Prólogo 2 ~~ Matteo

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Saí do escritório do meu pai pisando alto, furioso na verdade, não devia mencionar ele como um pai, afinal ele não sabe o que é isso, já soube um dia, mas não mais, não depois que minha irmã Dalila e minha mãe morreram.

Lorenzo se tornou amargurado de princípio, e depois se tornou cruel a ponto de machucar pessoas inocentes.

Há três anos eu descobri que ele estava raptando garotas inocentes para levar para a fazenda que antes servia para nós passarmos os feriados. Hoje servia para o antro de pedofilia. Meu pai comprou muitos para não vazar nada para os federais, aliás, ele tinha muitos no bolso.

Inclusive a lei que se mantinha no escuro para casar com meninas de dez anos, isso era errado, um crime na verdade, ninguém fazia nada para impedir, mas vou lutar com unhas e dentes para eliminar todos, até Lorenzo.

Tantas vezes eu fui até o quarto do meu pai e o vi dormindo, a sede que tive de matá-lo ali era tanta... seria tão fácil, porque há muito tempo Lorenzo Salvatore deixou de ser meu pai, para mim o verme imundo está, morto, só não posso dizer enterrado, porque o velho asqueroso está vivo e gozando de boa saúde.

Entretanto, não posso matá-lo agora, como gostaria, isso me traria vários problemas, se fosse só eu a pagar o preço, eu faria, correria o risco, mas isso afetaria a todos à minha volta. A minha família, não falo só a de sangue, mas a minha origem, as pessoas que são contra o que meu pai faz, elas dependia que eu derrubasse todos eles e trazer a todos alguma paz que foi tirada desde que meu avô que já morreu se tornou capo e logo Lorenzo ocupou seu lugar e se tornou um ser abominável.

Eu sei por que meu pai fez isso, pegar crianças inocentes de suas famílias e levar para aquele inferno, por que é isso que a fazenda se tornou. E depois dá-las aos homens para abusarem delas e matarem-nas. Era tudo uma vingança que Lorenzo achava em sua mente distorcida que estava fazendo, uma vingança contra minha irmã, que morreu em Moscou há doze anos. Dalila, ela tinha só dez anos quando a estupraram e mataram, não deixando nada além de suas roupinhas.

Meu peito aperta ao pensar nisso, a dor apossa nele que me impede de respirar, por que naquele dia era para eu estar com ela e mamãe, mas Lorenzo precisava me treinar me espancando para ser homem de verdade, palavras dele, não minha. Se eu tivesse com a minha pequena não teria deixado ninguém toca-la...

Odeio Lorenzo, por que tudo isso é culpa dele, por não me deixar ir ou mandar pessoas a mais para protege-las, agora fica aí querendo vingança com inocentes sendo que nenhuma delas tem nada a ver com isso.

Nesses últimos anos, quando soube desse antro, o que meu pai fez com nossa fazenda, transformando-a em um matadouro de garotas, tentei salvar quantas pude. Eu sabia que não podia fazer muito, não quando eu não estava no poder.

Conheci Evelyn, uma ruiva exuberante que salvei de um dos homens do meu pai, Salvir, que a estava pegando a força. Por isso o mandei para o inferno.

Depois do dia que a salvei, ficamos amigos, e pela primeira vez na minha vida me apaixonei por alguém, mas ela não nutria o mesmo sentimento por mim.

Eu não sabia se era porque fiz o que fiz a ela ou porque sou filho do meu pai, o homem que a levou de sua família e trouxe para esse buraco dos infernos.

Há dois anos ela me pediu para bater nela, porque não podia lidar com a perda da sua família. A única forma que ela achou de amenizar sua dor era encontrando outra. Eu tentei fazê-la mudar de ideia, mas não consegui. Se eu não fizesse isso, ela se meteria em encrenca e seria presa na maldita cruz acorrentada por três dias com fome e sede, e também seria açoitada dia após dia. Eu escolhi cintadas em vez das chicotadas que os homens do meu pai usavam para castigar alguém.

Céus! Só de pensar nessa porra de mundo eu ficava irado, porque éramos para ser uma família e proteger uns aos outros. Meu pai e tio Enzo afundaram nossa família, e eu seria o único a derrubá-los e tomar o controle da situação. Desmancharia esse antro que eles fundaram.

Lorenzo prende as garotas em uma maldita cruz como se fosse para castigar... ou sei lá o que se passa naquela mente doentia e demoníaca. Como uma pessoa pode transformar-se de boa a ruim? Ele se tornou um demônio.

Eu também sou um demônio por ter compactuado com tirar o sofrimento da Evy, cada cintada que eu dava nela era como se estivesse dando em mim. Penso que não fiz o suficiente, talvez devesse prendê-la, não lhe dando chance de se ferir por si própria como eu sei que faria, caso eu não ajudasse.

Eu estava tão absorto em minha mente que quase não ouvi um grito de uma mulher, tinha acabado de chegar a boate após uma reunião com Lorenzo me repreendendo por não ser cruel o suficiente, como coisa que faria o que ele e seu irmão faz, pensei amargamente.

— Puta como eu? Acha que por vir a uma festa e estar indo embora agora, sou uma vadia que precisa ser fodida por um idiota como você? Um aviso: vai à merda, seu babaca. ― gritou a mulher.

Ela era louca? Gritar e enfrentar um estranho na saída de uma boate?

Eu estava cego assim que vi o cara a prendendo na parede. Eu me lancei para ele prendendo minhas adagas em sua garganta.

A Escolha, Príncipes da máfia Livro 2Where stories live. Discover now