Início das aulas, nunca gostei do primeiro dia de aula, pessoas novas, professores novos, salas diferentes. Tenho que me acostumar a uma nova rotina, felizmente é meu último ano na escola e então vou para faculdade. Meu pai sonha em me ver formada em direito. Não é o que quero, não desejo isso como desejo tanto ser uma atriz.
Amo atuar.
Gosto da sensação de despertar sentimentos nas pessoas, entreter. Por causa disso me escreverei nas aulas de teatro, será meu primeiro ano, decidi me arriscar mesmo meu pai não aceitando muito bem. Contudo, tenho minha mãe para ajudar. Meus pais estão separados cerca de quatro anos, as brigas eram intensas em casa até que o divórcio chegou, no meio disso tudo quem sofreu foi minha irmã e eu. Guarda compartilhada é uma droga!
O carro parou em frente ao colégio.
— Preparada? — disse minha mãe
— Nunca.
Estou sem ânimo para forjar um sorriso é dizer sim. Ontem ela não desconfiou da minha saída pois cheguei na madrugada. Estou com muito sono.
Desci do carro e me despedi antes de adentrar no mar de alunos.
Com fones nos ouvidos me distrai procurando minha sala, todos os alunos devem procurar sua rotina de aulas e eu estou com minha folha de planejamento em mãos, a aula de teatro é a que mais me agrada.
Senti um forte impacto em meu ombro direito, alguns livros caíram e meu fone foi arrancado, tudo me deixou assustada. Ao me recuperar tentei entender o que houve.
Droga! Mil vezes droga!
— O que diabos faz aqui? — minha ira transborda.
Aquele par de olhos azuis me encaram com a mesma intensidade de ira.
— Não tenho culpa se você não olha por onde anda, garota.
Minha vontade era de humilha-lo da mesma forma que fez comigo ontem. Ninguém nunca me deixou tão sem ação como ele fez.
— Não respondeu minha pergunta, o que faz aqui?
Abaxo pra pegar os livros e guardar o fone. Ele não mexeu um dedo sequer para me ajudar.
— Eu estudo aqui agora.
Meus livros caíram novamente.
— O que? — perguntei completamente pasma.
Não, por favor não. Que seja um sonho, ou melhor, um pesadelo.
Seus olhos analisam meu rosto. Não pode ser. Tudo menos isso.
— Você é louca. Seus livros caíram e está me encarando como uma débil.
Simultaneamente mudei minha feição.
Não sou débil — retruco deliberadamente.
Ele cruza os braços, seus músculos dilatam me chamando atenção. Puta merda.
— Você os deixou cair novamente, continuo com o pensamento de que falta um parafuso nessa cabeça — afirma com precisão.
Ele me ofendeu? Ele o fez! Agora estou embasbacada.
— E eu acho que você... — ele ergue uma sombrancelha. O que eu acho dele mesmo? — Que você é um... — idiota? Imbecil? O que Tessa? — Um débil também — meu Deus, como pude agir como criança? Céus!
Sua cabeça balançou, sua feição desdenhosa comprova o quão sem noção sou.
— Sua folha de planejamento está no chão, vá atrás da sua sala antes que se perca — disse.
Ele saiu deixando sua última palavra no ar, junto com seu perfume.
O que houve aqui? Eu fiquei sem fala, eu nunca fico sem fala.
Minutos depois estava em minha sala, ninguém conhecido ficou comigo no primeiro horário. No final das aulas todos vamos nos reunir para uma "conversinha" com a diretora, o mesmo de sempre: avisos que devemos saber e ser aplicado a risca durante o ano letivo. Ninguém segue suas instruções, suas regras são esquecidas tão pouco quanto são aplicadas. Se eu pudesse não iria mas é obrigatório.
Durante a manhã encontrei Nathan, na verdade não o encontrei, o observei. Por que ainda gosto dele? Por que ele ainda tem efeito sobre mim? Talvez seja porque foi meu primeiro namorado, meu primeiro amor. Onde erramos? Talvez seja por causa do desgaste.
Tudo que havíamos construído estava se esvaindo até que sobrou o nada. Desviei o olhar quando ele me flagrou.
Meus olhos pararam em Travis, ele estava sozinho em sua mesa no refeitório. O que me deixou impressionada foi o fato de está lendo. Sim, sua atenção esta voltada para um livro cujo a capa é impossível ver pelo fato de estar em cima da mesa. Agora estou confusa.
Ele me demostrou ser um cara que curte mais festa do que estudos.
As pessoas tem o péssimo hábito de criar uma personalidade para pessoas que nunca conheceu. Um erro que cometemos.
Me encontro sentada ao lado de Gabe e Alexander. Todos estamos reunidos no teatro, hora das regras da diretora.
Meus fones me privam de toda faladeira. De repente Gabe me cutuca.
— Ela não perde tempo.
Segui seu olhar para Patricia, que está flertando com Travis. Ele a encara com intensidade, nada de raiva ou rispidez como me encara. Ele parece gostar de como ela pisca demais os olhos ou lança olhares tímidos e sorrir como se estivesse constrangida. Ela quer que ele idealize uma pessoa totalmente diferente dela mesma, Patricia Hall tímida? Não nessa vida.
— Talvez assim ele não haja com tanta arrogância comigo — respondi para Gabe.
— Vai dizer que você não gostaria que ele te olhasse assim? — alex diz ao meu lado.
Meu rosto virou bruscamente em sua direção.
— Nunca na vida, e não diga uma baboseira dessas se ainda deseja ser meu amigo. Travis e eu não existe, é algo improvável, uma coisa totalmente coexistente. Nós dois? Nunca e jamais vai existir — posso ouvir minha voz sair com urgência e nervosismo.
Alexander e Gabe se assustam.
— Calma. Eu não falei por mal só disse o que qualquer garota aqui, com excessão de Gabe, gostaria de ser tratadas por Travis. Não precisa se desesperar, não é como se vocês fossem namorar, casar e ter filhos, pelo amor, né? — revira os olhos. — Isso acontece em filmes vida real é totalmente diferente.
Ele tem razão. Noto o quão desesperada pareci. Alexander ama brincar e eu estava tão absurda em ver Travis e Patricia que não me contive em exaltar minha frustração por Alex achar que eu gostaria de ter algum envolvimento com Travis.
Alexander logo voltou sua atenção para a diretora no palco, assim como Gabe fez.
Meu olhar recaiu sobre Patricia, ela nunca gostou de mim. Quando nos conhecemos achei ela muito legal, porém, ela não pareceu me ver com bons olhos. O porquê não sei, nunca tivemos uma conversa franca para eu poder saber a causa de sua frustração pessoal comigo.
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Anoitecer
RomanceAmor. Essa palavra é tão pequena mas carrega tanta coisa, coisa essa que ninguém consegue achar um significado específico para ele. Estou com raiva de mim mesma por ainda gostar do meu ex namorado, Nathan Morgan. Sim eu ainda o amo depois de três m...