Capítulo Seis

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Eles estavam ali, parados em minha frente com seus olhares fixos e indecifráveis, Adriana Sicchierolli e Fábio Sicchierolli ostentavam suas posturas perfeitas e seus olhos fixos nos meus, suas feições faciais eram constituídas de características físicas iguais minhas, olhos, lábios, narizes e apenas com uma leve diferença no tom de pele, o tom de pele bronzeado dos dois demonstrava que não eram pessoas que moravam no território europeu, já que nos últimos meses o frio se fez constante pelos países devido a chegada do inverno.

— Gostou da surpresa pequeno Andrew? – indagou Margot sorrindo. Possui plena certeza que ela não conseguia sentir o clima tenso que se instaurava ali.

— Realmente é algo que eu não esperava.

— Podemos entrar? – indagou novamente.

— Mademoiselle Margot, eu não... – Brendho tentou intervir enquanto se mantinha ao meu lado.

— Brendho, tudo bem... – confirmei olhando em sua direção soltando um meio sorriso completamente forçado e depositando minha mão em seu ombro em uma tentativa falha de demonstrar que eu estava bem – entrem fiquem à vontade.

Dei espaço na porta para que todos eles passassem e os conduzi até a sala de estar para que pudéssemos conversar. O celular já não se encontrava no campo de visão de Adriana, que agora, como o marido, analisavam cada detalhe do alojamento bem construído e decorado em que eu vivia com o meu melhor amigo.

Minha cabeça não conseguia raciocinar direito, eu estava totalmente robotizado apenas caminhando em uma direção já conhecida enquanto ecoava distantemente o som dos saltos de Margot e Adriana no material que revestia o chão.

Os três se acomodaram enquanto eu e Brendho continuávamos em pé, o mesmo possuía uma feição desconfiada que se misturava com um pouco de raiva, talvez pela minha atitude de ter deixado que eles entrassem e por saber tudo o que eu havia passado com relação aos dois. Fitei o mesmo que agora também possuía seu olhar fixo no meu procurando alguma reação.

— Teria como desligar a panela que está no fogo e servir algo para que bebam por favor? – Pedi.

— Tudo bem.

Em segundos o mesmo se retirou em direção à cozinha de onde vinha um cheiro bom, enquanto eu tomava coragem para me sentar na poltrona de frente para o sofá que acomodavam as três figuras.

Haviam muitas coisas que eu queria falar, gritar, chorar e espernear naquele momento, mas a única coisa que eu consegui fazer foi limpar a garganta e acomodar minhas mãos fortemente nos braços da poltrona.

— Seus pais chegaram de viagem hoje, vieram te fazer uma surpresa que pelo visto funcionou meu querido Andrew, estavam planejando isso a algumas semanas e pediram para que eu não dissesse à você. Imagino que esteja morrendo de saudade, já que nunca os vi por aqui durante o período em que você é estudante desta instituição – Margot parecia empolgada enquanto contava o que fora planejado para a chegada dos dois, enquanto revezava seus olhares entre mim e os senhores ao sofá, seu sorriso era radiante por achar que havia promovido um reencontro de uma família feliz.

— Eu vi o e-mail que a Adri... minha mãe, mandou hoje pela manhã, acabei respondendo durante a tarde após chegar em casa, pensei que não viessem logo no primeiro dia que desembarcassem... – desconversei.

— Você irá mesmo competir em um campeonato internacional de artes? – foi a vez da voz de Adriana ecoar me fazendo uma pergunta, era notório seu desconforto ao clima daquela situação.

— Irei – dei uma pausa com um suspiro pesado antes de continuar – como achei que vocês não viriam para logo de inicio, achei que seria melhor avisar que talvez não fossem me encontrar devido à competição.

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