The Ring

Um.

Era tão real que ele queria tocar. Um desvaneio de sua mente perversa (não muito), mas era também tão triste, Harry sentia um vazio sempre que estava naquele ambiente hostil, porque sim ele sonhava com aquele cenário fazia algum tempo, as vezes ele via o rosto de uma pessoa, um desconhecido, as vezes ele simplesmente via partes do corpo como se tudo aquilo fosse um borrão causado por alto consumo de álcool e aquele sonho em específico era um destes.

Ele não tinha consumido nem uma gota de álcool e ele sabia que tudo era um sonho pelo local tão vazio e melancólico, um nada, um vazio escuro com um resquício de luz azulada e um corpo bem ali no meio daquele nada. O corpo do jovem que ele conhecia tão bem mesmo sem conhece-lo, mas por hora, Harry não tinha visão dos seus olhos azuis, do contrário, ele tinha visão dos seus tênis tão desgastados e suas pernas encolhidas contra o seu estômago. Uma lágrima escorreu dos olhos verdes de Harry quando ele acordou. Era só um sonho.

Bom dia, cotidiano e uma segunda-feira, Harry tinha aula. Não foi acordado pelo seu despertador, mas sim pela bagunça que estava o seu quarto de faculdade e todo aquele griteiro nos corredores do dormitório quando não era nem sete em ponto ainda. O corpo magro de Harry se levanta e ele ainda está zonzo demais para raciocinar sobre o mundo real, ele ainda está hibernando entre a realidade e o sonho, ele coça a pinta que tem no queixo próximo a boca e boceja.

"Chegaram cartas pra você, Hazza." A voz afobada e enrolada do seu colega de quarta chama sua atenção. Niall Horan tem uma escova enfiada na boca um celular na mão com o visor aceso e na mão estendida uma bolada de papéis.

Recolheu as cartas com o mesmo animo anterior. Harry não sabia porque sua mãe simplesmente não desistia das cartas e se habituava a usar celulares, até porque ela podia simplesmente ligar para ele com facilidade, mas ao invés disso ela prefere ser tão romântica e antiquada, mas tudo bem, provavelmente as cartas tinham sido mandadas semanas antes, era sempre assim, até Londres, onde Harry estudava, os correios se atrasavam, mas isso o fazia remeter a sua infância e todas as cartas que ele esperava tão ansioso, mas agora quem estava na capital da Inglaterra era ele, realizando um sonho e estudando biologia enquanto morava em um dormitório maluco onde ninguém, absolutamente ninguém entendia todos os seus ideais naturalistas, mas isso também estava tudo bem, Harry gostava de pessoas diferentes, conceitos e novas ideias.

Ele sabe que as cartas devem estar falando sobre o dia-a-dia de Anne Styles e provavelmente de sua gata Dusty que foi deixava para trás pelo fato do dormitório não permitir animais e esse foi o maior sacrifício que Harry fez em sua vida, mas ainda que queira muito saber como sua companheira felina se encontra ele prefere fazer isso mais tarde em um momento só dele e do seu subconsciente, quando normalmente todo mundo foi jogar bola e tomar uma cerveja e a biblioteca da faculdade fica um silêncio tão gostoso que Harry quase não acredita que é real.

Não o entenda o mau, Harry Styles é um jovem-adulto mais para um idoso e isso não o incomoda e até onde ele sabe não incomoda os seus amigos do campus, então de novo: está tudo bem.

Quando ele decide se levantar são finalmente sete em ponto e ele tem que estar arrumado para a primeira aula do primeiro tempo, ele vai ao banheiro e escova os dentes tão preguiçosamente que irrita Niall que agora já está calçando os tênis e enfiando a mochila no ombro mesmo sem conferir se todo o material está dentro dela, ele faz isso todos os dias.

"Por que está todo mundo tão animado em uma segunda-feira?" Finalmente ele se pronuncia.

"Parece que tem uma guria nova na faculdade, recebi uma foto dela e..." Antes que Niall termine e ele mostre a foto como Harry sabe que ele vai fazer, seus pensamentos são: por que tem pessoas distribuindo fotos da nova aluna? Isso é tão desagradável. "Ela é muito gostosa."