Como um filme adolescente clichê

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Paixão

One-shot por: BoliDeArroz

Yachi Hitoka estava apaixonada.

E não simplesmente apaixonada. Ela estava amando alguém. De uma forma tão grandiosa e profunda que ela mesma nunca tinha imaginado ser possível amar alguma pessoa tanto assim. Era algo novo, já que nunca havia tido nem sequer a famosa "quedinha" por amigo algum, por mais próximo que fosse. Bem, por ele, ela sabia que somente uma quedinha não chegaria nem perto do que era de verdade - talvez nem mesmo uma queda de um abismo seria adequado para isso. Então era apenas mais sábio desistir de procurar as letras certas para explicar o que era aquilo, afinal, nem mesmo as palavras presas em sua garganta poderiam ser o suficiente para descrever o que sentia.

Ele era o seu primeiro amor.

E, como em um daqueles filmes adolescentes clichês, ela nem percebeu que estava se apaixonando. Foi algo sutil, algo queimando calorosamente e lentamente dentro de seu peito. Ela percebeu isso quando tudo que sua cabeça fazia era rebobinar os momentos que tinha com ele, ansiar pelo dia seguinte para falar mais com ele e criar fantasias com ele. Era quase como se houvesse uma voz aguda gritando em seu ouvido no volume máximo o nome de seu amado durante todas as benditas vinte e quatro horas do dia.

E por quem estava apaixonada? Até mesmo quem não a conhecia sabia a resposta.

Hinata Shouyo.

E se tratando de apaixonar-se pelo ruivo cheio de energia, ela aprendeu que o amor era simplesmente o sentimento mais contraditório que já tinha sentido.

Porque era pateticamente bom apenas estar perto dele. Seu coração parecia querer explodir de tão forte que batia, seu rosto pegava fogo, sua boca secava e as palavras eram desconexas. E isso passou a acontecer com frequência. Logo, chegou em um ponto que apenas oferecer uma garrafa de água para Hinata após um treino pesado de vôlei, já era o suficiente para que passasse vergonha gaguejando ou falando algo completamente sem sentido. Mas um simples riso dele era o suficiente para ficar nas nuvens por semanas. Além disso, ela não podia deixar de reparar em todos os detalhes de Hinata, principalmente em como ele ficava extremamente atraente pingando de suor e praticamente brilhando de tanta animação.

Entretanto, mesmo sendo um sentimento caloroso e bom, ele também era frio. Era uma tortura. Pois o sentimento que fazia seus lábios se desenharem instantâneamente em um sorriso enquanto borboletas dançavam em seu estômago só de chegar perto de Hinata, doía. Doía saber que não seria recíproco não importava o que fizesse, doía que sua confissão sendo aceita por ele era apenas o roteiro de mais um sonho bom, doía ele estar tão perto e, ainda sim, tão longe de si. Doía nunca ser o suficiente para alcançá-lo.

Mas machucava ainda mais ver seu amado abrir um sorrisão iluminado por causa de outra pessoa, corar por causa de outra pessoa, ter o coração elevado ao extremo por outra pessoa, se conectar de corpo e alma com outra pessoa, amar outra pessoa tanto quanto ela amava-o. Provavelmente até mais.

Kageyama Tobio era essa "outra pessoa".

Mas não era culpa de nenhum dos dois. Yachi que tinha se apaixonado pelo jeito confiante e divertido de Shouyo, como ele era alegre e se importava com todos ao seu redor, por seu olhar brilhante e ambicioso por melhoras. Era um triângulo amoroso do qual ela não via-se no direito de fazer parte. Na verdade, sentia-se como uma antagonista mesmo não ousando nem desejar nada de ruim para os dois.

Ainda havia um pouquinho de esperança, uma luz no fim do túnel. Pois assim também como um daqueles filmes adolescentes clichês, onde os protagonistas passam por todo tipo de situação cruel e constrangedora, no final, há sempre um final feliz esperando por eles. Entretanto...

Yachi Hitoka era apenas uma figurante. Uma Habitante B.

Não era o dever dela ter um final feliz com o ruivo, pelo contrário. O seu dever era ajudar, mesmo que por trás das cortinas, o casal principal a se juntar no tão almejado final feliz. No caso, esse papel dos protagonistas era realizado por Kageyama e Hinata. Eles mereciam isso, não Hitoka. Não cabia a ela se meter no meio da história de uma maneira tão egoísta e ousada.

Então, como uma boa figurante, ela iria sair da frente das câmeras para cumprir seu papel.

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