POV Demet
A imagem do Can suado, com a camisa colada em seu corpo, repetia-se em minha mente por todo o caminho desde que saí daquele estúdio de dança, assim como o modo como seu sorriso surgia quando eu dizia algo engraçado, às vezes propositalmente apenas pra ouvir sua risada grossa e contagiante.
Olhei a cozinha ao meu redor, com raiva, perguntando-me desde quando eu havia me tornado tão observadora, e me concentrei em abrir o vinho. Álcool. Era isso que eu precisava, não iria beber muito, apenas uma taça, porque sabia que amanhã iriamos trabalhar normalmente.
Abri o armário escuro, retirando duas taças e nos servindo. Caminhei até a sala, com a taça entre meus dedos, procurando a caixa de som que eu tinha visto outro dia aqui, e liguei o som, satisfeita com a música que começou a tocar.
Pensei no que poderíamos fazer pra jantar. Abri a geladeira olhando o que poderia ter ali dentro que me ajudaria. Era engraçado como Can era realmente prevenido, ou exagerado. Ele sempre tinha muita comida em casa, e das mais variadas coisas. Eu não o julgava, sabia o quanto era movido a comida, então me deixava feliz saber que ele realmente cozinhava aquilo tudo, e não deixava estragar.
Fui lavar minhas mãos antes de começar a cozinhar, e assim que temperei a carne e coloquei para assar, peguei vários legumes e verdura para fazer uma salada. Comecei a cortar, concentrada, as coisas à minha frente, e apenas o som da música ao fundo e da faca contra a tábua eram audíveis, porque eu era a única que conseguia ouvir meu pensamento irritante. Ele continuava a surgir, todos os minutos, desde que Can apareceu no estúdio.
— Concentrada? — A voz grossa me trouxe de volta à realidade em um susto.
— Can! — gritei, levando a mão ao coração, recuperando a faca que havia largado na tábua. — Está querendo me matar de um ataque cardíaco?! Temos uma série pra terminar, não posso morrer e deixar coisas pendentes. — Tentei controlar minha respiração, encarando-o.
Sua camisa branca o iluminava ainda mais, e os cabelos estavam molhados e soltos. Ele estava o mais rebelde e charmoso possível. Suspirei, limpando minha garganta, e voltando para os legumes esquecidos diante de mim.
— Desculpa — sussurrou, surpreendendo-me. Levantei meu olhar de volta a ele e neguei com a cabeça.
— Can, não precisa pedir desculpa. Sei que não foi por querer — Olhei-o confusa, e ele apenas deu de ombros. Apontei para a taça que eu havia servido pra ele, e peguei a minha pra brindarmos. Tomei um rápido gole do meu vinho e fechei os olhos, agradecida pela bebida.
— Que cheiro delicioso! — exclamou.
— Peguei o que mais me chamou a atenção na sua geladeira, então vamos ter costela de cordeiro assada — Apontei para o forno, em direção à carne que eu havia temperado e colocado para assar.
Dei risada, porque era algo que realmente me deu vontade de comer. Ele me olhou, atônito, e apontou para o forno, gargalhando.
— Delicioso, mas vou acabar com sua salada assim que ficar pronta. Por Allah, não irei esperar três horas e meia até a carne assar, vou morrer de fome — Abriu a geladeira, retirando uns queijos. Parei o que estava fazendo, observando-o pegar uma faca e começar a picá-los pra comermos. — O quê? — perguntou, quando me viu olhando-o.
— O quê? — repeti com seu tom de voz, bufando. — Se você reclamar do tempo de cozimento do meu jantar de novo, eu vou te expulsar dessa cozinha, te mandar pra um restaurante e comer tudo sozinha! — Ele gargalhou, erguendo as mãos em sinal de rendição, e me estendeu um pedaço de queijo.
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Elastic Heart
Romance-chapters available in English- Era pra ser apenas mais um domingo, se não fosse por uma coreografia e algumas taças de vinho. Demet jamais imaginou que Can iria surgir no estúdio de dança, e muito menos que eles iam provocar tanto um ao outro em ap...