Marissa Faireborn contemplava a lua cheia pela janela de seu quarto quando uma lágrima solitária escorreu por seu rosto abatido. O prateado satélite terrestre era belo e inalcançável como o cybertroniano que conquistara seu coração: o seeker Thundercracker.
Por quase três anos, ela e o cybertroniano estiveram atuando juntos na base militar St. Louise, em New Jersey, mas chegou o dia em que essa base deixou de ser necessária e então ordenaram sua desativação. Um dos motivos cruciais fora o fim da Guerra de Cybertron.
Uma vez findada a guerra, Decepticons e Autobots puderam enfim regressar a seu planeta natal e darem ao início a um longo processo de reconstrução. As duas facções outrora rivais agora uniam suas forças em prol da restauração do planeta e da unificação de seu povo. Dentre os tantos cybetronianos que estavam para deixar a Terra, Thundercracker estava entre eles.
Ainda que não tivesse coragem de admitir em alta voz, Marissa gostaria de poder ir com o seeker, mas bem sabia que isso era impossível. Como ela poderia viver em um planeta alienígena, localizado há quase cinco anos-luz de distância e habitado por seres mecanoides gigantes?
Fechando os olhos, ela se recordou de sua triste despedida.
Thundercracker se curvou, apoiando um dos joelhos no chão, e então estendeu a mão para que ela pudesse subir em seu enorme braço. Os braços finos de Marissa mal davam conta de envolver o seeker pelo pescoço. Mesmo assim, a capitã encostou seu rosto humano no rosto mecanoide dele.
– Promete que não vai me esquecer, TC? - ela pediu, sem se envergonhar das lágrimas que escorriam por suas faces unidas.
– Não vou te esquecer, Marissa. E quando Cybertron voltar a ser o planeta incrível que já foi um dia, voltarei aqui para te buscar.
Marissa não deu muita atenção à segunda parte da sentença, pois sentiu a alma se estilhaçar quando o gigante metálico a acomodou cuidadosamente no chão para em seguida se transformar no magnífico caça que tanto a impressionava.
– Não chora... - pediu ele, a voz serena reverberando no ar. – Isso não é um adeus.
Marissa secou o rosto, mas a umidade ainda embaçava sua visão. O seeker ativou as turbinas e, em questão de instantes, ele era nada além de um traço luminoso azul rasgando o céu e pouco depois se ouviu o potente estrondo sônico.
ooOOOoo
Dois anos depois.
Era tarde da noite e Marissa havia perdido o sono. Ela estava em seu quarto, entretida na leitura de um site de notícias. O silêncio só não era completo por causa do irritante canto de uma cigarra, mas eis que algo foi atirado contra a janela do quarto.
Ela não chegou a se assustar, mas, desconfiada, levantou-se. Encaminhou-se até a janela do quarto e abriu o vidro e logo avistou um pedregulho. Mirou atenta a rua vazia e pacata naquele horário e sem ter avistado ninguém, girou nos calcanhares.
Foi então que ela se deu conta de que já não estava sozinha no quarto. Havia um vulto enorme na penumbra mais adiante. O coração disparou de pavor. Lembrou que tinha uma arma no criado-mudo, mas nunca chegaria a tempo de evitar um ataque. Sua mente lógica e treinada tentava bolar um plano, mas eis que o invasor deu um passo adiante.
Os olhos azuis dela se arregalaram, reconhecendo a silhueta.
O intruso deu um passo em sua direção, mas ela permaneceu parada. Ele continuou se aproximando e quando alcançou o estreito facho de luz que entrava pela janela, ela teve uma visão clara de sua compleição. Levou à mão aos lábios sem acreditar no que via. Estaria sonhando? Sua mente só podia estar lhe pregando peças. Tinha que estar!
– Que cara é essa? Não está feliz em me ver? - indagou o intruso e seus olhos vermelhos a encaravam atentos.
– Thundercracker?! É você mesmo?
– Uns dez metros menor, mas ainda assim, eu mesmo.
– Mas... Como?
