TONY STARK NUNCA FOI POBRE, já nascera em um ambiente rico logo nunca passou fome até estar preso em uma nave a anos-luz de quilomentros de casa. A comida era pouca visto o que tinha naquela coisa dos Guardiões da Galáxia, como se denominavam, mas ele era inteligente e só comia e bebia quando extremamente necessário.
Suspirou, não sairia dali tão cedo.
E ainda tinha o ar que era finito. Queria que esse fosse um daqueles casos em que alguém o salvasse na última hora, mas ninguém tinha a mínima idéia de onde estava... Quem sabe alguma idéia de seu pai visto que já o ajudara algumas vezes mesmo morto.
Seu pai...
Pensar em Howard Stark sempre trazia sentimentos conflitantes para o homem, pois toda memória que tinha com seu pai, Stark associava essa lembrança como algo terrível, triste, algo que ele queria esquecer embora nunca conseguisse. A resposta então era fazer piadas a respeito da péssima paternidade.
Uma dor agonizante no estômago se fez presente, tentou se levantar mas estava fraco como nunca antes estivera. Se apoiando nas paredes da nave, meio se arrastando meio andando alcançou um saco de alguma espécie de salgadinho estranho. Com a mão trêmula, abriu e colocou um punho cheio de uma vez em sua boca. Mastigou com calma e engoliu, suspirando ao devolver o saco em cima da mesa e sair de perto, tinha que comer o menos possível, não sabia quanto tempo ficaria ali. Tinha que sobreviver. Tinha que sobreviver. Tinha que sobreviver.
Arrastou seu corpo até estar perto de sua armadura e se jogou no chão, a fome não tinha passado mas teria que aguentar firme. Tinha que sobreviver. Tinha que sobreviver.
Tony retirou a cabeça de sua armadura apertando os botões e preparando tudo para gravar. Por mais horrível que o gênio pai fosse, ainda se importava.
Respirou fundo e então deixou as palavras saírem.
─ É engraçado eu fazer um vídeo falando sobre você já que, bom, você está morto. ─ Suspirou, abrindo e fechando a boca várias vezes antes de continuar. ─ E eu nem sei o que realmente dizer, nem sei bem o motivo de estar fazendo isso, um vídeo que você nem vai assistir. ─ Riu.
─ Você foi um boa pessoa que não nasceu pra ser pai. Você era horrível nisso. Mas ei, ao que parece pelo menos tentou. ─ Abaixou a cabeça e riu, quantas pessoas tinham o poder de dizer isso? ─ Eu... nunca dei valor a isso, sinto muito. ─ Sussurrou a última parte. ─ Seu pai não foi um bom pai também, acho que é genético, né? Essas coisas podem ao menos ser genética? Eu não vou ter a chance de descobrir mesmo.
Sua voz estava embargada e entre palavras sem sentido, fechou seus olhos por alguns minutos e um grande tsunami de lembranças lhe pegou em cheio, era até dolorido para o homem, mexer em memórias a tanto tempo adormecidas.
O pequeno herdeiro das Indústrias Stark brincava de corrida com seu pai em um momento raro em que o mais velho estava de folga, Tony estava perto a borda e a suave voz de sua mãe soou calma mas alerta.
─ Anthony Edward o que eu já te disse sobre correr perto da piscina? ─ Maria era um doce e ninguém negava, mas sempre soube se impor com seu filho, sabendo quem era o pai, não poderia dar mole.
─ Que eu vou me machucar e que não pode andar na beirada. Desculpe mamãe. ─ A mulher sorriu, mas assim que deu as costas para os dois, voltaram a correr. Howard viu que o garoto estava distraído e foi abraçar sua amada.
Enquanto ria em um tom alto bricando sozinho, Tony não viu uma area levemente molhada no chão, fazendo o garoto escorregar e cair dentro da piscina.
Anthony sempre fora mais inteligente que o normal e sabia de muitas coisas. Nadar não era e nunca foi uma delas.
Howard se distraia com sua esposa e nenhum dos dois viram o menino cair, mas escutaram perfeitamente o barulho agressivo que a água fazia, toda vez que Tony batia suas mãos e pés tentando de alguma forma buscar o ar que estava faltando em seus pulmões e oa gritos altos do garoto.
Sabe aqueles momentos no filme em que a cena tensa de ação passa em câmera lenta para acompanharmos melhor todo o sentimento que ela quer transparecer? Stark sentiu isso quando a sensação de ardência e dor tomava conta de si ao sentir a água entrar em seus pulmões, se engasgando e enfraquecendo.
Tony tentava puxar o ar com força, mas sempre que se afundava novamente a dor parecia ser cada vez pior e sem fim.
Stark abriu os olhos apavorado, sentindo seu peito doer e o ar lhe faltar.
Era difícil respirar, sentia uma pressão em sua cabeça e tentava fazer algo que o ajudasse, mas não tinha nada a se fazer. Era como se tivesse voltado naquele dia em Nova Iorque, o dia em que o buraco de minhoca foi aberto no céu da grande cidade.
Era tudo escuro e JARVIS não estava maia funcionando. O ar estava acabando e seu cérebro era de pouca utilidade no momento.
─ Um, dois, três. Nada.
Oh merda, pensou Tony, tinha que provar que era um herói?
Sentindo seus sentidos irem embora, Stark desmaiou no espaço, enquanto caia em direção a terra.
─ Mais uma vez, vamos lá Tony, respira.
─ Howard...
─ Um, dois, três e quatro.
─ Meu filho!
─ Vamos lá garoto, você consegue. ─ Com uma última pressão em seu peito na direção do coração, o pequeno Stark acordou assustado colocando toda água em seus pulmões para fora.
Enquanto Stark sofria com a dor psicológica, deitou no chão, com a sensação de estar tendo um infarto. Ele sentia seu peito subindo e descendo, e em segundos estava caindo, de um lugar tão alto que ele podia sentir a morte.
E então ele caiu na terra, e em um rompante acordou, vivo e com a guerra ganha. Bom, pelo menos ali ele estava vivo por enquanto.
Com a respiração acelerada e coração a mil, ele viu que, pensar em seu pai era realmente uma pésima idéia.
─ Desligar gravação.
CO-AUTORA: richartss
VOCÊ ESTÁ LENDO
✓ MEMORIES
FanfictionSozinho em uma nave em algum lugar do universo e prestes a morrer, Tony Stark se despede das pessoas que marcaram sua vida. ✦⠸ Tony Stark ✦⠸ Short-fic ✦⠸ Finalizada ✦⠸ Plot de skypenelope