Capítulo 2 - Olhando você

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2 dias antes...

-Aiiiiiii, será que dá pra sair de cima de mim sua vadia louca!
Merlinda se assusta do seu sonho erótico com a voz de Denny do outro lado da parede. Meio grogue ela levanta de sua cama e abre a porta do seu quarto e tarde demais, ela descobre que não  deveria ter feito isso.
-PELO AMOR DA MINHA MÃEZINHA SERÁ QUE NÃO POSSO DORMIR NESSA CAS..Merda...!
Denny seu amigo gay que estava passando um tempo no seu apartamento, está deitado no sofá com o as calças arriadas, enquanto suas mãos seguram  para afastar  uma peituda que tentava (bêbada demais) fazer um boquete.
Batendo a porta, com raiva de ser acordada do pouco sono que tivera, e do que presenciou na sua sala,ela se joga na cama.

Alguns gritos e xingamentos revoltados depois, a porta da sala é fechada, com uma força desnecessária; já que a parede estremesse com o impacto.
Pés se arrastam  até sua cama e o colchão afunda atrás do seu corpo.
-Vai mofar na cama ou vai trabalhar? --Denny fala com suspiro no final-- Depois que você me explicar  porque a peituda estava... você sabe... ---A palavra não sai da minha boca mas ele entende---
-Eu durmo naquele sofá velho com cheiro de pum dá sua tataravó  e não posso ter um pouco de diversão? ---Ele fala isso rindo mas sinto a pitada de tristeza na sua voz---
-Sério, Denny  vai insistir em fazer  essa merda com você?
Se continuar desse jeito ela teria que dá um pé na bunda dele. É a quarta vez que Denny traz uma garota, com o intuito de provar a si mesmo que não gosta da mesma fruta que ela. Ele nunca iria até o fim. Eu sei disso, e ele tbm sabe.
-Não podemos ter o que queremos, Mer.
 
É difícil ver o Denny com a mente quebrada por causa de sua infância.    Culpa dos seu pais por querem o filho perfeito e fazerem dele uma marionete. Nenhum  psicólogo no mundo poderia desfazer os anos de sofrimento psicológicos que ele passou.
Merlinda sabe que entrar nesse tópico só iria faze-lo sofrer, então muda de assunto:
-Você faz o café e eu vou tomar banho, alguém tem que apagar o aluguel.
-Ok! Mas só se você me contar porque estava gemendo umas horas atrás. --Ele fala provocando porque sabe das suas fanatasias com Fernado--
  Corando, ela sai correndo para o banheiro e deixa ele rindo sozinho.
  
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Chegando 10 minutos atrasada no seu trabalho, ela pede desculpas a sua patroa (mais conhecida como senhora  Cascavel). Uma mulher na faixa dos seus 40 anos com uma uma pele oliva e cabelos puxados em um rabo de cavalo. Ela seria bonita , se não tivesse tanta berruga na cara. -Tente da próxima vez ser pontual ou não precisa nos agraciar com sua presença. -- A ironia no seu tom de voz só lhe deu arrepio. Do tipo ruim.
-Claro, senhora Cascav... quer dizer Carolina, vou me esforçar pra isso não acontecer. --Ufa ,por pouco não foi demitida--
Pegando seu avental ela se concentra em trabalhar e deixar de lado suas preocupações.
Merlinda ama seu trabalho, confeitar doces e vender lhe traz uma alegria imensa. Sempre teve um amor por cozinhar ainda mais se tratando se guloseimas, bolos e cupcakes.
As horas passam depressa e o sol se põe rapido demais.

Faltando pouco menos de 20 minutos para fechar, algo acontece: Seu mundo para com o som das portas se abrindo.
Nesse momento ele empurra as portas de vidro como se fosse o dono do lugar. Aí está seu sonho erótico ambulante, vestido de cabeça ao pés de preto. O único contraste de cor é a abinha braca no seu pescoço; indicando que ele é Padre. O seu padre. Ele se dirigi imediatamente para o balcão.
-Boa noite, irmã Merlinda. -- Credo que delícia, a voz dele dar um tesão danado.
Como é bom ouvir seu nome da sua boca, mesmo que venha acompanhado de "irmã". Eca.
Fernado sempre teve um físico de dar inveja aos homens da cidade. Ele atraía atenção pela sua aparência de Galã de Hollywood, com seu cabelo escuro e barba bem aparada. Ele parecia bem mais jovem do que os seus 33 anos.
-Boa noite, Padre Fernando. Como posso te ajudar? -- Por favor, diga que vai ser na sua cama sem roupa, ela pensou.--
-Gostaria de levar os donuts de creme. A  Senhora Barbosa está se sentindo triste e sei que ela ama esses. --Ele fala sem nem  olhar para ela --
É um fato que o Fernando é carismático e gentil com todos da sua igreja.
--Oh, claro. Vou pegar pra você.

