001 - Hera

57 18 1
                                    

Monday;

~ Hera

Bufando eu desligo o despertador e levanto. Ando até meu armário e procuro por uma boa opção de roupa, resolvo pegar uma calça jeans, uma blusa de banda, meu all star, uma jaqueta de couro e meu chapéu - eu nunca saio sem ele -. Caminho até o banheiro e faço minhas higienes.

No andar de baixo, as crianças já estão prontas com seus uniformes, pegando minha bandeja eu ando até as comidas do cafe da manhã, pego uma torrada murcha e um pouco de café aguado.

— Só mais dois anos. — eu digo para mim mesma comendo.

Nathaly, minha unica amiga senta ao meu lado.

— Oi Hera. —  ela diz comendo um pão de queijo. — Ontem na escola eu aprendi a contar até 10! — ela diz fazendo o dez com os dedos. — Quer ouvir?

—Não vai dar Nat, estou atrasada, quando eu chegar, você me conta, pode ser? Vou chegar cedo, prometo. —  eu digo passando a mão nos cabelos dela.

—Tá, okay. — ela resmunga.

Sorrindo eu levo minha bandeja. Pego minhas coisas e saio desse lugar horrível.

Bom, meu nome é Hera, eu tenho 16 anos e moro em um orfanato. Nunca conheci meus pais, as irmãs dizem que morreram em um acidente, não sei se tenho outros familiares, mas se eu tiver, provavelmente estão cagando para mim.

[...]

Na aula, eu presto atenção no que a professora diz. Eu me dedico bastante aos estudos, porém eu gosto mais do meu passatempo, observar as pessoas.

O sinal toca e o resto dos alunos seguem para o refeitório. Junto minhas coisas e quando estou na porta a professora me chama.

—Hera. —ela diz sorrindo. - Eu e a direção estamos convocando você para ir no nosso clube de apoio! —  ela diz me entregando um papel, eu o analiso, tem muita cor.

—Um bando de alunos problemáticos? — seu sorriso se desmancha, fazendo assim, um sarcástico surgir em meus lábios. —  Eu dou uma passada lá. —digo me virando e saindo.

Chego no refeitório e pego minha comida logo a pagando. Sento em uma mesa afastada e começo a comer, enquanto mastigo eu conto meu dinheiro.

—5...7...10, porra! — eu quase me engasgo.

Eu preciso voltar para aquele lugar, mesmo sabendo que irá dar merda, bufando eu volto a comer.

Termino de comer e lambo os dedos, essa é a melhor comida que já comi na vida, digo, eu só como em dois lugares, aqui na escola e no orfanato, ou seja, não tenho tantas opções. O sinal toca, eu me levanto e levo a bandeja até as outras, sorrindo para as tias da cantinha eu me viro e caminho até minha sala.

— Nem parece que trai a namorada todos as quintas no auditório. — eu digo rindo.

[...]

Sentada na arquibancada, eu dou uma tragada no meu Marlboro, sentindo meu corpo relaxar, eu solto a fumaça. Abro minha bolsa e pego meu caderninho, tenho varias anotações das pessoas, eu as desenho também, é estranho, mas eu gosto. Vejo o diretor aparecer no campo e apago meu cigarro.

— Fumando de novo senhorita Hera? — ele diz bravo e vem atras de mim.

Pego minhas coisas e corro, ele quase me acalça me fazendo bular as arquibancadas, assim que ponho os pés no campo quase caio, mas me recomponho e volto a correr sentindo a adrenalina em minhas veias.

Paro em um ponto de ônibus e suspiro. Olho para o velho relógio em meu pulso e vejo que já são 5:00 da tarde, arrumo minha mochila e começo a andar até o local "de trabalho".

The Breakfast ClubOnde histórias criam vida. Descubra agora