BROTHERHOOD

Capítulo I: Já posso ouvir os céus

Um lindo dia, o céu azul aberto, com nuvens brancas espalhadas por ele inteiro. Um rapaz de aparentemente dezoito anos, com cabelos negros e pele pálida estava de pé sobre um gramado, de frente para uma mulher mais velha. O jovem estendeu uma das suas mãos para a mulher, tentando tocá-la a todo custo, mas ela apenas sorriu, recuando um passo e então se desfez em milhares de folhas verdes.

O rapaz então fez uma expressão triste, abaixando seu braço. De repente então tudo ficou escuro, com apenas um raio de luz vindo de uma porta invadindo as trevas. Era possível ver a silhueta de um homem, também aparentando ser mais velho. Ele apenas olhou para trás, vendo o mesmo rapaz, só que agora mais jovem. O mais velho aparentava vestir uma roupa de algum tipo de exército. Após olhar para o garoto, o homem deu um sorriso e fechou a porta. As sombras tomaram conta de tudo novamente e então o silêncio predominou por alguns instantes até o som da chuva ser ouvido.

-Marcel! Marcel, acorda!

Uma voz foi ouvida em meio ao som da chuva. O garoto abriu seus olhos então viu em sua frente um rapaz alto, de pele bronzeada e cabelos castanhos que desciam até seus ombros. Ele se deparou com a chuva forte que caia naqueles campos verdejantes em que se encontravam e soltou um suspiro, notando em seguida que havia dormido debaixo de uma árvore.

-Acho que dormi demais.

Marcel soltou uma risadinha e se levantou, colocando as mãos nos bolsos de seu sobretudo. Ele era alto, de pele pálida e cabelos negros. Seus olhos tão azuis que brilhavam até mesmo com o mínimo raio de luz de um ambiente. O jovem ajeitou as luvas em suas mãos e então olhou para o outro rapaz que estava ali, vendo a sua expressão totalmente séria.

-Você poderia tentar ser mais animado, não acha, Trish?

Trish ficou calado, ignorando a pergunta de Marcel e respirou fundo, olhando para a chuva que caía sem parar.

-Vamos irmão! Logo chegaremos a Hildelia.

Marcel, ao ouvir seu irmão falar, não teve escolha a não ser tirar sua mochila do chão e a colocar nas costas. Ele deu um soquinho no braço de Trish e então seguiu caminhando pela chuva calmamente, em direção a próxima cidade.
Hildelia era um vilarejo que ficava no centro do país. Um lugar bem rústico, com poucas casas, mas bom para quem quer uma vida calma. Era a última parada antes deles dois chegarem na capital, que era um tanto diferente de um lugar pacato. Após algumas horas de caminhada, já era possível ver as vastas plantações. A chuva havia parado e as crianças corriam, brincando e se divertindo. Ao ver tudo aquilo, Marcel abriu um sorriso animado e então adentrou o vilarejo. Por cada casa que os irmãos passavam, eles paravam para cumprimentar os moradores.

-A mãe de vocês está morrendo de saudades! Ela não para de falar de vocês todos os dias...

Disse um velho fazendeiro, rindo enquanto falava com Marcel. Enquanto os dois conversavam, Trish olhava para uma casa que ficava mais distante. Discretamente ele deu um sorriso e cruzou os braços, voltando a atenção para o seu irmão, que já havia terminado de conversar com o fazendeiro.

-Acho melhor irmos logo ver a mamãe.

Marcel falou para seu irmão e então voltou suas mãos para os bolsos do sobretudo. Os dois então voltaram a caminhar para uma casa branca, que aparentava ser bem antiga. Haviam quatro janelas na parte da frente e ao redor da residência havia uma cerca branca. Um belo jardim florido enfeitava a entrada da casa, onde um cachorro brincava sozinho.

Quando o animalzinho viu os dois irmãos chegando, ele disparou em direção a eles latindo sem parar. Como Trish estava frente, o cãozinho saltou em direção a ele, mas o mesmo moveu seu corpo para o lado e quem foi atingido foi Marcel, que caiu no chão no mesmo instante. O rapaz soltou uma risada, fazendo carinho no pelo do cachorro enquanto seu irmão esperava ele se levantar. Marcel olhou em direção a janela esquerda que aparentava dar numa sala de estar e viu a silhueta de uma mulher. O mesmo rapidamente se levantou e caminhou até a porta de casa. Quando ele estava prestes a tocar a maçaneta, a porta foi aberta e então ele deu de cara com uma mulher, a mesma de seu sonho de horas atrás.