Caso Kitty Genovese

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Catherine Susan Genovese, mais conhecida como Kitty, nasceu em julho de 1934. Kitty era a mais velha de 5 irmãos e cresceu ao redor do Brooklyn, em Nova Iorque.

Em 1954, a mãe de Kitty testemunhou um assassinato, o que fez a família se mudar para uma área mais segura em Connecticut. Porém, Kitty, já com 19 anos, ficou para trás.

A jovem, que tinha recém se graduado da escola, estava noiva e sempre ia visitar a família aos fins de semana.

No fim de 1954, o casamento de Kitty foi anulado e ela começou a procurar trabalhos que pudessem lhe divertir.. Ela aceitou ser uma bartender, no mesmo bar, ela também recebia apostas em corridas de cavalos, o que acabou levando a sua prisão em 1961.


Após sair da prisão, Kitty voltou a ser bartender. Agora trabalhando no bar Ev's 11th Hour no Queens, se dedicou a ficar em turnos dobrados para juntar dinheiro e abrir seu próprio restaurante de comida italiana.

No final dos anos 50, Kitty conheceu Mary Ann Zielonko, poucas pessoas sabiam que ela era lésbica, na época era proibido. Em 1963, as duas se mudaram para um apartamento em um prédio chamado Kew Gardens.

Por volta das 3h da manhã, no dia 13 de março de 1964, Kitty saiu do trabalho e foi para casa para comemorar o primeiro ano de namoro com Mary Ann.

No mesmo momento, Winston Moseley, um rapaz de 29 anos, estava andando pela noite caçando uma nova vítima, enquanto sua esposa estava trabalhando como enfermeira.

Kitty parou em um sinal vermelho próximo a Rua Hoover, Moseley a notou e começou a segui-la. Kitty, sem saber que estava sendo observada, estacionou seu carro próximo de seu prédio, uma caminhada de menos de 100 metros.

Kitty saiu do seu carro e observou um homem esperando na esquina do estacionamento. Ela se assustou e ao invés de correr para a entrada do seu prédio, Kitty decidiu ir para a rua ao lado em direção a cabine de telefone da polícia.

Moseley correu atrás dela e a pegou em frente a uma livraria. Rapidamente, ele a esfaqueou 3 vezes nas costas com uma faca de caça. Os primeiros ferimentos não foram fatais, o que fez Kitty gritar "ele me esfaqueou, socorro!".

Embora muitos ouviram os gritos de Kitty, estava escuro e difícil de ver o que estava acontecendo. Robert Mozer, um morador do prédio Mowbray, em frente de onde Kitty foi atacada, gritou de sua janela "deixe a garota em paz e vá embora daqui!", infelizmente, o mesmo voltou a dormir pensando que era apenas uma briga de casal.

Assustado, Moseley correu, deixando Kitty sangrando enquanto tentava voltar para casa.

Joseph Fink, o operador de elevador do prédio da frente, viu Kitty sendo esfaqueada e ao invés de ajudar, foi para o seu apartamento no porão e decidiu tirar uma soneca.

Embora estima-se que mais de 38 pessoas tenham ouvido Kitty gritar por ajuda, apenas 2 moradores do prédio Mowbray ligaram para a polícia para relatar os barulhos na vizinhança. Muitos, assim como Mozer, pensaram se tratar de uma briga de casal.

Enquanto isso, Moseley voltou para o seu carro. Esperou por 10 minutos e não viu nenhuma ambulância ou carro de polícia. Ele mudou o seu carro de lugar e voltou para pegar Kitty.

Com muita dor e perdendo sangue, Kitty conseguiu chegar ao hall do seu prédio, porém desabou no chão. Agora, fora das ruas, Moseley esfaqueou Kitty novamente e a estuprou enquanto ela sangrava.

Kitty tentou lutar e gritou por ajuda, no topo da

escada, Karl Ross, vizinho de Kitty e Mary Ann, viu ela sendo atacada. Porém, com medo, fechou a porta e ao invés de ligar para a polícia, ligou para sua namorada, que pediu para que ele não se envolvesse.

A notícia do ataque chegou até Sophia Farrar, vizinha de Kitty, que foi acordada com os gritos da amiga. Sophia correu de pijamas até a escada onde encontrou Kitty deitada em uma poça de sangue, ela recebeu 13 facadas e tinha diversos fermentos de defesa.

Moseley tinha ido embora e roubado 49 dólares da bolsa de Kitty, ela ainda estava viva quando Sophia chegou. Sophia gritou para que Karl Ross ligasse para a polícia e finalmente ele chamou as autoridades.

Eram 3h55 da manhã e tarde demais para salvar Kitty. Ela morreu na ambulância a caminho do hospital. Mary Ann, namorada de Kitty, foi acordada para reconhecê-la no necrotério. Ela nunca revelou a polícia que as duas tinham um relacionamento.

5 dias depois, Winston Moseley foi preso numa tentativa de invasão a uma casa no Queens. Na delegacia, um detetive viu que Moseley batia com as descrições do assassino de Kitty Genovese.

Após ser preso, Moseley confessou 8 estupros e 30-40 roubos na área, crimes dos quais nunca tinha sido preso. Ele confessou ter assassinado Kitty e estuprado Annie Mae, duas semanas antes da morte de Kitty, atirado nela e colocado fogo na casa de Annie enquanto ela estava viva.

Além de ter cometido outros crimes, quando perguntado sobre sua motivação, Moseley respondeu que "apenas queria matar uma mulher". A história de Kitty chegou até o The New York Times, o que gerou diversas controvérsias pela quantidade de testemunhas.

O jornal publicou que 38 pessoas ouviram Kitty ser atacada e morta, e não fizeram nada. Quando entrevistada, uma das testemunhas respondeu que "não queria se envolver". O país ficou em choque.

Alguns meses depois, Moseley apelou para insanidade em seu julgamento. Um psiquiatra o avaliou e disse que o mesmo teria traços de necrofilia e psicopatia, porém não era legalmente insano. O júri o condenou à morte na cadeira elétrica em 11 de julho de 1964.

Porém, em 1968, Moseley escapou da prisão em NY e sequestrou um casal por diversas horas com uma arma que tinha roubado. Ele estuprou Janet Kulaga na frente do seu marido e fugiu com o carro do casal.

Moseley foi preso novamente e negado liberdade condicional 18 vezes, até sua morte em 2016, ele serviu 52 anos na prisão e foi um dos presos mais antigos.

E devido ao caso ter ganhado enorme fama, psicólogos começaram a estudar o efeito Bystander ou conhecido como a síndrome Genovese, que é explicado como um fenômeno social que limita pessoas de intervir em situações de perigo por achar que outros irão ajudar.

O caso de Kitty e suas testemunhas apáticas, não inspirou somente a psicologia, como também a lei e melhores respostas para emergências.

Por mais que anos antes de sua morte, uma central de emergências já estivesse em discussão, o assassinato de Kitty e sua repercussão foi o que instigou a implementação do 911 nos Estados Unidos, em 1968.

Antes, as pessoas discavam "0" para falar com um operador e serem transferidas para a central de polícia ou bombeiros mais próximo, o que perdia bastante tempo de resposta na hora do perigo.

Além disso, o legado de Kitty também inspiraria a criação de vigias nos bairros entre vizinhos e uma lei conhecida como "Lei do bom samaritano" que protege os indivíduos de serem processados caso denunciem e ajudem alguém em perigo.

Falem casos que vocês querem que eu traga aqui gente...💖

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⏰ Última atualização: Feb 16, 2021 ⏰

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