Nenhuma faz como você!

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2:07 da manhã. Eu olhava o relógio de minuto em minuto acreditando que resolveria alguma coisa. Eu estava cansada de esperar Ciro chegar em casa quase todos os dias da semana até de madrugada.

Cada dia era uma desculpa diferente. Reunião do partido, jantar com líderes importantes, muitas coisas para resolver... Grandes mentiras. No fundo eu estava sentindo algo de errado.

Ciro sempre foi um homem cobissado, mas ultimamente as coisas saíram do controle. Várias mulheres já tiveram a cara de pau de dar em cima dele na minha frente, me deixando furiosa enquanto ele apenas ria da situação. Um belo filho da puta convencido.

Eu estava prestes a explodir. Eu era completamente doida por ele em todos os apectos, mas era quase impossível manter um relacionamento sabendo de todos o seu passado em seus últimos relacionamentos. Eu estava quase chegando a conclusão de que ele havia nascido para ficar solteiro.

Finalmente, ouvi o barulho da chave girando na maçaneta. Ao abrir reparei em sua aparência, um pouco suado com alguns botões da camisa abertos, e cara de quem havia bebido alguns drinks, como sempre. Desliguei a televisão e juntei toda a raiva que eu estava sentindo, e antes mesmo que ele pudesse entrar em casa, eu comecei a gritar.
- Você sabe que horas são? Onde você estava? - fixei meus olhos nos dele esperando a resposta.

- Boa noite para você também querida. - ao dizer isto, ele se aproximou de mim.

- Você está tão brava, quer uma massagem para relaxar? - senti seus labios encostando em meu rosto, num beijo no canto de minha boca.

Eu quis morrer de ódio, minha vontade era de dar um tapa no seu rosto. A tranquilidade em seu olhar me deixava cada vez mais brava, e ele parecia ter controle da situação até mesmo quando era eu quem estava com a razão.

- Boa noite? Escuta aqui, Ciro... Todos os dias é a mesma coisa, eu estou cansada de te esperar até de madrugada. - gritei. Sua expressão ao ouvir minhas palavras continuava a mesma. - Que desculpa você vai usar hoje? Estava jantando até essas horas? Ou vai me dizer a verdade?

- O que você está insinuando com isso? - ele disse, enquanto tirava sua camisa andando em direção a cozinha. Eu o segui.

Ao chegar na cozinha, ele pegou um copo e a garrafa de whisky, e se serviu tranquilamente. Era como se eu não estivesse ali.

- Porque você não abre logo o jogo e diz que está tendo um caso? - eu tive a impressão de que ele ficaria furioso comigo, afinal ele sempre odiou minhas crises de ciúmes.

- Você está me acusando de algo muito sério. Você tem provas? - ele disse, e em seguida deu um longo gole na bebida.

- Ah... Quer saber? Eu não me importo, eu não sei porque um dia aceitei ter algo sério com você. Você está bêbado e acha que está certo ignorando tudo o que eu te digo. Amanhã a gente conversa.

- Espera aí. - deu o último gole em sua bebida e veio em minha direção.

Seus braços se apoiaram na pia, me cercando entre eles. Ciro olhou em meu olho por alguns segundos, acho que ele conseguiu perceber a fúria dentro deles. Eu tentei sair dali mas era impossível.

- Então você quer saber a verdade? - provocou.

- É o mínimo que eu mereço, você não acha? - arqueei minhas sobrancelhas esperando uma resposta.

- A verdade é que eu sou um homem público, tenho diversos compromissos importantes e eu não posso simplesmente ignorá-los. - sua voz era calma e seu olhar fixo no meu. Eu senti uma enorme vontade de cuspir em seu rosto.

- Ah, lá vem você e suas desculpas... Eu estou cansada disso. - tentei sair do meio de seus braços mas foi em vão.

Ele se aproximou do meu ouvido fazendo com que eu pudesse ouvir sua respiração, uma de suas mãos deslizaram pelo meu corpo, parando em minha cintura. Um minuto de silêncio tomou conta de nós dois e apesar de toda a raiva que eu estava sentido, aquilo me deixou sem reações possíveis. Ele era irresistível, e estava usando isso ao seu favor.

One Shots +18 [Ciro Gomes]Onde histórias criam vida. Descubra agora