— AURORA! TRIAN! — Júlia gritou.
— JÚLIA! — Aurora gritou.
Eu estava do outro lado da fogueira, eu via tudo em câmera lenta.
Aurora pulou sobre um soldado, socou outro e tentou chegar até ela, mas não foi rápida o bastante.
— SOLTE-A! — Aurora gritava, mas Alec a ignorou. Ele agarrou Júlia pelo braço e, por mais que ela se debatesse, ela a arrastava.
— Trian! — Edgar gritou e eu consegui desviar de um golpe, Magno tentava me acertar com uma espada.
— Você vai morrer — ele me falou.
— Você já não disse isso antes? — perguntei bloqueando um chute e chutando com minha outra perna.
Outro soldado chegou por trás de mim, acertando meu braço com punhal de prata, minha carne queimou, me virei para ataca-lo. Mas antes que pudesse, um lobo gigante pulou sobre ele.
O cheiro de sangue estava me deixando louco, eu tentava não respirar para não senti-lo, mas ele entrava sozinho pelas minhas narinas.
— Todos mortos! — Magno ordenou e seus soldados gritaram. Os lobos uivaram, mostrando seus dentes e a batalha de verdade começou, sangue e corpos por todos os lados.
Eu estava tentando chegar até Júlia e Aurora, mas eu não conseguia, eu era o alvo principal. Meu assassinato era a prioridade.
Aurora chegou até eles, dando uma voadora em Alec, que caiu levando Júlia com ele. Júlia se debateu tanto, que conseguiu se soltar e correr. Ela vinha na minha direção. Alec tentou ir atrás dela, Aurora entrou na frente e eles lutavam.
— Ele está louco — Júlia me disse com lágrimas nos olhos.
— Você tem que sair daqui! — eu dizia, mas ela chorava, eu conseguia sentir a dor dela - Júlia, me escuta! Você tem que sair daqui!
— Eu não posso ir sem vocês — ela chorava.
— Vá com Edgar e Debby, eu não posso ir agora! Tenho que ficar e proteger os outros!
— Não posso perder vocês também. . .
— Você não nos perderá! Iremos atrás de você em breve!
— Venham comigo, eles também estão atrás de vocês!
— Eu não posso, é minha responsabilidade, eu tenho que ficar - eu disse e ela chorava mais ainda — Debby! Edgar! — eu gritei — Levem-na!
— Venha - Debby a puxou, Júlia estava acabada, chorava muito.
— Merda! — eu ouvi Aurora gritar.
Aurora tinha sido derrubada por Alec, ela quase tinha caído na fogueira, mas no último momento conseguiu escapar. Isso deu chance a ele de fugir.
— Deixe-a! — eu o interceptei — Vá embora Alec! Não precisamos passar por isso, de novo!
— Saia da minha frente Mestiço! Você não é problema meu! — ele vociferou.
— Alec, eu sei que você não se lembra de nada, mas isso não me impedirá de te matar se tentar algo com elas de novo! — toda minha raiva, toda a minha ira estava se acumulando, se transformando em força. Tudo o que eu tinha visto a Júlia passar nesse tempo, a dor nos olhos dela a segundos atrás. Tudo o que aconteceu com Aurora, as humilhações, as mortes que ela teve que presenciar, Alec quase a tinha matado a momentos atrás. Não me importava se ele tinha sido meu melhor amigo, quase um irmão, se ele não lembrava de nada do que tinha acontecido em todo esse tempo. Ele tinha se aliado há quem matou todos da minha família! Um dia eu confiei minha vida a ele, agora eu iria mata-lo!
— Vocês mentem! Tentam me confundir! — ele gritou enquanto tentava me acertar.
— Não somos nós que mentimos! Você olhou nos olhos dela, diga que não sentiu nada! — eu desviava de todos os seus golpes, ele mesmo havia me treinado.
— CALA-SE! Minha missão é matá-la! Vocês são problema dos vampiros! — ele não conseguia me acertar, ele realmente era o mais rápido, mas ele mesmo tinha me ensinado a escapar.
— Somos problemas dos vampiros, mas Aurora te deteve numa missão e mesmo assim você não a matou, mesmo podendo ter feito isso! Porque, no fundo, você nos reconhece! Você. . .
Eu não terminei de falar porque uma espada de prata atravessou meu ombro, tão rápido como ela entrou, ela saiu. Me fazendo cair de joelhos no chão. Alec demonstrou um momento de confusão, mas voltou a ficar sem expressão e disse:
— Eu disse que você não era problema meu — então ele se virou e saiu, indo atrás dela.
Eu me levantei o mais rápido que pude, meu ombro queimava tanto que a dor quase me cegava. Me virei e dei de cara com meu tio, que sorria diabolicamente.
— Olá, querido sobrinho — ele me disse.
— Me poupe da sua falsidade Grigore — eu cuspi em sua direção, acertando seu rosto.
— Isso foi muita falta de educação — ele disse limpando seu rosto - Sua mãe não te ensinou. . . verdade, você não teve mãe! — sua risada ferveu meu sangue.
— Seu porco imundo! — eu gritei, mas ele ria.
— Olhe em volta Trian — ele disse, ainda rindo — Eu venci. Seus amigos estão morrendo, depois dessa noite, não existirá nada que possa me impedir. O último obstáculo para que eu seja o Rei é a sua morte e daquela vampirinha estúpida, mas isso seu grande amigo Alec se encarregará.
Então ouvi Edgar gritar e o vi caindo, segurando a lateral do seu corpo, Debby, que estava caída mais adiante, correu para ajudá-lo. Júlia gritava enquanto Alec a tirou do chão e a levava para longe.
— Trian! — Aurora chegou até mim, ela também tinha lágrimas nos olhos. Ela também sabia que a Alec tinha levado Júlia. Só então ela viu que eu estava acompanhado - Grigore!
— Aurora, tão linda quanto a mãe, mas com o mesmo péssimo gosto para suas escolhas — eu a protegia com o corpo. Nós dois estávamos cansados e sujos de sangue. Meu controle estava acabando — Agora eu mato vocês dois e meus problemas se acabam.
Sei que você não deve estar entendendo o que está acontecendo, então deixe-me te contar como chegamos até aqui. . .
Preparados para o recomeço?
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MESTIZO - Rosa de Sangue
FantasyO que fazer quando seu mundo vira do avesso? Quando você descobre que todas as certezas da sua vida, não passam de mentiras? E quando a verdade é a única coisa que você nunca acreditou, sempre achou impossível? Meu nome é Trian, num dia eu era um...