1. doce rotina, primeiro café

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"Vamos, Lisa, você precisa sair dessa rotina", A garota mais velha, cujo atendia pelo nome de Nayeon, balançou seu braço de forma insistente.

"E que rotina," Kim Jennie, a bela com olhar sedutor, ironizou. "Tão agitada que me dá sono só de ver," Fingiu bocejar.

Lisa encarou Kim com um revirar de olhos, sorriu levemente para Nayeon, no entanto.

"Hoje nem mesmo é final de semana, prometo que saio com vocês na sexta ou no sábado, okay? Além disso, são seis horas da manhã, só quero meu café e começar minha leitura," A ruivinha de sorriso contagiante ergueu o seu livro, alegremente.

"Você devora tantos livros que acho que um deles ainda vai te devorar algum dia," Jennie guardou o celular no bolso conforme caminhavam, impaciente com o isolamento e monotomia com a qual Lisa enchia sua rotina.

A verdade é que Lalisa era alegre, extrovertida e faria qualquer um rir do quão falhas eram suas tentativas de piadas, embora fossem tão sem-graças que tornavam-se engraçadas. Mas ela não era do tipo que gostava de luzes brilhantes que piscam, de lugares com muitas pessoas ou de música alta. Antissocial? Isolada? Não realmente, ela apenas dava muito mais valor a sua doce rotina e paz de seus vícios, livros e café, do que qualquer outra coisa mais "divertida" em consenso geral.

"Okay," Nayeon bufou, tendo os lábios franzidos em um bico que fez a ruivinha rir. "Mas nos prometeu, não tem desculpa final de semana."

"Sim, senhora," Manoban bateu continência. Logo, ao avistar sua cafeteria favorita, se despediu das melhores amigas e girou seus calcanhares, atravessando a rua cuidadosamente para enfim chegar ao local.

O som do sininho batendo chegando aos seus ouvidos ao passo que empurrou a porta, o cheiro de café e panquecas invadindo suavemente suas narinas ao adentrar o local, tudo a acalmava e a fazia se sentir em paz.

A cafeteria tinha uma decoração rústica e antiga, familiar, que foi exatamente o que, de início, atraiu Lalisa. Era como rever filmes de sua infância, ou sentir o cheiro da comida de sua avó que sentia quando criança. Nostalgia, estabilidade, lar doce lar. Eram exatamente essas as sensações, embora Lisa nunca tenha estado lá quando pequena. É como quando você ouve uma música antiga pela primeira vez, ou vê uma série antiga pela primeira vez. Você geralmente tem a sensação de nostalgia mesmo que nunca tenha vivido isso antes. E Lisa adorava, independente do quanto Nayeon resmungava ou do quanto Jennie a zoava.

Sete pessoas, Lisa observou. Uau, esse é o recorde a essa hora. Exatamente pela cafeteria estar sempre vazia a essa hora, sua mesa de costume era sempre garantida. Voltou-se para a pequena mesa com duas únicas cadeiras que localizava-se exatamente abaixo da janela, parcialmente cobertas por cortinas em um tom marrom desbotado. Sorriu, observando a visão da rua que a janela a proporcionava: trabalhadores apressados, idosas sorridentes, crianças empolgadas.

Lisa era, de fato, bastante observadora. Pequenos detalhes eram os que mais a atraía. Como, às exatas seis e quinze, o garotinho moreno de boné vermelho sempre passava mascando chiclete e puxando seu cachorro, as vezes sendo o cachorro quem o puxava. Ou a senhora simpática, com quem uma vez conversou, de penteados loucos e esquisitos que Manoban amava. Oh, também tinha o carteiro. Ele era bastante rabugendo e sarcástico, mas sua personalidade tinha características únicas que faziam Lisa rir para si mesma muitas vezes. Ele as vezes entrava na cafeteria para deixar algumas correspondências no balcão. Tinha também o sábio e solitário senhor que sentava-se sempre na mesa atrás de Lisa, ele ficava extremamente feliz quando alguém demonstrava interesse em suas experiências, por isso a ruivinha muitas vezes abria mão de sua leitura calma com café para dedicar sua manhã a ele.

Enfim, haviam muitas mais pessoas de traços únicos, que interessavam a observadora garota, que frequentavam o local ou as ruas vistas pela "sua" janela. Ela poderia listar todas essas pessoas e contar bastante coisas que observou nelas, mas a chamariam de louca - embora Jennie já o fizesse, mas eram brincadeiras que faziam parte de sua amizade - e ninguém nunca se interessaria por sua baboseira.

Os próximos quarenta minutos matinais que Lisa gastava na cafeteria passaram-se rapidamente. Jennie estava estava certa nesse ponto, Lisa realmente devorava livros e se perdia totalmente neles.

"Manoban," A voz rouca e suave a tirou de seus pensamentos. Era Kim Jisoo, uma das garçonetes do local. Ela era bem desajeitada e raramente acertava as bebidas dos clientes, era divertido observá-la correr por todas as mesas e, eventualmente, derramar uma ou outra, e outra e outra, bebida.

"Uh, eu ainda não pedi," Lisa parou de tamborilar com seus dedos em seu livro em cima da mesa, vendo o café com creme que a garota segurava.

"Cortesia de alguém especial," Jisoo piscou de forma suspeita, porém Lisa apenas deu de ombros e agradeceu, fazendo a morena ir servir outro café.

Sua real confusão se deu ao pequeno papel que encontrou abaixo da xícara, em cima do pequeno prato. Franziu o cenho, lendo as palavras.

“você e eu, juntos, devemos sentar e olhar um para o outro. o tempo parece com você, e as memórias sobre o caminho florido, tudo… pegue as cartas que escrevemos, vamos só entregá-las um para o outro.
então podemos conhecer nossos sentimentos discretos, conhecemos agora nossos olhares, o "eu" que fica sempre tímido na sua frente”

Campfire. Seventeen. Era uma música. Lisa conhecia essa música. Mas por que a mandariam isso?

A ruivinha olhou em volta, observando cada rosto presente, não notando nenhum suspeito. Não teria como, de qualquer forma, Lisa sabia muito bem sobre qualquer um que pudesse frequentar o local a essa hora.

Era estranho, uma forma bastante estranha de abordar alguém por quem está interessado. Especialmente em uma cafeteria, e em uma casual como essa, onde você apenas precisa sentar e começar a conversar. Será que a pessoa é tímida? Lisa devaneou, ou queria apenas ser original?

Bem, em ambos os casos, já conseguira pontos com a ruivinha. Foi realmente original e totalmente adorável. Guardando o pequeno papel decorado com desenhos de ursinhos em seu livro, Manoban sorriu, se levantando para abandonar o local.

garota da cafeteria┋chaelisa. blackpink.Onde histórias criam vida. Descubra agora