Primeiro amor

30 3 0
                                    

Pra vocês entenderem certinho o porque ela era importante pra mim, vou voltar pra terceira série.
   Sem amigos durante 3 anos após o primário, onde todos são amigos, mas eu saberia lidar com isso mais tarde, eu passava todos os intervalos sozinhos, comendo sozinho enquanto via os outros se divertindo, e eu pensava "será que algum dia eu vou ter isso?", isso vinha muito a minha cabeça, e tudo mudou quando lá estava eu sentado, comendo meu lanche como de costume, e aí eu vejo uma garota sentada na minha frente,  não lembro das palavras, mas fiquei feliz por estar comendo com alguém. Eu era excluído dos meninos por ter um jeito meio feminino e por detestar futebol, ela era excluída das meninas por não se encaixar no padrão, e isso nos juntou de uma forma.
Com o passar dos anos nos separamos e ao trocar de escola, ela era a única que eu conhecia, então voltamos a nos falar, e sempre me diziam "vocês dois formam um casal estranho kkk", éramos zuados por isso. Quando chegamos no 9 ano, ela caiu na minha sala, e eu estava relutante em ter ela ali, ela de certa forma fazia eu me sentir diferente, eu estranhava aquele sentimento.

Nos reaproximarmos novamente e dessa vez eu não tinha mais vergonha com ela, e eu decidi deixar ela me ler, me abri pra ela e contei todos os meus segredos, minhas vontades, ela foi a primeira pessoa que eu contei sobre ter ficado com meninos, na época era um segredo que poucas pessoas guardariam, eu não entendia isso, então eu pedia muita descrição dela.
Ao final desse ano, ela se mudou para o Rio de Janeiro, e mais uma vez ela foi embora, mas não fiquei triste mantínhamos contato por telefone. Ela achava que não voltaria pra São Paulo, então ela estava me contando coisas porque esperaria não voltar, ela me disse

- eu gostaria de ter te beijado, eu gosto de você. - eu fiquei feliz de ler isso, eu gostava dela do mesmo jeito, e foi o meu primeiro contato com a famosa reciprocidade.

- eu gosto de você também, deveríamos, mas infelizmente vacilamos. - eu respondi isso com um misto de felicidade e tristeza, até ler as próximas mensagens dela, que diziam assim

- eu não sei se vou voltar pra Sp, mas se  eu voltar, você precisa me dar esse beijo. - eu me senti tão bem lendo isso, e eu fiquei feliz, as 4 horas da tarde, do dia 29 de dezembro, eu estava jogando dominó, lembro até hoje de como eu me senti.

Sem pesar e com muita felicidade eu aceitei, mais tarde eu descobriria aonde isso levaria. Após ela voltar, quando nos reencontramos estávamos tímidos demais pra beijar um ao outro, então deixamos de lado essa ideia por um tempo, não demorou muito pra que ela perguntasse o que eu queria ter com ela, eu disse que queria namorar com ela, ouvi ela dizer

- você vai ter que falar com minha mãe. - eu não esperava que isso fosse difícil, eu já conhecia a mãe dela a anos, e ela gostava de mim.

Após o pedido, a mãe dela não relutou e deu sua aprovação, eu me senti feliz, mas mal sabia eu, quem era essa menina de verdade.

Após isso, juntei um dinheiro e fui levar ela no cinema, eu marquei com ela as 13:00, eu cheguei na casa dela as 13:20, ela estava pintando o cabelo, e eu fiquei conversando com a mãe dela na cozinha, a mãe dela me disse coisas que pareciam surreais, ela me disse

- ela não é normal, GC, eu tenho medo de deixar ela com a vó dela, veja, minha mãe não faz nada a não ser ficar deitada, e sentada, e tudo o que eu peço pra ela é pra dar comida pra minha mãe, ela não consegue se movimentar direito, nem isso ela faz, e ela reclama de ter que fazer isso, ela pegou uma faca e me ameaçou, eu mandei ela ir morar com o pai dela no RJ por que ela disse que queria me ver morta... - eu não conhecia essa menina, e a cada palavra isso ficava mais claro

- Para de falar isso pra ele, mãe, eu já sabia que você me odiava, agora tentar acabar com meu namoro, você é uma puta!. - aos gritos ela apareceu, e eu não sabia o que fazer nessa situação, ela começou a chorar e foi pro quarto, eu fui lá pra conversar com ela, abracei ela e disse

- Mães são assim, mas você não deveria se importar com isso, só relaxa e deixa o tempo cuidar disso, você ainda quer ir no cinema? - perguntei a ela, esperando um não

- eu não vou deixar ela estragar tudo, vamos.

Saímos da casa dela, já eram 4 horas, mas eu não fiquei bravo, já estava acostumado com imprevistos. Depois que voltamos do cinema ela começou a me tratar diferente, ela se tornou fria, me afastou, eu não sentia mais que ela gostava de mim, ela não andava mais comigo, parecia que ela tinha vergonha de mim, e uma noite, após ficar sofrendo isso por semanas, eu peguei meu celular e tomei coragem e confrontei ela, dizendo

- porque você me trata assim, você quer terminar? Eu fiz algo errado? Quando foi que você esfriou comigo? - eu não aguentava, aquela dor excruciante me matava aos poucos, e naquele momento, eu estava largado no chão do meu banheiro com o chuveiro ligado, não queria que me vissem chorando, cada segundo que ela demorou pra responder, era insuportável, quando ela respondeu dizendo

- eu não gosto de você, isso já acabou faz tempo.

Naquele momento meu mundo caiu, a única pessoa que eu achava que gostava de mim no mundo, me destruiu. Então meu começo de ano não foi nada bom, eu estava em uma sala nova, e sem amigos, então eu me tranquei totalmente, e fiquei assim. O meu primeiro ano naquela sala nova, foi solitário e sem ninguém.

Isso doeu por meses, até eu transformar essa dor em raiva, eu odiava ela, odiava ver ela e ouvir a voz dela.

Relatos de um jovem suicida em potencial Onde histórias criam vida. Descubra agora