– Deve estar se perguntando por que nunca apareci assim pra você antes. O que acontece é que antes eu não conseguia mais fazer isso.
Ela não disse nada, mas seu olhar era uma pergunta, então ele continuou:
– Todo cybertroniano tem a capacidade de reduzir o próprio tamanho, mas claro, dentro de certo limite. Mas essa funcionalidade dos nossos corpos esteve em desabilitada durante a guerra. Então agora que a guerra acabou, eu pude ficar pequeno. Tudo bem que ainda estou meio grande para a média dos humanos, mas é bem melhor assim, não acha?
Marissa demorou a reagir, mas então ainda sem nada dizer, se aproximou do seeker. Erguendo-se nas pontas dos pés, ela tocou o rosto dele.
– Sim, com certeza! Mas eu ainda não estou acreditando no que está acontecendo. Você aqui...
– Pois pode acreditar! E eu vim buscar você. Quero que venha comigo para Cybertron.
– Ir para Cybetron? Mas como assim, TC?
– Não precisa ter medo. Há humanos vivendo em Cybetron. A atmosfera de lá é totalmente respirável para os orgânicos e já existe toda uma infraestrutura.
Marissa demonstrou surpresa, mas perdeu por completo o foco quando, em um gesto carinhoso, Thundercraker deslizou os dedos mecanoides por suas madeixas ruivas.
– Mas, TC... Eu tenho minha vida aqui, meu trabalho...
O galante seeker deu um passo adiante e a envolveu pela cintura.
– Ainda não percebeu que fisicamente você tem estado aqui, mas seu coração já não pertence a esse lugar?
E depois de dizer isso, ele se curvou e buscou os lábios dela.
Marissa se assustou tanto com o encostar do rosto de metal vivo contra seu próprio rosto, como com os lábios dele sobre os dela, mas, em instantes, o susto se converteu em uma alegria imensurável, então tudo que pôde e quis fazer foi corresponder àquela investida.
Apaixonados, os dois se abraçaram e se beijaram.
Marissa mal podia acreditar que aquele amor supostamente irrealizável simplesmente tornara-se possível. Entretanto, passada a euforia do primeiro momento, quando o beijo teve fim, ela ficou cabisbaixa, sem coragem de encarar o cybertroniano.
– Eu não posso... - disse ela, em um fio de voz.
– Por que não? Se você me ama e eu também amo você. Aceite: não há nada te prendendo aqui, Marissa. Sem falar que não tem como você continuar levando a vida como uma humana normal.
– Eu sei, mas...
Ele ergueu o queixo dela.
– Você me ama? - ele perguntou à queima roupa.
Ela virou o rosto de lado, evitando o olhar vermelho dele, porém fez que sim com a cabeça.
– Então confia em mim. Eu só quero o melhor pra você, o melhor para nós.
Então ele acionou um dispositivo acoplado na manopla de sua armadura e em seguida um luminoso vortex se abriu bem no meio do quarto.
Um turbilhão de pensamentos cruzou o pensar da capitã, mas o seeker dissera a verdade: nada a prendia ali. Nos últimos dois anos, sua vida havia perdido as cores e o sentido. Quando um relacionamento entre eles era fisicamente impossível ela já estava irremediavelmente apaixonada e agora que poderiam estar juntos de fato, ela não podia desperdiçar aquela oportunidade.
Com um radiante brilho nos olhos azuis, fitando os olhos vermelhos dele, ela disse:
– Claro que confio em você, meu Querido Seeker.
Satisfeito, Thundercracker sorriu a ela e em seguida estendeu-lhe a mão. Marissa aceitou o gesto e logo os dois atravessaram a ponte espacial, cruzando o espaço-tempo rumo ao seu novo lar.
~ Fim ~
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Amanda Catarina
22-01-2019.
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Querido Seeker
FanfictionMarissa Faireborn tentava se conformar que amar um cybertroniano era uma tremenda tolice, até que uma inesperada reviravolta do destino mudou tudo [Thundercracker x Marissa, shortfic, OOC]. Disclaimer: TRANSFORMERS e seus personagens pertencem a Has...