31 Dias || JIKOOK

31 Dias

Don't think I can take it
With every drama a piece of me dies
Like some kind of sadist
I think that he likes to see the pain in my eyes

911 - Ellise

Como se uma jiboia estivesse abraçando meu pescoço e dificultando a minha respiração, me senti sufocado com a gola da camisa que usava . Meu pai e sua esposa, que deve ter a mesma idade que eu, estavam a minha direita.

Por onde passávamos as pessoas nos reconheciam e nos cumprimentavam, alguns chegaram a lamentar sobre a vida, outros pediam melhorias para seus bairros e algumas mulheres traziam as filhas em seu encalço no intuito de que eu me apaixonasse perdidamente por elas, tornando-a futura primeira dama da cidade.

Meu pai é o prefeito de Busan, mas antes disso, teve uma longa carreira política, sendo extremamente querido pelo povo. Em sua primeira eleição como prefeito, sua vitória foi disparada, não dando chances dos oponentes terem esperança.

No mesmo dia, a cidade entrou em festa, parecia que todas as suas promessas de governo tinham se cumprido, inclusive a promessa de erradicar com a corrupção. Essa promessa, foi seu carro chefe nas eleições, de alguma forma, meu pai conseguiu descobrir inúmeros esquemas de lavagem de dinheiro do antigo prefeito, que obviamente, fazia parte do partido opositor. 

Como meu pai sempre foi um político extremamente exemplar e com todos esses escândalos vindo à tona por conta dos seus esforços, é claro que o povo de Busan o escolheu, simples assim, como um mais um são dois, assim me tornei o filho do prefeito.

Nunca fui uma pessoa muito política para falar a verdade, embora tenha tido uma adolescência tranquila, já arrumei muitas brigas por aí, em especial depois da morte da mamãe, o período de luto foi dolorido demais para um garoto lidar bem com ele, de toda forma não é como se tivesse inimigos.

Busan não é uma capital, mas é uma cidade tão grande quanto Seul, então ter prestígio na vida política aqui, pode nos abrir muitas portas, como a candidatura a um cargo federal.

O plano do meu pai é justamente esse, em oito anos de mandato ele se tornará inelegível por estar tempo de mais assumindo a cidade, isso levando em consideração nosso otimismo de manter o cargo, por isso, eu sou seu plano B.

Ser prefeito de uma cidade nunca foi meu sonho de criança, na verdade sempre quis ser jogador de futebol ou astronauta, como qualquer outro garoto, mas me vi sem escolha e percebi que essa decisão não iria partir de mim. Então estou sendo treinado desde os meus 22 anos, quando terminei a faculdade de economia, para ser seu sucessor, o futuro prefeito.

Hoje, com 24 anos não tenho dúvidas de que isso realmente vai acontecer, a cidade me ama, as pessoas me tratam como confidente ou como meio de chegar até o meu pai, sempre os trato com carinho e simpatia, então tomar o cargo não me parece tão mal.

Pelo menos não até o momento em que terminei de ler alguns documentos que estavam escondidos no escritório de casa. Senti como se tivesse levado um soco no estômago e um chute no saco, como se minha vida não tivesse passado de uma mentira e que meu pai é o ser mais sujo que eu conheço.

Quando adentrei seu escritório horas atrás, apenas queria encontrar um pen-drive com o logo atualizado do nosso partido, mas acabei encontrando documentos que comprovam um superfaturamento nas obras de creches e escolas e a venda do licenciamento do transporte público da cidade.