Capítulo único: Canção, Dúvida e Ainda estou aqui.

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Gusu é terrivelmente pacífica, em frente à montanha eu podia ver sua imensidão de rara beleza. Assobiei animado ao conseguir enxergar mais da pitoresca e pacata seita. Fada estava aos meus pés mordiscando-me despreocupadíssima, enquanto, contava as escadarias mentalmente, percebi de longe um vulto se aproximando: era esguio, alto, portava consigo uma autoridade séria, todavia, mas perto se fez, menos "rancor" ficou presente. A extravagância natural dos Lan! Tudo bem, eu coloquei a minha melhor cara, àquele que vinha nos recepcionar era justamente Hanguang-Jun, Lan Wangji.

Seus olhos dourados eram intimidantes.

Engoli em seco.

Meu tio não havia dito nada durante a viajem até aqui. O que me preocupou. Minha punição não ocorre em nossa seita? O que Gusu tinha a ver? Ambos trocaram olhares afiado depois de umas breves e educadíssimas saudações diplomáticas; meu tio parecia sentir gazes, e bom, Hanguang-Jun tentava...um sorriso? Ele era cortês, sua leveza em nos conduzir escada acima foi menos aterrorizante do que eu pensava. A conversa de ambos adultos possuía um tom monótono, me fez distrair, meu tio falava algo, que eu não dei muita atenção, mesmo que eu quisesse não conseguiria tirar os olhos de Sizhui, que sorria tão brando como uma primavera, ao seu lado, posicionando-se à direita estava também o Patriarca Yiling.

Segurava paternalmente em Lan Sizhui com um sorriso bonito e alegre.

Abri a boca várias vezes, a língua embolando em cada olhar.

— Garoto, se não olhar para mim eu quebro suas pernas aqui mesmo.

A voz imperiosa cortou a doce magia. Desviei até a figura do meu tio logo à minha frente, a perna direita dobrada, a mão no queixo deixando um tanto medonho, ele havia sentado! Acomodei as batidas do meu peito, dando um "ah" bem desengonçado diante a todos.

— Criança distraída.

À primeira vista, o horripilante olhar me amedrontou, meu tio não tinha uma boa língua quando queria me educar de alguma forma. Gritei internamente comigo mesmo por ter sido pego desprevenido. Às vezes, eu mesmo gostaria de me bater por ser tão infantil. Por fora, busquei passar tranquilidade e deixar tudo rolar, ao contrário, de que todos falavam sobre mim de ser "mimado", e querer empeitar os mais velhos, não era de todo verídico assim!

De modo algum eu levantaria a voz aos meus pais.

Eu mal abria os lábios perto dele! Não depois que tive um feitiço me trancando. 

Já meu tio sempre gritou comigo, não era nenhuma novidade.

— Será um imenso prazer — Hanguang-Jun comentou sem qualquer expressão.

Minhas mãos suavam em nervosismo. Patriarca Yiling deu uma gargalhada no topo, Sizhui sorria brandamente, era tão vergonhoso! Espero não ser alvo de piadas.

Logo fomos deixados para trás, não tanto, mas pelo menos me sentir aliviado. Sizhui andava ao meu lado, dava para ver que ele também queria dizer algo sobre minha imprudência, sentei-me olhando para o chão, envergonhado das minhas ações, fechei meus olhos cobrindo com as minhas mãos.

— Queria nunca mais voltar para nenhum lugar. — Comentei, a voz abafada.

— Foi...impensado, e perigoso.

Sério gênio?

Dei um bufo um pouco indignado. Ele era sempre tão certinho, eu ficarei assim na minha estadia? Molhei os lábios esticando as pernas, Fada havia se afugentado por quase debaixo do banco, não que eu não quisesse ficar aqui, só que...é embaraçoso admitir. Eu havia feito besteira, e colocado algumas pessoas em perigo, e cá estou eu, de cabeça baixa, ao lado dele. Os Lans eram conhecidos por se manter sempre íntegros nas piores situações, tanto a disciplina impecável e a boa educação, quanto compostura invejável, e tantas outras coisas que me falta. Certamente, Sizhui estaria achando tudo isso um saco; ter que ser minha babá, ficar de olho enquanto eu passava pelo processo de punição. Não vou culpá-lo se me odiar, estou também me odiando.

O significado de cada sorrisoWhere stories live. Discover now