one&only

141 21 48
                                    

Há apenas duas regras a se seguir em todos os apartamentos do mundo: não fazer barulho depois das 8 e não ter animais de estimação grandes demais. Todo mundo sabe disso, e todo mundo que mora num apartamento segue essas regras como se elas fossem sagradas, e obviamente, estão certos. Mas o meu vizinho... a porra do meu vizinho desconhecia totalmente a primeira regra e sempre que dava 22 horas ele começava a fazer todos os tipos de barulhos possíveis.

Sabe, eu sou paciente, de verdade, um poço de paciência, mas esse cara tirava minha paciência como se eu não tivesse. Cada dia era um som incômodo diferente, às vezes era martelo batendo na parede, as vezes era TV alta e tinham dias que os barulhos eram tão altos que pareciam estar dentro do meu próprio quarto!

Eu queria dormir, queria dormir pra valer, mas a TV dele estava nas alturas enquanto passava Friends e eu não aguentava mais. Minha cabeça queria explodir de raiva por mais que eu estivesse na minha cama e com meu travesseiro confortável.

Eu deveria avisar o síndico, né? Mas sempre que pensava em ir pra recepção, lembrava do sorriso que o tal vizinho lançou pra mim enquanto eu saía pra caminhar numa manhã dessas.

Era bem cedo, bem cedo mesmo, o sol nem brilhava ainda e eu queria aproveitar que tinha acordado antes das 6 pra dar uma caminhada pelo quarteirão, então tomei um banho rápido e quando estava trancando a porta de casa, surpresa! Olho pro lado e vejo o tal vizinho me olhando enquanto eu tentava achar a chave certa pra trancar a porta. Ele carregava um sorriso muito bonito no rosto... quem diria que esse panaca indiretamente irritante poderia ter um sorriso tão encantador?

No mesmo dia, descobri sem querer que o nome dele era Taeil, Moon Taeil.

Mas o fato de ele ser encantador não escondia que ele era um filho da puta barulhento pra caralho que morava no apartamento do lado do meu.

Tudo o que eu estava pensando, sumiu quando a porra da risada da Phoebe invadiu meu quarto num volume infernal.

Levantei da cama e calçei minhas pantufas que tinham a cabeça enorme do Cheewbaka, segurando meu grito de irritação dentro de mim. Ele não ia escapar.

Com a força de todo o ódio que me movia, caminhei até a porta e a abri com tanta rapidez que me perguntei como encontrei a chave de primeira, mas não me importando em fechar ela assim que saí pra bater na porta do lado da minha, na casa do Moon Taeil Meu-Vizinho-Infernal.

Bati tantas vezes que meu ódio foi substituído por timidez, e me encontrei arrependido de ter levantado da cama pra fazer um verdadeiro barraco no corredor enorme do meu andar. Mas, como o universo gosta de provar que me odeia, assim que cheguei perto da porta da minha casa estando pronto pra entrar e fingir que nada aconteceu, a porta da casa dele abriu, fazendo eu me xingar repetidas vezes assim que percebi a burrada que havia feito.

Ao mesmo tempo que eu me xingava, me agradecia por ter levantado da cama, poder olhar pra trás e ver o tal Taeil com o cabelo tingido de um vermelho forte, vestia roupa de moletom e estava parado na porta, com um esboço de sorriso nos lábios, estava por acaso debochando do meu ódio? Maldito.

- Oi, você poderia pelo amor de todos os deuses existentes, abaixar o volume da sua TV? -perguntei entre os dentes, indo pra mais perto do outro que estava ali parado, encostado no batente da porta.

Ele riu, riu bem na minha cara enquanto o Chandler reclamava da namorada do Joey num episódio que eu já tinha assistido que ecoava dentro da casa daquele falso ruivo desgraçado.

- Você demorou pra vir reclamar comigo, Taeyong.

Fiquei estático. Como ele sabia meu nome? Como fazia as palavras parecerem tão leves enquanto as falava?

apart.ment - 2taeOnde histórias criam vida. Descubra agora