Effervescere

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“Sakura.”

Enquanto ela corria com os olhos estreitos com aquela familiar ferocidade de kunoichi que é toda feita de determinação, Sasuke Uchiha não conteve o instinto egoísta de querê-la correndo para si.

Sakura. Olhe para mim.

Quem poderia culpá-lo por isso, afinal? Ele foi bastante mimado pela atenção que sua companheira de time sempre se dispunha a dar-lhe e, pelos céus, como intimamente gostava disso a ponto de sentir a necessidade de tê-la olhando para si tanto quanto ela sentia necessidade de olhá-lo.

Todavia, não era só o olhar, era todo aquele não dito entre eles que gritava no escrutínio que um lançava ao outro. Sasuke, naquela época áurea de genin, sequer podia analisar e entender o que era a linguagem não-verbal transmitida naqueles olhos e ainda não podia fazê-lo ou ousar se dar ao luxo de divagar sobre a relação deles dois enquanto tinha suas prioridades, mas naquele momento, apenas naquele momento enquanto ele via sua antiga companheira de time correr em direção ao esquisito e patético ninja pálido que o substituía, o jovem Uchiha podia admitir, com a confirmação de Sakura através da confissão que a menina fez quando ele partiu de Konoha, que sim, aquele laço entre eles era vivo e provavelmente sempre seria.

Porque era natural para ela voltar-se a ele e alimentar aquele amor que tomou forma e substância na adversidade e na dor, virou verdadeiro e indissolúvel e só dele. Assim como era natural para ele buscar amparo naquele colo amável e por alguns instantes ser confortado e protegido. E, inferno, fazia tanto tempo... Sasuke, naqueles míseros segundos enquanto testemunhava o corpo esguio cortar o ar com fúria direcionando o punho raivoso para aquele sósia, quis acreditar que ela ainda tinha aquele amor por ele ali e isso dava a ele o direito de reivindicar a atenção dela para si.

“Sakura.”

Em choque, ela imediatamente virou e voltou sua visão para ele que se envaideceu da resposta imediata dela, embora nunca fosse admitir.

“Sasuke-kun?”

Oh...

Mais prazeroso que ouvir seu nome proferido por ela outra vez daquele jeito, era sentir que a maturidade havia aveludado a sua voz. E se ele pudesse discorrer a respeito do que a maturidade havia feito com a kunoichi talvez montasse uma pilha de pergaminhos com isso. Não exatamente porque ela havia mudado muito, na verdade tudo parecia igual, mas nada era o mesmo. Era melhor. Era como se a maturidade tivesse revestido a jovem com um filtro que fazia ela se tornar absurdamente desejável, se tornar mulher.

Aquela boca aberta pela surpresa de vê-lo era a mesma, mas estava carnuda e rosácea como se fosse feita pra ser tocada pelos lábios dele e os olhos, aqueles olhos, pareciam ter adquirido mais vivacidade que antes, como se fossem lapidados à fogo, brasas vivas.

Assim que baixou o olhar para o corpo dela, Sasuke percebeu que pagaria caro por isso. O pouco do colo que a blusa expunha pedia pelo contato do seu rosto, os seios se faziam evidentes no escarlate da blusa, o short colado não escondia o contorno perfeito dos seus quadris e coxas e toda a composição do seu traje ninja assim como a postura dela para si, mostravam que aquele corpo foi forjado para a batalha e para algo mais.

Sasuke não tinha ideia de qual treinamento Sakura havia se submetido, mas sabia que a linguagem corporal dela denotava perigo, que estava diante de uma ninja habilidosa e confiante em si mesma e isso o orgulhava. Fez uma nota mental de investigar depois a que pé andavam as habilidades da moça.

Ele tampouco entendia porque rever a kunoichi levou sua linha de pensamento sobre ela para o ponto do desejo. Era consciente que nenhuma garota habitava seus pensamentos como ela, mas quaisquer sentimentos que ele involuntariamente dispusesse a ela eram pueris. Até aquele momento, pensou.

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