Às vezes eu gosto de deitar em silêncio no sofá e olhar para a janela como se eu estivesse assistindo à televisão. Às vezes é bom estar desconectado com o mundo e apreciar o real. Às vezes meus olhos buscam pelo seu sorriso discreto que você esconde virando o rosto para o lado. Mas também é como uma sentença de morte para os meus pensamentos, já que apenas momentos nossos repercutem na minha mente enquanto meus olhos estão fixos no azul do céu.
Ainda não contei a ninguém, mas acho que já devem ter percebido que não nos falamos a quase uma semana. Posso parecer muito alegre e aberto só que quando se trata de mim e dele as palavras simplesmente não saem, talvez elas escapam durante a madrugada quando segredamos nossos desejos e inseguranças. Acho que todos entendem esse sentimento, porque ninguém tocou no assunto desde o início do silêncio entre nossos olhares.
No último final de semana saímos, bebemos, corremos do segurança do shopping porque ele sabia que éramos menores de idade, rimos, nos divertimos no parque de diversões que você odeia ir, sorrimos, andamos de mindinho enquanto voltávamos aos dormitórios, nos abraçamos quando você viu meu sorriso triste quando chegou a hora de nos separarmos, nós demos aquele beijo de despedida rápido com medo de que fôssemos pegos acordados tão tarde, e por fim dormimos, mas cada um em seu quarto. E eu me senti sem rumo.
Por que brigamos? Pode parecer infantil ou ridículo agora, mas eu quebrei uma promessa. Aquela nossa promessa.
Fizemos ela no mesmo dia do nosso primeiro beijo. Seus cabelos estavam baixos, e os fios macios acariciavam o meu rosto pela proximidade. A sensação era diferente, como se eu pertencesse a esse momento, como se você fosse minha casa. Eu te contei a mesma cantada que eu costumava a contar todos os dias quando você passava por mim. Mas dessa vez eu tinha me perdido no meio dela. Você escondeu o seu sorriso no meu ombro, e o meu coração palpitou.
Parecia inacreditável pra mim, nossos ombros se roçaram quando você levantou o rosto, e seus olhos me paralisaram. Não por causa das suas olheiras profundas, eu só tinha me perdido mais uma vez na imensidão das suas íris roxas. E quando você percebeu que eu não sorria mais, que minhas mãos tremiam e que as minhas bochechas estavam rosadas, você me beijou.
Parecia que o meu coração não aguentaria mais um segundo dentro do meu peito. Eu estava segurando a respiração e quando soltei, sem querer deixei uma pequena descarga elétrica sair de mim quando nossas línguas se entrelaçaram. Você se afastou surpreso e os seus fios lilás haviam ficado arrepiados. Achei que você riria de mim ou até mesmo ralharia comigo. Eu apenas vi as maçãs do seu rosto ficarem vermelhas, aquilo me disse que você havia gostado mais do que deveria.
Depois disso fiquei te contando piadas que você não achava graça alguma para cortar o clima e eu esquecer do mico que paguei. E então você me perguntou de repente que tipo de herói eu queria me tornar. Eu te disse que queria ser um herói legal, no qual as pessoas podiam confiar e se sentirem seguras quando me vissem.
Você me olhou novamente e eu desejei que nos beijássemos mas sem a parte do choque, obviamente. Só que você estendeu seu mindinho e disse "Vamos nos tornar heróis que possam transmitir confiança e segurança para as pessoas juntos."
E eu soube que aquilo era você me dizendo que gostava de mim, mesmo que fosse um pouquinho só.
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Way Back Home.
FanfictionÁs vezes você sente como se não pertencesse a lugar nenhum. Ás vezes é como se tudo fosse temporário e alguma hora chegaria a mudança. Mas quando você realmente encontra uma pessoa, você não precisa mais andar sem rumo, porque essa pessoa sempre vai...