Obstáculos

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Mateus

Eu não podia me surpreende mais ainda com a Ari e estava grata com a disposição dela em ver o Gustavo, assim quando fui embora eu estava feliz e aquilo era um sentimento novo pra mim! Cheguei no pub e fui trabalhar com as contabilidades, a parte mais chata de mexer; de repente o Erick entra na sala assustado e fala:
- Acho melhor você descer! Aconteceu algo com o Gustavo, ele não está m nada bem!
Mais que rapidamente eu desci as escadas e a cena em que me deparei me assustou: O Gustavo estava com a camisa ensanguentada e o Erick estava tentando colocar uma compressa gelada em seu olho roxo mas o que mais me espantou foi o rosto dele coberto de hematomas! Eu fui em sua direção e disse:
- O que aconteceu aqui?
Ele olhou para baixo como se estivesse envergonhado e só então percebi que ele não iria me contar! Então eu continuei:
- Você precisa de um médico! Agora!
Assim que peguei as chaves do carro me surpreendi novamente com o Gustavo tentando se levantar mas como ele parecia bem machucado eu corri para ampara-lo. Ele finalmente disse:
- Não faça isso! Eles vão me encontrar!
- Quem vai te encontrar Gustavo? Assim que percebi que ele também não iria responder essa pergunta eu disse:
- Ok! Vamos lá para cima, precisamos cuidar desses machucados!
Ele se apoiou em mim e assim que subimos as escadas eu o coloquei no sofá e fui pegar uma toalha molhada! 

Neste mesmo momento alguém entra no apartamento sem bater o que me deixou  bem curioso porque só eu e o Gustavo tínhamos a chave; deixei o pano na pia para ver quem era e me deparei com uma Arianna desesperada! Ela nem deixou eu falar e já disse:
- O que está acontecendo aqui? E porque tem uma criança toda machucada no sofá?
O Gustavo mais que depressa disse:
- Não sou uma criança! Eu tenho 15 anos e...
Antes que ele pudesse terminar a frase a Arianna estendeu a mão para ele parar de falar e mais que rapidamente o Gustavo se calou!
Ela disse, pra ele:
- Quem faz as perguntas aqui sou eu mocinho!
Ele olhou espantado de eu para ela confuso com toda a situação e ela  continuou:
- Alguém pode me explicar o que está acontecendo aqui?
Ela se virou na minha direção e disse:
- Posso saber por que você ainda não o levou para um hospital?
O Gustavo mais que depressa disse:
- Hospital não!
Nós dois nos encaramos e ela disse:
- Ok! Mateus pega aquela caixa de primeiros socorros que está dentro do seu guarda roupa?
- Como você sabe...
Ela me interrompeu e disse:
- Rápido por favor?

Era melhor não discutir e fazer o que ela tinha mandado! Enquanto isso ela pegou o pano na pia e sobre os protestos do Gustavo ela começou a limpar seu rosto! Eu não sabia o que a Ari estava fazendo ali mas estava agradecendo mentalmente dela ter chegado naquele momento porque eu não fazia idéia do que fazer, por isso peguei a caixa de primeiros socorros e fui para a sala o mais rápido possível mas antes mesmo de chegar perto deles pude ouvir:
- Você se parece muito com o Mateus, ele e meu irmão se metiam em várias confusões e minha tia sempre tinha que limpar seus machucados!
Então o Gustavo abriu um meio sorriso o que me deixou surpreso e depois reclamou de dor quando ela o ajudou a tirar a blusa ou o que tinha restado dela; ele estava cheio de hematomas pelo corpo também, o que me fez imaginar que quem fez isso com ele deve ter batido nele enquanto ele não podia se defender e isso me deixou furioso mas antes que eu pudesse falar algo a Ari disse:
- Eu sei que está com medo e nós não sabemos de quê mas pode confiar na gente, te garanto que não vamos te machucar ou algo do tipo só queremos ajudar!
Houve um momento de silêncio quando o menino resolveu falar:
- Eu fugi da casa do meu pai porque eu não aguentava mais ele chegando bêbado em casa e descontando em mim! Eu tive que me virar a vida toda pra sustentar seus vícios depois que minha mãe morreu; aí um dia apareceu um pessoal estranho lá em casa e meu pai disse que eles iriam me levar, que eu seria uma despesa a menos e que ele ainda ia ganhar dinheiro com isso! Como ele pôde? Como um pai pode fazer isso?

   Enquanto o Gustavo ia falando sobre seu pai meu corpo arrepiava de raiva e quando percebi minhas mãos estavam fechadas em punhos mas ao ver a Ari o abraçando eu percebi que precisava ajuda- lo! Então eu disse:
- É esse pessoal que fez isso com você?
Ele me olhou segurando as lágrimas e disse:
- Não! Foi...foi...
A Ari segurou aí mão e disse:
- Não precisa falar! Agora o Mateus vai te ajudar no banho enquanto eu vou ali arrumar um remédio pra dor e  você vai descansar? Pode ser?
Ele concordou e enquanto a Ari foi arrumar o medicamento eu o apoiei até o banheiro e disse:
- Se precisar de ajuda, você chama tá?
Ele concordou novamente e disse:
- Gostei dela!
E então ele fechou o box e eu a porta mas a minha cabeça não parava de martelar! Me encostei na parede quando vi a Ari se aproximar; ela enlaçou seus braços na minha cintura e encostou a cabeça no meu peito dizendo:
- Sei o que está passando nessa cabecinha aí e pode parar por aí tá? O que você está fazendo por esse garoto é incrível!
-Mas essa é a questão, eu não estou fazendo nada, não o conheço direito, não pude defende-lo! Eu nem mesmo sei o que está acontecendo com ele, não sei o que fazer!
Ela me encarou com um meio sorriso e disse:
- Você abrigou um garoto desamparado, deu ele comida e um teto pra ficar e acha que é pouca coisa? Ele precisa de um tempo para confiar em você e a única coisa a se fazer é ter paciência!
Antes que eu pudesse dizer algo, o garoto abriu um pouco a porta com certa dificuldade e disse:
- Acho que preciso de ajuda pra vestir a blusa!
Assim que terminei de ajuda-lo a Ari o ajudou a sentar em uma cadeira para terminar de fazer os curativos e eu fiquei ali observando o quanto aquela mulher era incrível!

Querida Nova York  #Livro 2 Onde histórias criam vida. Descubra agora