Ele é tão idiota. Todos os garotos do mundo são, na verdade.
Isso me faz pensar que eu jamais vou me casar.
Simon ficou o dia todo me chamando de gordinha e puxando meu cabelo.
Dessa vez a senhorita Timothy viu e colocou ele de castigo lá atrás da sala.
Claro que isso não impediu ele de continuar me incomodando porque ele começou a jogar bolinhas de papel com saliva no meu cabelo.
Os meninos são nojentos.
Na hora do recreio Isabela estava na mesa dos fundos como sempre.
Sentei do lado dela torcendo pra que o Simon não resolvesse fazer alguma outra gracinha.
Quando estava quase terminando de comer, Simon passou por detrás e roubou a minha maçã. Ele disse que eu já estava muito gorda e deveria parar de comer. Todos riram. Eu fui pro banheiro chorar e Isabela foi comigo. Droga, a gente não tinha paz contra aqueles valentões.
Lavei meu rosto e saí do banheiro.
Ao olhar pela janela eu vi Stephanie se balançando no parquinho.
Perguntei pra Isabela se ela conhecia a Stephanie e apontei pro parquinho. Isabela disse que não tinha ninguém no parquinho. Olhei pro parquinho e realmente não tinha ninguém. Só o balanço se movimentando sozinho.
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Voltei pra sala de aula e Simon já havia deixado o castigo. Por incrível que pareça ele se comportou no restante da aula.
Na hora da saída eu olhei pro parquinho pra ver se achava a Stephanie e nada.
Subi no ônibus escolar e pra minha surpresa Stephanie estava sentada nos bancos de trás.
Stephanie estava tão triste quanto da última vez.
Perguntei onde ela morava e novamente ela disse que morava perto de um Salgueiro. Pedi pra que ela fosse mais específica. Ela disse que depois que o pai foi pro céu, ela morava em uma casa cheia de outras crianças que não tinham pais e que ela fugia de vez em quando.
Eu convidei ela pra morar aqui em casa. Ela gostou da ideia e disse que iria.
Simon subiu no ônibus e veio na minha direção.
Ele disse que além de gorda eu era esquisita por estar conversando sozinha no fundo do ônibus.
Stephanie me disse que Simon era idiota e por isso não poderia vê-la. Somente crianças especiais conseguiam.
Chegamos em casa e eu pedi pra Stephanie entrar.
Ela me lembrou que não podia entrar assim sem ser convidada pelo dono da casa.
Fui na cozinha e contei pra mamãe sobre a Stephanie. Mamãe também não podia ver. Somente crianças podiam ver.
Quando minha mãe ia convidar a Stephanie pra entrar, papai chegou e perguntou que bobeira era aquela. Ele estava bêbado como sempre.
Mamãe me mandou subir.
Eles continuaram discutindo por muito tempo.
Quando eu olhei pela janela a entrada da casa, Stephanie não estava mais lá.
