água seus lábios estavam salgados. Ia tudo dar errado, mas Maria não se importou com isso e sabia que para ela também não importava. A beijou outra vez, era só isso que importava agora.

Quando bate aquela saudadeOnde histórias criam vida. Descubra agora