Capítulo 01

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  Era um dia quente apesar de estarmos no outono, os pássaros cantavam alegremente e as árvores balançavam em um descompasso com o vento, mas pra mim não era um dia feliz, muito pelo contrário, era um dia de sofrimento. Papai havia mandado recado por um dos garotos da aldeia, estava voltando para casa e como sempre, não voltaria feliz ou animado com a recente vitória, mas sim infeliz com algo que ninguém jamais poderia remediar.
Finn meu irmão mais velho, já havia me dito que papai era assim porquê havia perdido uma filha que veio antes dele e que por isso nosso pai era tão cruel. Se era verdade, eu nunca soube, o que eu sabia era que a crueldade de papai sempre era voltada para mim, como se eu tivesse culpa por tudo de ruim que havia em sua vida, mas eu não me incomodava tanto com isso a todo caso, preferia sofrer nas mãos dele do que ver qualquer um dos meus irmãos passar por aquilo.

Ao longe estou ouvindo mamãe mandar Kol me chamar para as obrigações do dia, pego o travesseiro e enfio nos ouvidos, não queria levantar, só queria me lembrar dos momentos de paz que eu tive enquanto papai esteve longe, como Elijah e eu havíamos caçado, na verdade ele é quem caçava porque eu era péssimo, mas ele tinha muita paciência comigo, eu até conseguira posicionar o arco, já que estava bem longe da pressão que papai me colocava.

- Nik!? - Kol se aproximou de mim sem muita cautela, ele não era exatamente um garoto cuidadoso. - Mamãe disse pra você ajudar a alimentar os cavalos e eu não estou falando do Finn.

Dei um sorriso sem querer. Finn sem dúvidas era o irmão menos simpático e querido da família. Não que eu não o amasse mas ele não era tão amoroso quanto Elijah, vivia sempre envoltos naqueles feitiços estranhos que eu nunca soube fazer, diferente do Kol, que apesar de ter apenas sete anos sabia executar uns feitiços bem úteis.

- Eu já estou indo, Kol. - Me levantei arrastando os pés e indo para cozinha, notei que Kol me seguia com uma cara estranha, como se estivesse com pena. Eu conhecia aquela cara, todos me lançavam olhares de pena.

Apesar dos meus doze anos eu era considerado um garoto forte, claro que papai não via essa força, mas as outras pessoas da aldeia sim. Sempre falaram para mamãe o quanto eu era desvalorizado, que eu tinha talentos que ninguém mais na aldeia tinha. E isso era verdade, eu era bom artesão e pintava muito bem, era uma das poucas  coisas que me causavam orgulho, mas para o meu pai aquilo só aumentava ainda mais a sua vergonha.

  Não era só das pinturas e os artesanatos que me inspiravam, mas sim algo que habitava dentro de mim, uma sensação de poder e força, uma certeza de que além daquelas árvores havia um mundo do qual eu pertencia, algo só meu que ninguém jamais teria o poder de me tirar.

- Bom dia, Senhora Shoelksman.
- cumprimentei animadamente a melhor amiga da minha mãe.

- Bom dia, Klaus. - ela me sorriu acariciando os meus cabelos.

Senhora Shoelksman era a esposa do chefe da nossa aldeia, era uma mulher extremamente feia mas muito generosa que também possuía poderes, só que os da visão. Era conhecida por ser uma das poucas pessoas que enfrentavam o meu pai. Ela não gostava quando ele me batia.

- Eu já lhe dei muitas previsões sobre o seu filho, mas vou tornar lhe avisar. Niklaus é um menino bom e possuí um coração enorme, por isso tenha cuidado.  Seu amor move montanhas, mas o seu ódio é devastador.

Enquanto alimentava os cavalos eu ouvia a visão daquela senhora. Não entendia o que ela queria dizer. Eu não odiava ninguém, nem mesmo papai. Não gostava de brigas ou discussões, a visão estava errada, eu tinha verdadeiro pavor a violência.

- Você já me disse isso, Agatha. Dos meus filhos cuido eu. Como você mesma mencionou Niklaus é o meu filho mais especial, não há o veneno da discórdia no coração dele.

The History Of The Mikaelson FamilyOnde histórias criam vida. Descubra agora