O Incrível Caso de Leonan e Alice

O Celeiro

Lavínia era uma amiga de infância de Leonan. Ela havia visto toda aquela cena no grupo, e não aguentou, teve de se manifestar, em defesa de seu xuxuzinho dos olhos cor de barro. Nos comentários de um outro post de Leonan, no qual ele dizia ter virado personagem de fanfic, comentou:

“Gente??? Vocês são loucos? Essa menina foi muito tóxica e eu tô tipo ????”

   Mal sabia ela que os dois já haviam conectado seus fios vermelhos do amor.
   Após àquela noite, Leonan e Alice nem acreditavam no que havia feito. Fizeram tudo aquilo enquanto estavam claramente bêbados, e, quando ambos acordaram, Leonan levou logo um soco na cara, e de sua casa saiu Alice correndo. Ela estava confusa, pois o amava, mas não o aceitava; para ela, ele era um ser asqueroso divino que havia lhe oferecido a Fonte da Juventude dos toddynhos. Leonan, no entanto, já estava certo de seus sentimentos, nenhuma confusão habitava em seu consciente, e muito menos no subconsciente. Tsunderes raivosas eram seu tipo.
   Por muito tempo o garoto correu atrás de Alice, enviou mensagens para a mesma, foi até a casa da mesma, e nunca foi atendido. Porém, um dia, após muito insistir, Alice aceitou ir ao shopping com ele, e esse foi seu maior erro.
   Lavínia, uma yandere ferrenha, vinha seguindo Leonan desde o primeiro dia em que o mesmo fora até a casa de sua rival. Ela não entendia como uma vagabunda como aquela – vagabunda para ela, anjo para Leonan – poderia tomar conta do coração de seu amado que desde pequena conhecia, desde pequena brincara, cuidara. Para Lavínia, isso era uma tremenda traição, um sacrilégio, e ela não deixaria isso passar tranquilamente.
  
   Este era seu plano:

  Iria ao shopping no mesmo dia que os dois pombinhos, com ela levaria diversos toddynhos, e contaria com a ajuda de sua melhor amiga, Giovanna. Quando Leonan fosse ao banheiro ou se distraísse, Lavínia daria o bote e atrairia Alice para o estacionamento subterrâneo do estabelecimento, onde a tsundere seria enfiada num porta-malas e levada para um celeiro no meio do nada. O que aconteceria lá, nem Deus sabe.
     
   O Grande Dia chegou
  
   Alice estava usando uma roupa azul e decotada, mas não aberta ao ponto de mostrar suas vergonhas; seus cabelos eram longos, pretos, e soltos – estavam livres como o vento e o sol. Leonan trajava-se em uma camisa de manga curta preta, usando uma bermuda de mesma cor que batia no joelho; seu cabelo estava, como sempre, atrapalhado e para cima – este era o único penteado que usara em toda a sua vida, e não pretendia mudar seu estilo por nada, nem mesmo por Alice.
   As primeiras horas no shopping foram tranquilas; assistiram à um filme trash de comédia, comeram um sanduíche, e, após um dia inteiro sem sanar suas necessidades, Leonan foi-se ao banheiro.

“É agora!”
  
   Pensou Lavínia, que conversava com Giovanna por meio de um Walkie Talkie.
   No banheiro, Leonan soltava um glorioso barro, que estava segurando já havia uma hora. Estava demorando bastante, e do lado de fora, Alice o esperava; quando Alice menos esperava, uma trilha do toddynhos havia sido criada, e ela obviamente seguiu o rastro, pois estas bebidas seriam deveras úteis mais tarde, na casa de Leonan, quando assistiriam juntinhos o Sam e o Dean caçando o tinhoso.
   Mal percebeu, e já estava no local do sequestro. Giovanna saiu das sombras, enfiou a cabeça de Alice em um saco preto, e a prendeu no porta-malas. De lá, como eu já disse que aconteceria, foram ao celeiro.
   Tudo isso aconteceu quando Leonan estava expurgando os males de seu corpo. Quando o garoto saiu do banheiro, e não viu sua amada, desesperou-se como quando um cachorro vê seu filhote sendo levantado. Olhou para um lado, para o outro, e nada viu; perguntou para algumas pessoas, e uma velhinha de bengala havia visto uma menina em azul seguindo uma trilha de toddynhos.

“Uma trilha de toddynhos?”

   Leonan pensou.

“Então não deve ter sido nada”

   Leonan ainda perguntou para a velhinha se ela viu em que direção a menina havia ido, e ela apontou para o corredor que levava ao estacionamento subterrâneo, que não era muito usado, mas ainda estava aberto para uso.
   Chegou lá e não viu nem os toddynhos, nem Alice, e então teve um incrível pensamento: