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Gael narrando

As vezes,você pensa que trabalhar em uma cafeteria depois da aula,é a coisa mais fácil do mundo,mas há dias em que eu realmente queria largar esse emprego,o salário era péssimo,e meu chefe sempre me deixava os piores trabalhos    Ele ficava lá,con...

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As vezes,você pensa que trabalhar em uma cafeteria depois da aula,é a coisa mais fácil do mundo,mas há dias em que eu realmente queria largar esse emprego,o salário era péssimo,e meu chefe sempre me deixava os piores trabalhos
Ele ficava lá,contando seu dinheiro,ou assistindo televisão enquanto fumava seus cigarros,eu fazia todo o resto,limpava,atendia os clientes,os recebia,e ele não fazia praticamente nada.O mesmo sempre me fez pensar em como o meu futuro seria,eu o julgo por ser assim,mas deve ter um motivo,já ouvi dizer que as pessoas se parecem com os seus pais,então eu posso imaginar como os dele eram

Mas ir a cafeteria,ter um dia terrível e cansativo,também tinha seu lado bom,tudo valia a pena,quando via Sofia chegando,sempre no mesmo horário,sempre o mesmo pedido

- Oque vai ser hoje?

Eu sempre perguntava,mesmo sabendo a resposta,talvez fosse só para ouvir a sua voz,mas eu sempre perguntava

- Chocolate quente e uma fatia de bolo de morango

Sua voz calma me fazia abrir um sorriso discreto,e em seguida a observava sentar perto da janela,enquanto abria seu pequeno caderno,e escrevia algo
Eu continuava a observando de longe,pois não queria parecer invasivo,respeito o espaço que as pessoas impõe,e se ela o faz,eu não questiono

As vezes eu também quero ficar sozinho,mas parece que eu não tenho esse direito,já que sempre tem alguém falando ao meu lado
"Você deve fazer isso"
"Você deve falar mais alto para as pessoas te ouvirem"
"Você não pode ser tão tímido"

Eram falas assim que deixavam os dias mais desagradáveis,eu acho que todos têm o livre arbítrio para escolher oque querem,sei que quando tiver um filho,vou dar tal liberdade para ele
Acho que as escolhas que fazemos,são o sinal do nosso amadurecimento,por isso digo,deixar as pessoas escolherem sozinhas,é como dar independência a elas,as faz ser pessoas decididas e fortes,oque não vemos muito na sociedade hoje em dia
Todos vivem com medo,inclusive eu,que não dava um passo a mais na direção da garota,na qual meus olhos se prendiam
Apenas entregava seu pedido,e desejava a ela uma boa tarde,então eu sou um medroso

   Eram falas assim que deixavam os dias mais desagradáveis,eu acho que todos têm o livre arbítrio para escolher oque querem,sei que quando tiver um filho,vou dar tal liberdade para ele   Acho que as escolhas que fazemos,são o sinal do nosso amadu...

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- Você parece pensativo, aconteceu alguma coisa?

Disse meu chefe,Guilherme não era uma pessoa ruim,mas seu modo de agir me irritava,sempre querendo jogar a culpa nas costas de alguém,ou nunca entendendo algo,eram coisas demais para pensar

- Não, nada

Como disse antes,o silêncio era a maior virtude que um ser humano poderia ter,não dizer nada,as vezes,quase sempre,se tornava o caminho que eu percorria e tentava sair sozinho
Eu sabia que não era forte o suficiente,mas eu tentava ao máximo aguentar firme,afinal,como todos diziam,já passaram dois meses,seu lugar na cafeteria,o lugar de Sofia,continuaria vazio,ela não voltaria mais e faria o mesmo pedido,eu não ficaria observando as clientes,porque nenhuma era ela

O lugar tomava vida cada vez que ela entrava,mas agora,se tornou outro lugar comum,onde poucas pessoas vão,e quase nunca voltam
Era nítido que algo me incomodava,quando eu olhava para a janela,a chuva que corria sobre ela,tudo me lembrava os dias frios em que Sofia entrava e pedia seu tão adorado chocolate quente

Quando o relógio finalmente apitou,eu tirei meu avental,e peguei a minha mochila,lancei um pequeno sorriso para o Sr.Guilherme,e saí de lá

Os dias se tornaram dolorosos, pareciam levar uma eternidade para chegar ao fim,e as lembranças que iam e voltavam,me fizeram pensar em vários finais diferente para esta história,nada nunca mudou,todos me levavam diretamente a aquele dia,no qual eu queria mas não conseguia esquecer
Mesmo no verão, as manhãs ficavam frias,a chuva caía,fazendo as pessoas correrem como se fosse algo fora do normal,algumas mulheres tentavam proteger seus cabelos,outras suas maquiagens,se eu pensasse como pensava antes,acho que diria que as pessoas não sabem mais viver
O se molhar na chuva,se tornou incomum entre todos,por isso me olhavam de um jeito estranho,eu não me importava,nunca me importei,afinal,é só água,eu não era feito de açúcar,e não me importaria de pegar um resfriado e não ir a escola no outro dia

Talvez merecesse isso,merecia sofrer mais do que Sofia,estava tão óbvia a verdade,eu apenas fingi não ver,eu deixei ela ir,eu não a impedi,eu não impedi ninguém,por isso,mereço sofrer agora,mereço sentir toda essa dor
Essa dor,é a única coisa que ainda me faz lembrar dela,e por isso,não posso deixar ela partir e viver como se tudo estivesse bem

...continua...

After the RainOnde histórias criam vida. Descubra agora