Sine Qua Non.

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O terceiro tapa fora acertado na face bela de Jeon Jungkook e consequentemente mais uma lágrima desceu pelos seus olhos escuros que já não possuíam mais o mesmo brilho que antes.

O garoto se sentia fraco tanto mentalmente como fisicamente. Estava desgastado e nem todos aqueles golpes que era dado em si se comparava às facadas que era as palavras da sua própria tia.

O Jeon nunca pensou que estaria em uma situação como aquela. Nunca pensou que seria alvo de alguém e muito menos que chegaria em um ponto de sua vida que iria apenas chorar e sentir medo.

Medo.

Essa era a palavra que poderia definir tudo que ele sentia no momento.

Medo de sua tia. Medo de si próprio e principalmente, medo de perder sua felicidade que tanto demorou para cultivar.

Se é que era felicidade. Talvez, essa palavra poderia ser muito forte.

E forte no sentido ruim.

E ele não era assim. Jeongguk nunca conseguiu levantar um dedo ou a voz para se defender.

Porém, se tentasse, era bem capaz de ser enterrado vivo, humilhado, espancado. Era bem capaz de estar a beira da morte.

Porque Jeon Sohin não tinha pena, ‘dó, amor. Jeon Sohin era puro ódio e raiva.

E ela descontava tudo nele.

No seu sobrinho que não fazia nada.

— Quantas vezes eu vou ter que dizer que não é para você aparecer aqui quando estiver alguém comigo? — por mais que ela não estivesse gritando, as palavras rasgavam o coração de Jungkook de uma forma sem igual.

Pelo visto não era só ele que tinha vergonha da sua pessoa.

— D-desculpa — pediu baixo, quase que não tinha forças para tentar dizer algo.

— Eu vou ser direta, — segurou com força o rosto do Jeon mais novo, estando este já maltratado pelas mãos da mulher — se você aparecer aqui novamente, eu não vou te bater — o aperto estava começando a ficar mais forte e a única coisa que Jungkook sabia fazer era chorar. Droga, porque ele tinha que ser tão fraco? — eu irei acabar com sua vida, garoto.

Em um piscar de olhos, outro tapa estalado fora atingindo em seu rosto. Sua pele queimava, assim como seus sentimentos.

‘Numa força quase que inexistente, o garoto se levantou do chão — que outrora havia sido jogado — e levantou correndo para seu quarto, se trancando ali no seu esconderijo.

No único lugar que teria paz.

Mesmo que a palavra paz já nem fizesse parte do seu dicionário e muito menos da sua vida.

Ignorando suas lágrimas, a explosão de sentimentos dentro de si e até mesmo seus pensamentos, Jungkook se dirigiu até uma escrivaninha que tinha em seu quarto.

Ela era rústica e de madeira, mas se lembrava muito bem quando sua mãe chegou com esse presente de algum lugar do mundo.

Eram essas memórias que o faziam permanecer forte.

Ainda com a visão embaçada devido às lágrimas que cobriam suas orbes, o Jeon pegou sua caneta preta tentando ao máximo fazer uma caligrafia legível para seu amigo, mesmo que na situação que ele se encontrava, aquilo era impossível.

Querido Jin hyung...

Oi, Jinie. Tudo bem? Você conseguiu recuperar a nota que estava precisando? Espero que sim.
Sabe, hyung, não queria ser egoísta e novamente só escrever sobre mim, mas a situação agravou. Eu sei que você deve estar cansado de mim e confesso que também estou.
Então… hyung, hoje minha tia me bateu novamente. Tá doendo. Doendo muito.
Estou com tanto medo…
Medo dela me dar mais do que tapas e murros.
E isso seria até melhor, Seok.
Sabe o porquê?
É porque eu não aguento mais.
Não aguento mais chorar.
Não aguento mais ser tratado como o bom nada que sou.
Não aguento mais a minha vida.
E sim hyung, um tiro doeria menos do que a tortura que eu passo todo dia.
Estive pensando…
Se ela não atirar em mim logo, eu mesmo iria fazer isso.
Entretanto, não faço.
Porque sou estúpido, fraco e inútil.
E também porque amo você e os meus pais, hyung.
Então, por favor, não desista de mim.
Você é o único que eu tenho agora.
Meus pais mesmo não estando aqui no mesmo país que eu, sinto que tenho a eles, mas tu, Kim, é o único que me ajuda de verdade.
Perdão por essa carta.
Perdão pelo o surto.
Perdão por eu ser assim.
Lhe peço perdão por eu ser Jeon Jungkook.

Revenge Make Demons • JIKOOK Onde histórias criam vida. Descubra agora