Histórias de Natal

Parte 1

Quando eu estou com minha tia sempre acontece alguma coisa.Neste Natal eu estava me sentindo especialmente musical.Sabe, eu sou uma menina de sorte, quando eu era pequena eu ganhei um violão da minha tia Camila, e agora que eu já tenho oito anos, minha mãe me deixou participar do coral da catequese. Vou contar, é muito divertido cantar com meus amigos aquele monte de músicas de Natal. Sempre que a gente está cantando, porém, estamos aprontando.Como moramos em São Paulo, e o Natal acontece em pleno verão ficamos lutando com aquelas roupas compridas de cetim vermelho e toucas de Papai Noel. No meio da apresentação eu sempre fico pedindo pra minha amiga Natália ficar arrumando meus cabelos, pois são muito compridos e ficam caindo no olho e grudando com o suor.Neste ano, em especial, fiquei inspirada pois além do órgão, temos na igreja dois violinistas e uma moça que toca um instrumento bem grande, chamado Baixo Acústico. Que som maravilhoso sai daquele instrumento. Por isso, além de cantar, eu tinha certeza que iria aprender a tocar Baixo Acústico.Meu pai, quando era jovem, tocava baixo elétrico em uma banda de rock que não existe mais, chamada "Eruption". Dizem que a gente acaba mirando nossos pais, acho que não é só isso, a música é o que preenche nosso coração, e eu não consigo pensar em alguém que não goste nem de música e nem de pizza.Bom, mas acho que já estou dando voltas demais.Eu queria tanto um baixo acústico que pedi de Natal pra minha tia Vivi. Ela falou com minha mãe:- Ritinha, você tem certeza de que vai deixar a Carolina tocar? O Cla disse que tudo bem?- Oi Vi, claro que sim, estamos deixando, pois ela disse que vai ser uma menina boazinha no ano que vem, e vai melhorar na escola.Acho que minha tia ficou pensando muito mais no tamanho daquele instrumento, do que na verdade se eu iria continuar a estudar o instrumento. Nem eu mesma tinha pensado que alguém iria me levar a sério.Só que o instrumento seria uma surpresa de presente do Natal.Eu e minha tia havíamos combinado no sábado de preparar juntas a decoração com as pinhas pintadas de glitter dourado. Cheguei no apartamento, fazia um calor de 34 graus, não havia nenhuma nuvem no céu, e a brisa era escassa.Fomos trabalhar com os enfeites na sala. Já estava tudo pronto, cola, toalha e os petrechos de que precisávamos.Como eu sou curiosa, olhei no apartamento pequeno e não vi o meu presente de natal. Ele era impossível de esconder. Fiquei meio triste, mas aceitei.Começamos os trabalhos e na metade das pinhas vi que acabou o glitter.- E agora tia Vivi? O que vamos fazer?- Oi pequena, no armário do escritório, na segunda prateleira tem um pote grande de glitter. Será que você alcança?- Claro que sim, tia Vivi. Vou correndo.- Não precisa correr, vá com cuidado Carol, pois o pote é de vidro...Fui até o escritório, e vi que havia duas prateleiras. "Primeira ou segunda?" – fiquei pensando... E decidi pegar o pote da primeira prateleira. Eles eram idênticos.Como eu estava ansiosa para ver a tarefa concluída para desenhar na parede da cozinha da minha tia, saí do escritório já desrosqueando o pote, mas não prestei atenção e tropecei no tapete, lançando todo o conteúdo do pote em cima da minha tia Vivi.- O que você fez, Carol?Enquanto ela ia falando, a voz foi afinando e eu percebi que dentro do pote havia uma miniatura de baixo acústico, bem do jeito que eu queria. Fiquei feliz, mas não por muito tempo.Minha tia, estava ficando bem pequena, e cresceram umas asas transparentes na costas dela. O rosto dela se transformou em violeta e ela começou a voar.O que será que eu tinha aprontado dessa vez?Eu estava perplexa. Fiquei mais ou menos três minutos olhando fixamente para minha tia, e de verdade não tinha a menor ideia do que fazer.Nesse meio tempo, ouvi um barulho de chave na porta. Saí correndo para ver se era meu tio Marcos.Ele entrou, eu dei um abraço e comecei a chorar.- O que foi Carolina? Aconteceu alguma coisa?Ele perguntava e eu não conseguia dizer uma palavra, estava muito chocada.Então eu puxei a mão do meu tio e o levei até a sala.Ao chegar na sala ele viu minha tia voando, falando bem baixinho com uma voz muito aguda e o contrabaixo acústico que ele havia escondido dentro do pote com pó mágico de fadas.- Carolina, o que você vai ver aqui não pode ser contado para ninguém, pois ninguém vai acreditar. Você pegou meu pote com pó de fada e transformou sua tia. Agora preciso preparar um antídoto, antes que ela fique assim para sempre.Eu arregalei o olho e perguntei:-Como assim, pó de fada?- Eu sou o Mago Paulo, agora não posso te explicar como, mas esse é meu disfarce no mundo sem magia. Você pode me ajudar a reverter esse feitiço?Eu disse que sim, mas não tinha a menor ideia do que estava afirmando. Afinal, quem em sã consciência ao invés de esconder um baixo acústico como uma pessoa qualquer, usa um feitiço para encolhê-lo?É meus amigos, minha família tem dessas coisas, foi aí que eu descobri que realmente iria ganhar meu presente musical, mas estava em uma tremenda enrascada.------------------------------Você quer saber como termina essa história? Me conte aqui embaixo