As luzes estavam brilhando acima da minha cabeça e cobrindo toda a pista de dança, a música estava muitos tons acima do que eu esperava. Fazia muito tempo que eu não pisava em uma casa noturna, mas eu fui mais do que convencida pela minha amiga Debby de que eu deveria sair mais de casa e aproveitar minha juventude. Mas acho que estou virando uma jovem senhora de vinte e um anos, pois daria qualquer coisa para estar na minha cama assistindo mais um episódio da minha serie favorita.
Acho que sou a única nesse lugar que não estou dançando com um copo de drink na mão, pelo contrário, estou sentada vendo Debby se divertir dançando com caras desconhecidos. Ela nunca pareceu se diverti tanto, eu juro que tentei dançar quando chegamos aqui, há mais de quatro horas, mas eu não sei mais fazer isso.
-Oi linda, você quer dançar comigo? -Não sei por que em uma boate ninguém pode se sentar em um canto que logo chega alguém e prontamente se oferece para dançar.
-Não, obrigada. –Falei com educação a um carinha um pouco bêbado, quer dizer muito bêbado com uma carinha de anjo que me chamou para dançar.
-Nossa, linda esse foi o primeiro fora que tomei na noite, mas acho que não deveria tomar nenhum. Tem certeza que não que dançar?
-Sim tenho. Estou morrendo de dor. –Tentei faze-lo ir embora, não queria dançar e muito menos dançar com um cara que não estava nem em condições de ficar de pé. Já que ele não saía levantei, e fui ao encontro de Debby no meio da mais do que superlotada pista de dança.
-Debby. –Gritei sem ser ouvida por ela. –Debby. –Gritei de novo sem resposta. Esforcei-me para chegar ao seu lado. Quando consegui, tive que interromper a dança dela para avisar que estava indo embora.
-Mas já Cecília? –Ele me perguntou com uma carinha de quem ia me convencer a ficar. –Já. –Respondi a ela. –Fique, e se divirta por mim, desacostumei dessa barulheira, prefiro a calma do meu apartamento.
-Tudo bem amiga. Cuida-se, amanhã te conto como foi minha noite. –Debby grita para ser ouvida, por causa do som e com um malicioso sorriso no rosto.
A música vai diminuindo quando vou chegando mais perto das portas de saída e agradeço aos céus quando consigo chegar ao lado de fora da boate e respirar o ar puro da madrugada. Nossa como é diferente o ar puro. A noite está tão linda que resolvo caminhar até o meu apartamento que não fica muito longe daqui. Ando tranquilamente pelas ruas com o pensamento tão longe que nem reparo quando um carro vem correndo em minha direção e para bem ao meu lado.
-Ei garota que não quis dançar comigo. –Falou o cara bêbado que eu dei um fora na boate. –Você não quis dançar comigo, mas agora eu posso te levar pra casa? –Eu não iria entrar naquele carro com ele nem que ele estivesse sóbrio. Além de bêbado ele era um total desconhecido para mim. –E aí o que me diz coisa linda? O que me diz? Aceita a carona vai. Se você me quiser te levo até no céu é só você pedir. –Ele falou isso com um sorriso travesso no rosto.
-Não preciso de sua carona, sei chegar a minha casa sozinha, obrigada de novo. -Falei e saí andando, querendo chegar em casa o mais rápido possível. Ele saiu do carro e veio em minha direção segurando o meu braço.
-Me solta. –Berrei tentando me soltar do aperto dele inutilmente. –ME SOLTA!! –Gritei de novo, mas ele parecia não estar me ouvindo. Ele não estava me olhando mais com a carinha de anjo que estava na boate, mas com uma cara de quem não era boa coisa e de quem não queria boa coisa comigo. Comecei a gritar, e tentar chutá-lo sem nenhum êxito.
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Tudo pode acontecer
RomanceUma noite , uma boate , um salvador e tudo pode acontecer.