Desde pequeno aprende a se virar
É difícil cuidar do lar
Não ter quem o ajudar
A não ser a vovó que dele tem dó
Na ausência faz sua presença
Faz com que o guri se sinta menos só
A vida é dura
Não dá mole à ninguém
Ou se vira
Ou virá um zé ninguém
Na escola não há avanço
Racismo, de sua pele eles tem "ranço"
O menino favelado
Falam a todo o momento
Sem identidade
Apenas julgamento
Na tv, o banquete agradável
Em casa, a fome miserável
A barriga ronca
Mas ele finge não sentir
Até porque não quer mostrar sua dor
É o guri que não sabe quando vai voltar
E quantas coisas mais vai enfrentar
O guri que já é grande
E escolhe por onde andar
Coitado do Guri
Sem nome
Sem reconhecimento
Sem constrangimento
Até porque quem não tem
Não teme nada
O que perder
Quando não há o que se perder?
Ao adentrar num beco
Se encontra encurralado
Um disparo é escutado
Mas não se sabe de onde foi disparado
Quem matou o Guri?
(Kethelin Vieira)