Sao 5 da manha, o sol ja nasceu e eu estou aqui, sentada na minha secretaria a escrever as mesmas linhas de sempre, onde os meus olhos caem no rosto da mulher da minha vida deitada na nossa cama.. desvio o olhar para as folhas palidas mortas na minha frente..
*cara de anjo, e o que vejo quando acordo
Serenidade, e o que sinto quando olho para ela
Sim, essa mesmo, a que me leva a bordo
porque o meu coracao e so dela.*
Volto para a cama sem resistir, como se uma nuvem branca me chamasse para a sua transparencia.
Deitada ao lado da pessoa mais perfeita de todo o universo, fugiu-me um "amo-te" dos meus labios. Ela acordou com aquele sorriso que me derreteu de imediato tirando-me tambem um sorriso do meu rosto.
Acho incrivel todo aquele poder que ela tem sobre mim, o poder de me fazer ama-la cada vez mais. Dei-lhe um beijo de bom dia e fui para a cozinha com um sorriso parvo preparar-lhe o pequeno almoco para lh'o levar a cama. Um pouco de leite com cafe e bolachas, o habitual.. para termirar, uma dozia de morangos com uma rosa branca ao lado. Deitadas na cama tomava-mos o pequeno almoco, quando de repente ela pergunta-me com aquela voz doce de sono "Para que é a rosa amor, nao faço anos?" Eu sorri dei-lhe um beijo na testa e disse com os meus olhos nos dela "Nao há motivo maior do que festejar o facto de te ter na minha vida". Depois de uma manha romantica, eu voltava ás minhas linhas pretas e brancas.
*Rosa branca, sorriso perfeito
Voz doce que me deixa sem jeito
Porque a minha vida fica sem efeito
Se o meu mar que és tu fica desfeito*
Descontrolada no mundo transcendente continuava a escrever com os olhos a brilhar capazes de cegar algo de outro tom, algo depois da linha do limite comum.
*Sorte?
Foi ter-te encontrado
Foi teres entrado na minha vida e ficares do meu lado.
Sorte?
É existir um rumo com alguem.
É existir uma rota para fugir e nunca mais se vem
Sorte? Nao é algo, é alguem.
Ela tem o teu nome e o de mais ninguem.
Sorte?
Foi ter-me apaixonado por ti sem querer.
Mas medo, é no que sinto quando penso que te posso perder.*
Eram mais as vezes em que ficava a olhar para a tinta na ponta da caneta a escutar cada acorde que ela fazia fluir dos seus labios finos e ritmados do que própriamente escrevia. Deixava-me levar pelas notas que passavam por cada canto da casa, fechava os olhos e escrevia cega dos limites do papel. A luz calma e macia que entrava pela janela levava-me para o nosso canto onde eramos apenas nós as duas. Só eu e ela naquele mundo pequeno mas gigante aos meus olhos. Onde todas as linhas que escrevia conduziam me até ela. Eu nao escrevia por linhas tortas, limitava-me a escrever torto, limitava-me a escrever a rota que teria que seguir com ela do meu lado. "Mapa com destino do paraiso Onde a minha bossula é o teu sorriso Comigo levo-te apenas a ti, porque és só tu quem eu preciso" Por um pouco sai do meu ponto central desviando-me para as margens. "Tenho frio Sinto o meu corpo a tremer Tinha o dom de saber cuidar de mim, mas perdi esse poder. Tenho sede Os meus labios imploram algo quente .." A minha mao bloqueia sem traçar mais nenhuma letra quando a musica parou e ouvi uma voz vindo do quarto "amor, tenho fome. O que é o almoço?"