My Vamp- Jikook

Capítulo II

Turbulência.

Voltei para casa com a mão sobre o peito como se isso, de alguma maneira, fosse acalmar meu coração acelerado. Eu não sabia dizer o que havia acabado de acontecer ou quem eu havia visto, apenas lembrava-me de uma paralisia e da cor preta intensa. Olhei para trás durante todo o percurso até minha casa, com a sensação constante de está sendo seguido, culpei o estresse e a falta de sono por isso. Depois de atravessar a sala e subir as escadas, me tranquei no quarto e escorreguei pela porta até está sentado sobre o assoalho.

A janela ainda encontrava-se aberta e o sol brilhava diretamente em meu rosto, aquecendo minhas bochechas salientes. Respirei fundo e soltei o ar em um jato, reprimindo a nova onda de choro. Não era como se eu fosse mudar de país, Zurique era a cidade ao lado, mas aqui estavam todas as lembranças boas com o meu pai, meu melhor amigo e toda a tranquilidade de uma cidade pequena, apesar de ser uma atração turística.

Eu não quero ir embora.

Tive essa mesma sensação quando, há oito anos, meus pais decidiram sair da Coreia do sul; lembro-me de demorar algum tempo para conseguir ver Lucerna como um lar - Droga... - sussurro e em seguida ouço o som do meu celular sobre a escrivaninha, o toque era de uma música dos Queen, We Will Rock You. Levanto-me para atender a ligação, antes que minha mãe subisse as escadas achando que eu estava ouvindo as "músicas do diabo" outra vez, era assim que ela denominava minhas amadas bandas de Rock.

Vejo na tela do celular que se tratava de uma ligação do Hoseok. Atendo rapidamente, sentando-me na borda da cama. Sua voz era um alívio, deve estar preocupado por eu ainda não ter chegado na universidade, já que sou sempre pontual.

— Cadê você? A aula já vai começar. — ele falava baixo, estava na sala, consigo ouvir o barulho de conversas ao seu redor.

— Hoje eu não vou, descobri essa manhã que terei que ir para Zurique nesse fim de semana. — houve silêncio do outro lado da linha, então, prossegui, tentando diminuir o peso da informação. — Zurique é aqui do lado e ainda nos veremos na universidade todos os dias.

— Mas e a sua casa? Meu Deus, você nunca deixou nem a senhora Nabi reorganizar o escritório, depois que seu pai... — um pouco mais de silêncio, agora da minha parte. O escritório permaneceu do mesmo jeitinho que meu pai havia deixado antes do acidente, apenas o mantive limpo. Ele tinha um verdadeiro ciúmes daquele lugar, lembro-me que a porta ficava sempre trancada depois que ele saía.

Um sorriso pequeno surge em meus lábios, mas não era de alegria. Teria que desmontar tudo que estava ali dentro, não deixaria nada que era dele para outra pessoa. A ligação foi encerrada. Tenho certeza que levarei uma bronca de Hoseok por ter desligado na sua cara, mas ele teria que superar. Guardei o celular no bolso da calça e levantei do chão, limpando as lágrimas que escorreram com inconveniência.

Fiquei a manhã intereira enrolado nos cobertores e não me movi do lugar, nem mesmo quando escutei a porta sendo aberta e minha mãe surgindo no quarto. Observei-lhe caminhar até a cama, sentando na lateral, sua expressão era melancólica. Não queria deixá-la triste.

Mas o que eu poderia fazer?

Sua mão desliza sobre meus cabelos, acariciando-me como sempre fazia quando percebia que eu precisava de consolação.

— Me deixa ficar? — pedi, apertando os lábios, com um tom de voz choroso — Já sou maior de idade, posso me virar... Vou arrumar um emprego.

Ela continuou me olhando em silêncio, então, seus olhos castanhos vagaram pelo quarto, pelas fotos da família penduradas em um mural na parede. Levei minha mão até a sua, que estava sobre minha cabeça, apertando-a em um pedido mudo. Mamãe era muito bonita, o tempo não lhe fez mal, seu marido é um bom homem e ela tem talento como administradora. Ela tem tudo para recomeçar uma vida nova e feliz, sem mim o tempo inteiro por perto.