Com alegria se lembra que se arrumou de manhã, deixou seus cabelos comprimos puxados em um coque com alguns fios soltos ,maquigem básica(lápis de olho, rímel é baton) destacando seus olhos azuis em destaque. Tudo isso porque o padre passou a frequentar a loja que ela trabalha.

Colocando os donut na embalagem e entregando ao padre, seus dedos se tocam (sem querer, claro) e ela levanta o olhar. (Um olhar bem safado, do tipo me joga na parede e me chama de lagartixa).

Ela percebe que ele também está olhando dentro dos seus olhos, como se fosse a primeira vez que a olhava de verdade. Um formigamento passa pelos seus dedos. Ela sabe que deve tirar a mão, mas não consegue depois que viu a surpresa nos seus olhos. Ele também sentiu esse clima entre os dois.
Ela não resiste e passa a língua nos lábios de maneira provacante, Fernando segue com seu olhar até sua boca.
Rápido demais ele tira a mão. Coloca o dinheiro no balcão e sai sem ao menos pegar o troco.
Será que depois de todos esses anos ele a notou? Ou será que a acha uma sem vergonha por tentar provoca-lo?
Esse pensamento trás um sorriso ao seus lábios. Para o Fernando ela faria qualquer coisa.
 
Com os olhos dirigidos pra Merlinda cascavel sai da cozinha reclamando que ela não a ouviu chamando.
Irritada como sempre, pede sua ajuda pra fechar as portas da loja.
   

Depois que tudo é fechado Merlinda liga para Denny. Seis ligações e ele não atendeu nenhuma. Provavelmente deve estar bêbado, (de novo) pra ouvir o celular tocar.
Decidindo que não tem outro jeito ela segue pra uma caminhada, é apenas alguns quarteirões até chegar em casa.

As ruas estão quietas, nem um um miado de gato se ouve na rua deserta. Às vezes ela se surpreende com suas decisões irracionais, como por exemplo andar sozinha, sabendo que mora em uma cidade perigosa.
Andando depressa pra evitar um assalto ou Deus  me livre um rato sair do esgoto, ela acelera seu passo pra uma corridinha básica.

Um arrepio sobe pela  sua coluna qundo ouve passos atrás dela. O medo se instala profundo dentro se si.
Ela vira o rosto e ver um homem encapuzado está a poucos passos seguindo de perto. Seu coração retumba dentro do peito igual um tambor.

Ela corre mais rápido.
E o homem também.

Infelizmente, não percebe que sua corrida a levou para um beco sem saída. Parando com lágrimas nos olhos ela se vira e ver seu perseguidor chegando mais perto. Em busca de algo para ajudar  a se defender, pega uma pedra no chão e joga nele.
Entretanto, sua mira sempre foi ruim, mas agora é uma vergonha; porque a pedra bate na parede do outro lado e volta acertando sua barriga em vez de ser a do homem.
Uma dor que tira seu ar e a faz cair de joelhos.
Ele chega perto e empurra seu corpo com pé, ela caí no chão com força, se aproveitando do momento ele sobe em cima dela e rasga sua blusa. Ela tenta machuca-lo pra sair de cima mas ele pega suas mãos.
-Socorro...alguém m...
-Fica quieta eu corto sua garaganta-- ele pressiona uma faca na sua garganta enquanto com outra tenta abaixar suas calças.
Seu hálito de bebida sopra no seu rosto deixando-a com nojo. A faca dele deve ter cortado um pouco da sua pele porque ela sente algo quente no pescoço. Com medo ela começa a rezar.

De repente o corpo do homem é puxado de cima dela e jogado na parede do beco. Sem entender ela senta e nota uma sombra gigante de outro homem desferindo golpes no  rosto do bêbado, com uma brutalidade que a assusta. Seu salvador tem o dobro do tamanho e bem mais forte.
 -Paraaa... n-não..vvou fazer mais isso -- o homem que tentou estupra-la diz isso com cara ensanguentada--
Seu salvador não satisfeito dá mais outros socos que o deixa  inconsciênte.
Seu salvador larga o ensanguentado no chão e caminha até Merlinda.
Ainda no chão, e ainda chorando ela olha para ele. Com medo? Sim.
Mas também alívio porque ela sente algo de familiar nele.
Ele agacha ao seu lado.
-Você está bem?

E só então com as luzes do beco imuninado apenas seu rosto, ela percebe que foi  Ele.

Fernando a salvou.

  

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⏰ Última atualização: Feb 23, 2019 ⏰

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